sábado, abril 27, 2024

Cada macaco no seu galho

 

Todo dia, vemos uma notícia de um cachorro que atacou alguém, em algum lugar do mundo. E animais tidos como dóceis. Parece estar cada vez mais frequente e, muitas vezes, com mortes. Li uma notícia hoje, de uma cabeleireira que foi atacada pelo seu próprio cachorro (ver link ao final).

Cá para nós, essa aproximação que aconteceu entre humanos e animais domesticados, como os cães e os gatos, não é algo razoável. Pensar que esses bichinhos amam seus tutores é, no mínimo, pueril. O fato é que eles perdem sua autonomia e ficam dependentes do sustento que lhes damos - puro reflexo condicionado. Ou, sabe-se lá, se por algum tipo de regressão psicológica animal, ou, ao contrário, por se sentirem como tutores de seus tutores... não conheço psicologia animal e duvido que mesmo os tais especialistas conheçam a fundo.

Quando os animais são usados, sem crueldade, para ajudar à sobrevivência humana, acho aceitável, como evolução da natureza. Mas serem usados simplesmente para satisfazer os prazeres humanos, tais como o prazer de ter companhia, gostar que eles nos obedeçam (dominação), a impressão de afeto, de exclusividade... Isso não dá certo, chega uma hora em que eles mostram seus dentes e suas garras.

Além do mais, querer educá-los e interagir com eles como se fossem humanos não é normal. Chegamos a tal ponto que passamos a considerá-los mesmo nossos filhos. De donos ou proprietários, passamos a ser tutores! Ora, eles não são nossos filhos, a educação de cada espécie tem suas particularidades.

Na minha opinião, esta "humanização" dos bichinhos de estimação não passa de camuflagem inconsciente de um sentimento de culpa mal definido, pelo fato de os estarmos usando como objeto dos prazeres que citei acima. Eles são nossos escravos, presos pela perda de autonomia, pela dependência a nós que nós mesmos desenvolvemos neles.

No caso dos cães, no Brasil, além de nossos mesquinhos prazeres, o animal é escravizado para prestar serviços de segurança. Ai ai... ou melhor, au au.

~~~~~~~~~~~~~

Links relacionados:

Aumento de mortes por ataques de cães


quarta-feira, abril 24, 2024

Saint George

 

Português

23 April, Saint George feast. Hail Saint George!!!

The first Catholic saints were martyrs. A martyr is someone who dies in the name of his Christian faith. At that time (in the first centuries) recognition as a saint came through popular acclaim.

To this day, Saint George is acclaimed. Many legends were created around him, hence the artistic representation that spread throughout the world.

As a highly venerated saint in both Western and Eastern Christian churches, Saint George is linked to a large number of patronages throughout the world, and his iconography can be found on the flags and coats of arms of numerous cities, regions and countries.

Although he was "removed" from the Catholic Church's list of saints, it cannot be said that he did not exist. I remember when he was removed from the list, there was a general commotion around the world.

It is astonishing how someone can have the courage to suggest the hypothesis that he did not exist... persecutors of the Church within the Church itself? He has a documented history. He was martyred for the sake of Christ and is persecuted to this day by those who insist on doubting his existence. His glory in Heaven must be great!

~~~~~~~~~~~~

Related links:

Saints removed from the Liturgical Calendar

Saint George (Britannica)

Vatican News page about Saint George


terça-feira, abril 23, 2024

São Jorge

English

23 de abril, dia de São Jorge. Salve São Jorge!

Os primeiros santos católicos foram mártires. Mártir é aquele que morre em nome de sua fé cristã. Nessa época (nos primeiros séculos) o reconhecimento de santo vinha através de aclamação popular.

Até hoje São Jorge é aclamado. Criaram muitas lendas em torno dele, daí a representação artística que se espalhou pelo mundo todo.

Como um santo altamente venerado tanto nas igrejas cristãs ocidentais como orientais, São Jorge está ligado a um grande número de patrocínios em todo o mundo, e a sua iconografia pode ser encontrada nas bandeiras e brasões de várias cidades, regiões e países.

Apesar de ter sido "cassado" da lista de santos da Igreja Católica, não se pode dizer que ele não tenha existido. Lembro-me de quando ele saiu da lista, foi comoção geral no mundo inteiro.

