domingo, julho 31, 2022

Ma sœur

 

Maria Leonídia
*23/04/1950
+29/04/2001
Português

À mon avis, il y a des personnes qui naissent deux fois, sans l'ombre d'un doute. L'une d'elles est ma sœur. Leonídia est née dans ce monde dans lequel nous vivons le 23 avril 1950 et est née de nouveau, mais au monde du bonheur absolu, le 29 du même mois, 51 ans terriens plus tard.

Elle était quelqu'un de spéciale. Dans notre noyau familial, c'était l'un des piliers les plus solides que nous ayons eus. Sœur responsable et zélée, elle a aidé à nous tous. Fille exemplaire, elle s'est dévouée sans relâche au bien-être de ses parents.

Elle avait une intelligence rare et une vaste culture ; elle connaissait les courants philosophiques, idéologiques, théologiques, littéraires, juridiques ; je ne peux pas énumérer tout ce qu'elle savait... Elle réussissait tous les examens pour admission à n'importe où. Partout où elle allait, elle était respectée et très appréciée, non seulement pour ses connaissances et sa grande compétence, mais aussi pour sa finesse d'esprit et sa civilité à toute épreuve.

Mais elle ne trouvait pas d'importance à son succès. Je me souviens toujours, avec un certain sentiment de culpabilité, qu'elle n'a pas voulu chercher des photos de sa graduation en Droit à la Université Fédérale de Minas Gerais (UFMG), ayant reçu plusieurs prix, dont le plus important, le Prix Rio Branco (1977, cliquez ici). J'aurais pu acheter les photos. Celles que nous avons sont de sa graduation à la Faculté de Lettres. Médailles, elle en possédait plusieurs, qu'elle remporta au cours de sa vie, bien cachées, vouées à l'oubli. Sa modestie était d'une nature non négociable. Nous avons souvent appris ses réalisations dans la profession à travers d'autres personnes, car elle ne se vantait de rien.

Ce qui était vraiment important pour elle, c'était le témoignage de la foi. Je pense que le travail qu'elle aimait le plus était de catéchiser les enfants et les adultes. Les week-ends, au lieu de se reposer, elle allait travailler pour notre paroisse et la seule récompense était la joie d'enseigner l'Amour prêché et transmis par Jésus.

Si elle vivait encore parmi nous, elle ne voudrait pas lire ce que j'écris, je le sais. Elle n'avait pas de vanités. Mais je dois lui rendre hommage, je l'admire et la remercie beaucoup pour tout ce qu'elle a fait pour nous.

Ce texte n'est pas à la mesure de la grandeur de son âme, mais peut-être l'aimerait-elle maintenant que nous nous souvenons de prier pour elle ou de demander son intercession auprès de notre Sauveur. Elle s'est déjà occupée de moi quelques fois, dans des situations où j'étais en souffrance, ce qui est quelque chose d'inhérent à notre vie ici, dans ce monde. Autant j'essaie d'interpréter rationnellement comme "pensée magique" les cas dans lesquels j'ai ressenti qu'elle intercédait pour moi, autant je ne peux pas réduire la consistance des faits au simple hasard.

Mais ceci devient trop triste, ce qu'elle n'était pas. Je viens d'avoir un flashback souvenir de ses rigolades. Je vais défaire mon froncement de sourcils, j'imagine que, là où elle est, elle doit trouver tout ce verbiage primitif très drôle. Plus risible que les comédies qui la faisaient rire aux éclats. Si nous voulions rire, tout ce que nous avions à faire était de regarder une émission comique ou un film, avec elle, et on se dilatait la rate.

Tiens, c'est ainsi que je veux me souvenir d'elle aujourd'hui, avec une grande joie pour la chance d'avoir vécu avec elle pendant de si bons moments.

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Liens connexes:

La petite étoile

O Prêmio Barão do Rio Branco (Maria Leonídia, 1977)

Em família

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sexta-feira, julho 22, 2022

Reescrever - nas Planícies de Abraham

 

Français

Escrevi este texto há muito tempo, quando participei de um grupo convidado pela antiga KBR Editora, liderado pela escritora Noga Sklar. Os personagens são fictícios. Hoje, o reescrevi com algumas adaptações e modificações. Lembrei-me da minha irmã, que redigia magnificamente, e me deu o seguinte conselho: escrever é a arte de cortar palavras... que não são necessárias, claro. Não me lembro de quem é o autor dessa frase. Segui o conselho, cortei palavras, até parágrafos inteiros 😊

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"A identidade dela sou eu."