Espanta-me quem tem coragem de aventar a hipótese de ele não ter existido... perseguidores da Igreja dentro da própria Igreja? Ele tem história documentada. Foi martirizado por causa de Cristo e é perseguido até hoje por quem insiste em duvidar da existência dele. Deve ser grande a glória dele no Céu!

~~~~~~~~~~~~

Links relacionados:

1969: Papa Paulo VI retira de cultos alguns dos santos mais populares da Igreja

São Jorge (Wikipédia)

Página do Vaticano sobre São Jorge


sábado, abril 06, 2024

Tout va mieux avec...

 

Português

English

Je regardais une conversation sur la culinaire, centrée sur les recettes de poulet, sur le profil Facebook d'un cousin, mais je n'y ai rien commenté, car je ne connais rien au sujet et le poulet n'est pas mon plat préféré.

Mais j'ai besoin de me nourrir.? Alors, s'il le faut, je mange de la viande de poulet, même si je n'aime pas ça. Je n'aime pas la viande de volaille en général. Sauf exceptions : du blanc de poulet râpé, sans odeur de poulet, c'est très bien. Une cuisse de poulet bien assaisonnée est également bonne.

L’apparence du morceau ne doit pas non plus me rappeler les cours d’anatomie. Si c’est le cas, je tombe dans un jeûne absolu. Certaines recettes de porc me donnent cette horrible impression, mais pas toutes. J'aime le porc, mais pas tous les jours.

La viande d'animaux sauvages ici au Canada, comme le cerf et l'orignal, ne m'attire pas non plus. C'est trop foncé et avec un goût trop prononcé.

Mon préféré est le bœuf. Que c'est brutal de dire quelque chose comme ça. Préféré à manger ! Non, je ne deviens pas végétarienne. Mais il vaut mieux ne pas se souvenir d'eux en train de paître, quand c'est l'heure de manger, ça me rend très triste.

Je suis devenue comme ça après avoir vieilli. Avant, j'étais plus vorace.

En tout cas, tout va mieux avec du riz et des haricots. Et avec la boisson gazeuse noire aussi. Things go better with...

~~~~~~~~~

Liens connexes :

Coco a pris des vacances


sexta-feira, abril 05, 2024

Things go better with...

 

Português

Français

I was looking at a conversation about cooking, centered on chicken recipes, on a Facebook cousin's profile, but I didn't comment anything there, because I don't know anything about the subject and chicken isn't my favorite dish.

But I need to nourish myself.? So, if necessary, I eat chicken meat, even though I don't like it. I don't like poultry meat, in general. With exceptions: shredded chicken breast, without chicken smell, is fine. A well seasoned chicken leg is also good.

The appearance of the piece must not remind me of anatomy classes either. If so, I fall into an absolute fast. Some pork recipes give me this horrible impression, but not all. I like pork, but not every day.

Meat from wild animals here in Canada, like deer and moose, don't appeal to me either. They are too dark and have a strong taste.

My favorite is the ox. What a brutal thing to say something like that. Favorite to eat! No, I'm not becoming a vegetarian. But it is better to not remember them grazing, when it's time to eat, it makes me very sad.

I became like this after I got older. I was more voracious before.?

Anyway, everything goes better with rice and beans. And with that black soft drink too. ???

~~~~~~~~~

Related links:

Coco took a vacation


Tudo vai bem com...

 

Français

English

Estava espiando uma conversa sobre culinária, centrada em receitas de galinha, no perfil de um primo, no Facebook, mas não comentei nada lá, porque sou nula no assunto e galinha não é o meu prato preferido.

Mas preciso me alimentar.?Então, se preciso for, eu como, mas não gosto de carne de galináceos. Nem de aves, em geral. Com exceções: peito de frango desfiado, sem cheiro de frango, desce bem. Uma coxa de frango bem despistada com temperos, sei lá, também é bom.

A aparência da peça também não pode me lembrar aulas de anatomia. Aí, pronto, sou acometida de um jejum absoluto. Algumas receitas de carne de porco me dão essa impressão horrorosa, mas não todas. Gosto de carne de porco, mas não todo dia.

Carnes de animais selvagens aqui do Canadá, como cervo e alce, também não me apetecem. São escuras demais e têm um gosto forte.

Meu preferido é o boi. Olha que coisa brutal falar assim. Preferido para comer! Não, não estou com tendências vegetarianas. Mas não posso me lembrar de vê-los pastando, na hora de comer, me dá muita pena.

Fiquei assim, depois de velha. Eu era mais voraz antes ?

De qualquer modo, tudo fica bom, tudo vai bem com arroz e feijão. E com aquele refrigerante pretinho também.  ???

~~~~~~~~~

Links relacionados:

Chocolate: o boizinho que tirou férias


terça-feira, março 12, 2024

Ce n'était pas Batman (version courte)

 

Português

English

À propos du besoin de moustiquaires... et pas seulement pour les moustiques!

Il était une fois une femme médecin qui était de garde dans l'hôpital et a été appelée le soir, pour voir un patient. Oui, c'était moi. J'ai examiné le patient dans sa chambre, puis je suis allée au poste de garde pour donner les directives à l'infirmière qui était là. À une extrémité du long comptoir, j'ai commencé à prescrire et à remplir des formulaires pour les tests que le patient devrait subir. À l'autre bout, l'infirmière était assise à côté du comptoir, en attendant la paperasse que je produisais.

L'hôpital avait des jardins intérieurs qui donnaient passage à d'autres ailes et départements. Il faisait très chaud. La porte du jardin attenant était ouverte, de même que la fenêtre de la pièce. Une brise nocturne circulait, agréablement, et atténuait la chaleur et les odeurs pharmaco-hospitalières.

Soudain, quelque chose de plus dense que la brise entre par la porte, en bruissant dans l'air – vuf, vuf. La pièce n'était pas grande, en un instant le monstre ailé est passé au-dessus de ma tête. Il ne m'a pas touché, mais j'ai ressenti le déplacement de l'air très proche et j'ai vu l'ombre de l'animal sur le comptoir où j'écrivais. Immédiatement, j'ai su que c'était une chauve-souris – et ce n'était pas Batman.

J'ai été prise par une peur incontrôlable. J'ai réussi, à peine, à réprimer mes cris, qui sortaient comme des gémissements étouffés. Déboussolée, je suis allée vers l'infirmière, je me suis accroupie à côté d'elle, en me rétrécissant le plus que je pouvais, presque en position fœtale, et j'ai protégé ma tête avec mes mains. Et, encore plus vexatoire, je crois que j'ai appuyé ma tête sur ses genoux – ma mémoire essaye d'effacer cette partie, mais je crains que ce soit vrai ?. L'infirmière est restée imperturbable, peut-être paralysée par ma réaction – une médecin qui est venu en aide à un patient et paniquée à cause d'une chauve-souris.

À ce moment-là, nous ne savions plus où était l'animal. J'ai retourné à ma chaise rapidement, très gênée, en essayant de retrouver ma dignité... ?. Pour compléter la scène, un jeune homme en uniforme du secteur d'entretien arrive, avec un énorme filet semblable à celui pour attraper des papillons et avec un long câble. Il a vérifié partout mais n'a pas trouvé la chauve-souris. Peut-être, était-elle sortie par où elle était entrée, ou pire, s'était dirigée vers d'autres pièces de l'hôpital.

Tout cela est très grotesque ! L'hôpital n'est pas un endroit pour chauve-souris! Pas non plus pour des moustiques qui transmettent des maladies, pas pour les moustiques point. Et je laisse d'autres cas "poilus" pour une autre fois...

Chaque fois que je me souviens de cet épisode, je me souviens aussi d'un autre, que l'humoriste brésilien Jô Soares a raconté sur Max Nunes, producteur de son émission et autrefois médecin, terrifié par les papillons de nuit. Selon l'artiste, il a passé une nuit entière dans la chambre d'un patient, car chaque fois qu'il ouvrait la porte pour partir, il y avait un papillon de nuit qui volait au couloir. Le patient n'a jamais eu un médecin aussi dévoué ! C'est très drôle l'écouter à raconter ce cas. Bon, au moins je suis en bonne compagnie dans mes peurs...?

Mais, s'il vous plaît, posez des moustiquaires si vous voulez laisser entrer de l'air !

Pour compléter:

Je n'ai pas trouvé la vidéo où Jô Soares raconte l'histoire, mais j'ai trouvé une avec la fille de Max Nunes, également dans une émission de Jô (en portugais):

https://globoplay.globo.com/v/1365252/

~~~~~~~~~~~~

Liens connexes:

Version longue

segunda-feira, março 11, 2024

It wasn't Batman (short version)

 

Français

Português

About the need of mosquito nets... and not only for mosquitos!

Once upon a time there was a doctor who was on duty and was called at night, in one of the hospitals where she worked. Yes, it was me. I examined the patient in his room, then went to the duty station to give instructions to the nurse who was there. At one end of the long counter, I began prescribing and filling out forms for tests the patient would have to undergo. At the other end, the nurse was sitting next to the counter, waiting for the paperwork I was producing.

The hospital had interior gardens which gave passage to other wings and departments. It was very hot. The door to the adjoining garden was open, as was the window of the room where I was. A night breeze circulated, pleasantly, and attenuated the heat and the pharmaceutical-hospital odors.

Suddenly, something denser than the breeze comes through the door, rustling in the air – whoosh, whoosh. The room was not big, in an instant the winged monster flew over my head, in a low-flying flight. It didn't touch me, but I felt the air moving very close and saw the animal's shadow on the counter where I was writing. Immediately, I knew it was a bat – and it wasn't Batman.

I was overcome by uncontrollable fear. I barely managed to stifle my screams, which came out like suffocated moans. Terrified, I went towards the nurse, crouched down next to her, shrinking as much as I could, almost in a fetal position, covering my head with my hands. And, even more embarrassing, I believe I was resting my head on her knees – my memory tries to erase this part, but I'm afraid it's true. The nurse remained impassive, perhaps paralyzed by my reaction – a doctor who came to help a patient, panicking because of a bat.

At that point, we no longer knew where the animal was. I quickly returned to my chair, very embarrassed, trying to regain my dignity... lol. To complete the scene, a young man in uniform from the maintenance department arrives, with a huge net similar to that for catching butterflies and with a long handle. He checked everywhere but couldn't find the bat. Perhaps, it exited the way it had entered, or worse, headed to other rooms in the hospital.

This is all very grotesque! A hospital is not a place for bats! Neither for mosquitoes transmitting diseases, nor for mosquitoes period. And let's leave other "hairy" cases for another time...

Every time I remember this episode, I also remember another, which the Brazilian comedian Jô Soares told about Max Nunes, the producer of his show and once a doctor, who was terrified of night butterflies. According to the artist, he spent an entire night in a patient's room, because every time he opened the door to leave, there was a night butterfly flying in the hallway. The patient has never had such a dedicated doctor! It's very funny listening to him recount this case. Well, at least I'm in good company in my fears...lol

But please put up mosquito nets if you want to let air in!

To complete:

I didn't find the video where Jô Soares tells the story, but I found one with Max Nunes' daughter, also in a Jô show (in Portuguese):

https://globoplay.globo.com/v/1365252/

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~


Não era o Batman (versão reduzida)

 

English

Français

Sobre a necessidade de telas... e não somente para os insetos!

Era uma vez uma médica que estava de plantão e foi chamada à noite, num dos hospitais onde trabalhava. Sim, era eu. Atendi o paciente no seu quarto, em seguida me dirigi ao posto de enfermagem para dar as diretivas à enfermeira que lá estava. Comecei a prescrever e fazer pedidos de exames, sentada de um lado da longa mesa. Na outra extremidade, estava sentada a enfermeira, aguardando a papelada que eu estava produzindo.

O hospital é daqueles que têm jardins internos, que dão passagem a outras alas e departamentos. Estava muito quente. A porta que dava para o jardim contíguo estava aberta, bem como a janela do recinto. Uma brisa notívaga circulava agradavelmente, atenuando o calor e os odores farmacêutico-hospitalares.

Eis que, de repente, algo bem mais denso que a brisa entra pela porta, farfalhando no ar – vuf, vuf. A sala não era grande, num instante o monstro alado passou por cima da minha cabeça, num voo rasante. Não encostou em mim, mas senti o deslocamento do ar bem próximo e vi a sombra daquele bicho sobre a mesa onde escrevia. Imediatamente, soube que era um morcego – e não era o Batman. Fui tomada por um medo incontrolável. Com muito custo consegui abafar meus gritos, que saíram como gemidos sufocados. Desabalada, fui em direção à enfermeira, me agachei ao lado dela, me encolhendo o máximo que podia, quase em posição fetal, cobrindo minha cabeça com as mãos. E, mais vexaminoso ainda, creio que apoiava minha cabeça nos joelhos dela – minha memória tenta apagar esta parte, mas receio que seja verdade. A enfermeira permaneceu impávida, talvez paralisada diante da minha reação – uma médica que veio socorrer um doente, em pânico por causa de um morcego.

Naquela altura, já não sabíamos onde estava o animal. Voltei para a minha cadeira rapidamente, envergonhadíssima, rindo sem graça, tentando recobrar minha dignidade... rsrsrs. Para completar a cena, entra um moço uniformizado, do setor de manutenção, empunhando uma rede parecida com aquelas de pegar borboleta, em forma de coador de café, só que enorme e com um cabo bem longo. Fez uma vistoria no local, mas não encontrou o morcego. Talvez, tivesse saído pela porta por onde entrou ou, pior, ido para outros cômodos do hospital.

Isso tudo é muito grotesco! Hospital não é lugar de morcego! Nem de mosquitos transmitindo doenças, nem de mosquitos ponto. E vamos deixar outros casos "cabeludos" para uma outra vez...

Sempre que me lembro desse meu vexame, lembro também de um outro que o Jô Soares contou sobre o Max Nunes, produtor do programa dele e médico, que tinha pavor de bruxas – aquelas mariposas, insetos assemelhados a borboletas, de voo noturno. Segundo o Jô Soares, ele passou uma noite inteira no quarto de um paciente, pois cada vez que abria a porta para sair, tinha uma bruxa voando no corredor. O paciente nunca teve um médico tão dedicado! Vocês podem imaginar o Jô Soares contando essa história, é de chorar de rir. Bom, pelo menos estou em boa companhia nos meus medos... rsrsrs

Mas, por favor, ponham telas nas janelas e segundas portas de tela, se quiserem deixar o ar entrar!

Para complementar:

Não achei o vídeo do Jô Soares contando o caso, mas achei um da filha do Max Nunes falando sobre isso, também em um programa do Jô:

https://globoplay.globo.com/v/1365252/

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Links relacionados:

Não era o Batman (versão original)


segunda-feira, março 04, 2024

Plaid cat

 

Français

Português

There was a game from times of my childhood, we could say from yesteryear :-), where we declaimed or sang little questions and answers, whose meaning I don't know, sometimes it seems like it was just to rhyme. This year, certain circumstances reminded me one of these games and I translated it. Luckily, I could find a rhyme :-)

"Once upon a time there was a plaid cat in the store. Do you want me to tell it once more?"

As winter approached, there was an excellent quality bed sheet set for sale here in Quebec. When we went to bed, we didn't have the feeling of a cold, damp sheet. It seemed like it was already hot in there. I don't know what material it was made of. The ones I had were already very old, I threw them in the trash.

I bought another one. I didn't find the old brands. I look for them everywhere, without success. I even went to the store where I had bought my old ones, in the town where I lived. There are only printed fleece models! Yes, they are made by that three dimensional printing technology.

Of this new type, there were few pattern options. I ended up choosing one with a red fitted sheet, a red and black plaid flat sheet, and a red pillowcase. I said to myself: it will brighten up, give color in winter. What a regret... :-)

From the first day, red and black fraying and pilling, similar to those that form on some fabrics, began to appear in every corner of the apartment, and not just the corners. These elements attacked mercilessly, sticking to my slippers, stockings and other clothing. I couldn't keep the floor clean, they seemed to proliferate. They were everywhere.

There is no wind inside the apartment, it is hermetically closed during winter. They are not living beings that reproduce... I hope not! :-) I don't have a plaid cat. So, it was me who carried them here and there. If anyone doubts that we are vehicles for the dissemination of microbes, here is the unpleasantly macroscopic proof! :-)

I thought to myself: The sheet set must be fading away. I checked, there was no sign of fabric loss. A mystery... hahaha.

What am I going to do? I've already done. I threw it in the trash! Next winter... Do you want me to tell you the story again? No, from that plaid cat, never again.


domingo, março 03, 2024

Un chat à carreaux

 

Português

English

Il y avait un jeu de mon temps d'enfance, on peut dire d'antan :-), où l'on parlait ou l'on chantait de petites questions et réponses dont je ne connais pas le sens, parfois, on dirait que c'était juste pour faire des rimes. Cette année, certaines circonstances m'ont rappelé un de ces jeux et j'en ai traduit un. Par chance, ça a fait des rimes aussi :-)

"Il était une fois un chat à carreaux. Veux-tu que je raconte de nouveau ? "

À l’approche de l’hiver, il y avait à vendre ici, au Québec, un ensemble de draps d’excellente qualité. Lorsqu'on allait se coucher, nous n'avions pas la sensation de drap froid et humide. Il semblait qu'il faisait déjà chaud là-dedans. Je ne sais pas de quel matériau il était fait. Ceux que j’avais étaient déjà très vieux, je les ai jetés à la poubelle.

J'en ai acheté un autre. Je n'ai pas trouvé les anciennes marques. J'ai cherché partout, en vain. Je suis même allée au magasin où j'achetais à la ville où j'habitais. Il n'existe que des modèles en molleton, imprimés ! Oui, la technologie d'impression en trois dimensions.

De ce nouveau type, il y avait peu d’options de motifs. J'ai fini par en choisir un avec un drap-contour rouge, un drap plat à carreaux rouges et noirs et une taie d'oreiller rouge. Je me suis dit : ça va égayer, donner de la couleur à l'hiver. Quel regret... :-)

Dès le premier jour, des effilements et des bouloches rouges et noires, semblables à celles qui se forment sur certains tissus, ont commencé à apparaître dans tous les coins de l'appartement, et pas seulement dans les coins. Ces éléments attaquaient sans pitié, se collant à mes pantoufles, bas et autres vêtements. Je ne réussissais pas à garder le plancher propre, ils semblaient proliférer. Ils étaient partout.

Il n'y a pas de vent à l'intérieur de l'appartement, tout est hermétiquement fermé durant l'hiver. Ce ne sont pas des êtres vivants qui se reproduisent... J'espère que non ! :-) Je n'ai pas de chat à carreaux. C’est donc moi qui les transportais ici et là. Si quelqu’un doute que nous soyons des véhicules de dissémination de microbes, en voici la preuve, désagréablement macroscopique ! :-)

Je me suis dit: l'ensemble de draps doit être en train de se défaire. J'ai vérifié, il n'y avait aucun signe de perte de tissu. Un mystère... hahaha.

Qu'est-ce que je vais faire ? J'ai déjà fait. Je l'ai jeté à la poubelle ! L'hiver prochain... Veux-tu que je raconte de nouveau ? Non, de ce chat à carreaux, plus jamais.


segunda-feira, fevereiro 12, 2024

O vice-versa das coisas

 

Já escrevi sobre Guimarães Rosa - que audácia a minha -, trechos salpicados no Facebook, já faz um bom tempo. Que me perdoem os entendidos, incluindo ele próprio, onde quer que esteja. Estou resgatando alguns temas para os meus apontamentos.

O tema é sobre o famoso escritor mineiro e o seu Grande Sertão: Veredas em lista de grandes autores que ninguém lê (Ten Great Writers Nobody Reads - ver link ao final do texto), apesar de estar nos "Top 100 books of all time", em votação por escritores internacionais! E colocado na categoria: "A writer whose work is nearly impossible to translate".

Realmente, é uma linguagem difícil de compreender até para nós, mineiros. E olha que, na minha profissão, eu ouvi, durante anos a fio, gente oriunda de várias “veredas” do sertão mineiro, com seus linguajares, falando coisas do fundo de suas almas (penso que médico ouve confissões quase tão profundas quanto as que são confiadas aos padres).

Diga-se de passagem, não é esse "mineirês" de redes sociais. 

Há muitos neologismos no texto – intuitivamente compreensíveis – típicos do jeito de falar do sertanejo de Minas, mas muitas palavras ali não são inventadas; são erudições e arcaísmos que ficaram guardados no coração do sertão, sem contato com as cidades. Tem muito disso aqui no Québec, com relação à França, palavras antigas que os franceses não usam mais.

Sem dúvida, é uma obra riquíssima, não só pelos temas que aborda, mas também pela riqueza linguística, através da qual o leitor pode tentar desbravar a alma dos personagens; o livro focaliza um povo, mas é, ao mesmo tempo, universal. Entretanto, a porta de acesso para entrar nesse universo, profundamente, é a linguagem, com suas rudezas, sutilezas... e silêncios - tão singulares! - que tornam a obra intraduzível, no meu ponto de vista.

O tradutor precisaria ter vivido duas vidas numa só, para conhecer a fundo, não como um “expert”, mas como um “insider”, tanto a língua e linguagens da obra original quanto a língua e linguagens da tradução.

Para falar a verdade, podem até achar que é blasfêmia de minha parte, mas o “Grande Sertão: Veredas“ estar entre os "Top 100 books of all time", em votação feita por escritores internacionais, soa "A Roupa Invisível do Rei". O que até reforça a sua grandiosidade. Fico admirada de ter conseguido esse “status”, certa que estou de que nenhum “outsider” possa ter sido capaz de apreciá-lo na sua integralidade. Devem ter lido alguma explicação bem didática. Que bom, então!

Há algo genial nessa obra: colocar o leitor intelectual, filósofo, homem de estudos enfim, com uma certa dificuldade para entender a linguagem do homem do sertão - o vice-versa das coisas. Cada qual com seu linguajar, diferente em suas nuances, mas com todas as “intelectualidades” que lhe são comuns, mostrando, se dúvida existe, que estão - o estudado e o sertanejo - em inquestionável pé de igualdade; são humanos, com as suas angústias existenciais.

~~~~~~~~~~

Links relacionados:

Ten Great Writers Nobody Reads

Guimarães Rosa entrevistado por Walter Höllerer em Berlim

João Guimarães Rosa - Entrevistado por Günter Lorenz


domingo, fevereiro 11, 2024

Gato xadrez

 

Français

English

"Era uma vez um gato xadrez. Quer que eu conte outra vez?"

Quando o inverno se aproximava, havia à venda, por aqui, um conjunto de cama de excelente qualidade. Quando a gente ia se deitar, não tinha aquela sensação de lençol frio e úmido. Parecia já estar quentinho. Não sei de que material era. Os que eu tinha já estavam muito velhos, já me desfiz deles.

Comprei outro. Daquelas marcas antigas, não consegui encontrar. Procurei por ceca e meca, em vão. Cheguei a ir à loja onde costumava comprar, na cidade onde morava. Só há modelos de moletom impressos! Sim, a tal tecnologia de imprimir em três dimensões.

Desse novo tipo, havia poucas opções de estampas e motivos. Acabei escolhendo um cujo lençol é vermelho, o virol xadrez vermelho e preto e a fronha vermelha. Pensei, cá comigo, vai alegrar, dar cor ao inverno. Se arrependimento matasse... :-)

Desde o primeiro dia, começaram a aparecer, em todos os recantos do apartamento, e não só nos recantos, bolotinhas e fiapos vermelhos e pretos, semelhantes àqueles que se formam em alguns tecidos. Estes elementos estavam atacando, sem dó, grudando em minhas pantufas, meias e outras peças do vestuário. Não conseguia manter o chão limpo, eles pareciam se proliferar. Estavam por todo lado.

Não venta dentro do apartamento, fica tudo hermeticamente fechado durante o inverno. Não são seres vivos que se reproduzem... Espero que não! :-) Não tenho gato xadrez. Então, era eu mesma que os transportava aqui e ali. Se alguém tem dúvida de que somos veículos de disseminação de micróbios, eis aí a prova desagradavelmente macroscópica! :-)

Pensei, o conjunto deve estar se desfazendo em pedaços. Verifiquei, não havia sinal nenhum de perda de tecido. Um mistério... hahaha.

O que vou fazer? Já fiz. Joguei fora! No próximo inverno... Quer que eu conte outra vez? Não, desse gato xadrez, nunca mais.


quinta-feira, fevereiro 01, 2024

Humildade necessária

 

Já ouviram alguém questionar sobre a felicidade eterna? Como poderia ser isso? É mais fácil duvidar de algo de que não se faz ideia do que seja, do que acreditar na revelação divina. Isso parece - parece! - evidente.

Nossas palavras são limitadas ao que pensamos e nosso pensamento é produto da matéria de que somos formados, do que percebemos com os sentidos. Logo, é praticamente impossível descrever ou imaginar algo para além do universo que conhecemos ou conheceremos, por nós mesmos ou através das ferramentas que inventamos.

Por via de regra, repito, experimentamos somente aquilo que nossos sentidos captam diretamente ou através de instrumentos que inventamos. A tendência óbvia é de nos contentarmos em pensar que nada pode haver além disso. É assim que, na prática, nossa instrução científica tem funcionado ao longo da existência humana; mesmo que possamos partir de uma hipótese para chegar a uma comprovação final, tudo está limitado ao que podemos experienciar.

Além disso, sentimos um inegável e evidentemente justificável "apego a essa nossa prisão" - cheia de atrativos, é verdade. Sentimos tristeza ao pensar que deixaremos essas alegrias e prazeres transitórios que nos acometem e, claro, dependemos desse "vale de lágrimas" para sobreviver.

Inenarrável, no entanto, se anuncia o estado de pleno gozo na presença de Deus, causando um estado de constante louvor a Ele, também inefável, pois que dentro de uma categoria fora do que nos é dado conhecer, agora, pelos nossos sentidos.

Por que estou a escrever tudo isso? "Bora, gente" :-). Vamos rezar e pedir mais fé, pessoal! Isso não nos impede de continuar desbravando e tentando conhecer melhor o nosso lindo universo, com a preocupação de tornar mais amável nossa vida comum - amor ao próximo -, com a humildade necessária, que nos enobrece e santifica.


terça-feira, janeiro 16, 2024

Parle, Seigneur, ton serviteur écoute !

 

Église de Saint-Jean-Baptiste
à Notre-Dame-des-Neiges, QC
Canada
Português

1Samuel 3, 10 « Parle, Seigneur, ton serviteur écoute. »

Pour publier ma photo de dimanche sur les réseaux sociaux, je me suis souvenue d'une jolie petite église que j'avais photographiée. Je pensais que son nom était Notre-Dame-des-Neiges. C'est pour ça que j'ai pensé à elle, parce qu'il neige ces derniers jours. Mais c’est la ville où elle se situe qui s’appelle ainsi. L'église est nommée Saint-Jean-Baptiste !

J'ai pris cette photo en 2019. Nous étions sur la route et je ne l'aurais pas vue si Léo ne m'avait pas averti d'avance. L'église est presque cachée dans un recoin, celui qui ne sait pas, passe tout droit. Léo savait, il a ralenti et m'a dit de rester prête pour la photo. Et voilà, j'ai pris cette jolie église en photo grâce à Léo. Je pense qu'il s'amusait autant que moi, avec ma passion pour prendre des photos d'église :-)

Il neigeait et il ventait beaucoup après la fin de la messe, dimanche passé. Je suis rentrée chez moi à pied, essayant de protéger du froid mordant la seule partie de mon corps qui était découverte, mon visage. Je tirais le capuchon de mon manteau d'hiver vers l'avant tout en évitant les flaques de glace très glissantes.

Les lectures de la liturgie résonnaient dans ma tête. Dieu qui appelle Samuel, en première lecture, et l'évangile qui mentionne saint Jean le Baptiste (oui, Saint-Jean-Baptiste... les coïncidences... ) indiquant Jésus à deux de ses disciples, l'un d'eux, André, frère de Pierre. Ils suivent Jésus qui, se tournant vers eux, leur demande : que cherchez-vous ?

Voici le lien vers la liturgie de la parole de dimanche passé :

Liturgie de la Parole de dimanche, 14 janvier 2024

Pour nous aider à comprendre les lectures, voici l'homélie de Mgr Gaétan Proulx (Le Jour du Seigneur, Radio-Canada) :

Homélie de dimanche, 14 janvier 2024

De quoi à réfléchir...

~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Une légende à propos de l'église:

Une légende veut que, selon l'avis de leur curé, les paroissiens indécis quant à l'emplacement du site de l'église entament une neuvaine afin d'être éclairés et que, au neuvième jour, une plaque de neige de forme carrée, inhabituelle au mois d'août, aurait constitué la réponse du ciel.

Légende 5


Dimension spirituelle

 

Português

J'ai pris ces notes en regardant un excellent documentaire à propos de Viktor Frankl (« Além da liberdade » - voir à la fin, dans les liens connexes).

Très enrichissant de connaître un peu l'histoire de quelqu'un qui a remis en question les maîtres et les mythes, avec tout respect. J’admire beaucoup cette immunité aux idolâtries que possèdent certaines personnes, ce qui leur permet d'avoir un meilleur discernement. Dans le silence de mon insignifiance, je m'identifie à cette « rébellion » pacifique, même s'il n'y a pas de comparaison avec l'expérience de Viktor Frankl.

Son témoignage, en tant que psychiatre et grand connaisseur de l'espèce humaine, est également admirable, à mon avis, pour reconnaître une valeur plus élevée et intrinsèque à l'humanité.

~~~~~~~~~~~~~~

« Viktor Frankl n’était pas d’accord avec l’image très nihiliste de l’homme. Tant à l’université que dans sa relation avec Freud, il a été confronté à une image de l’homme qui n’était rien d’autre qu’un ordinateur amélioré. Rien de plus qu'un singe nu. Toujours une dévalorisation de l’humain, une réduction aux pulsions qui dépendent du lieu et de la manière dont il a été élévé. Cela l'a beaucoup tourmenté pendant un moment. Et après avoir réalisé que c'était destructeur, il ne pouvait que penser : « Ce n'est pas correct. » C'est une fausse image de l'homme. L'homme est plus que l'on ne pense. Et puis il est arrivé à cette idée de dimension spirituelle. De sa frustration de voir cette dimension être refusée à l'homme, de voir l'homme réduit à l'état d'animal, tant par ses professeurs que surtout par Freud. De ce fait, il a développé une image plus digne, reconnaissant en elle cette dimension spirituelle, ce don spirituel. »

- Elizabeth Lukas, logothérapeute, amie de Frankl.

~~~~~~~~~~~~~~

Après avoir été libéré du camp de concentration à la fin de la guerre, il est retourné à Vienne et a ressenti le vide laissé par tout et tous ceux qu'il avait perdus. Il a pensé qu'il ne vivrait plus longtemps.

« Avec mon mauvais pressentiment, je feuillette les Psaumes et lis : Espère en l’Éternel! Fortifie-toi et que ton cœur s'affermisse!

Espère donc en l'Éternel, ô mon âme! »

~~~~~~~~~~~~~~

« L'homme, grâce à sa dimension spirituelle, peut trouver un sens à chaque situation de la vie et y apporter une réponse appropriée. »

- Viktor Frankl, médecin autrichien, neurologue et psychiatre, survivant des camps de concentration nazis.

~~~~~~~~~~~~~~

Liens connexes :

Além da liberdade - Original Lumine

Interview with Viktor Frankl - in English