A cidade de Québec nos mergulha numa sensação do universal, como se fosse a história de toda a humanidade e de cada um de nós. É como ir a Ouro Preto, percorrer o passado que nos forjou; é revisitar histórias que traçaram nosso destino e viraram vitrine de nós mesmos. Nem sempre nos orgulhamos de tudo o que aconteceu ali, mas não podemos mudar o passado. Há, pelo menos, tantos sonhos de justiça que viveram naquelas construções sólidas, na arquitetura da nossa ancestralidade.

Há um fascínio especial em caminhar pelas Planícies de Abraham, sobretudo quando sabemos que foram palco de batalhas que decidiram o futuro do Canadá. Impossível andar por ali sem pensar nisso, apesar de hoje ser um parque que nos transmite tanta paz.

Absorta nesses pensamentos, estava eu passeando no parque, numa manhã de domingo, desses de céu azul, azul, sem nuvens. Cheguei cedo para desfrutar do silêncio. Enquanto a cidade parecia ainda adormecida, o parque não dormia. Como sempre à escuta, oferecia seus mimos aos visitantes. Pequenos passarinhos, com sua habitual retórica, também lá estavam, balbuciando saudações matinais.

A natureza estava especialmente eloquente naquele dia. As folhas outonais, já caídas em grande número, estalavam esmagadas pelos meus passos, e aquelas que ainda estavam presas aos galhos das árvores resistiam ao vento e murmuravam velhas histórias de memórias distantes, ao sol tépido da manhã. Sentei-me em um banco no alto do parque, de onde podia admirar a beleza da paisagem, tendo diante de mim a vastidão do Rio São Lourenço, bom pano de fundo para o livro que queria ler.

Mal comecei a primeira página e percebi que chegava uma pessoa; com certa hesitação, sentou-se num banco quase em frente ao meu, de costas para o rio. Era um senhor idoso, pensei, e logo me corrigi: se o considero idoso, ele deve ser bem velho, pois idosa já estou eu, mesmo que na cabeça ainda me sinta jovem. Quando finalmente se sentou, levantei os olhos discretamente para vê-lo melhor e, um pequeno sobressalto, ele também me olhava, com um ligeiro sorriso. Sorri, também, e gaguejei um bom-dia. Ao que ele me respondeu que eu tinha a melhor vista do parque sentada naquele banco, que era seu favorito. Mais que depressa levantei-me e cedi-lhe o lugar, dizendo que minha intenção era ler, onde quer que eu ficasse seria bom.

Há espaço para todos, se não se importar — disse ele, vindo sentar-se ao meu lado. — A senhora é madrugadora, chegou antes de mim.

Desculpe-me, estou de passagem, não moro na cidade — retruquei, tentando ser amável e, ao mesmo tempo, tranquilizando-o quanto ao fato de que o lugar no banco não seria ocupado todos os dias.

Ele continuou sua conversa, que parecia mais um relatório de vida, fazendo-me concluir que não conseguiria avançar muito na leitura. Mas não me importei; ele parecia simpático e inofensivo e, visivelmente, estava precisando conversar.

Depois que me aposentei, venho quase todos os dias respirar o ar puro do parque. Às vezes, eu vinha com minha esposa, antes da doença.

Ficou pensativo por um momento e prosseguiu:

Hoje, penso naqueles tempos felizes da nossa juventude. Minha mulher e eu vivemos em tempos mais difíceis, não havia todos os recursos que há hoje para criar uma família, mas as preocupações eram todas superáveis. Depois, momentos dolorosos vieram, pois perdi minha companheira na batalha pela vida. Justamente eu, médico, que salvei a vida de muitos, não pude fazê-lo para a pessoa que amava tanto. Mas tenho a sensação de missão cumprida, porque estive sempre ao seu lado para confortá-la e dar-lhe o meu amor…

Após a morte de sua doce companheira, ele vendera a casa onde moravam e, como tantas outras pessoas da sua idade, optara por morar em um apartamento, num edifício desses construídos para abrigar idosos que ainda são capazes de cuidarem de si próprios. Ali ele esperava continuar, sem incomodar ninguém, até que viesse o momento de se juntar à sua querida.

E acrescentou:

Desculpe-me incomodá-la com minhas histórias, por favor, continue sua leitura; tenho um compromisso, estou esperando alguém, não demorarei muito por aqui hoje. Dizendo isso, recostou-se, como quem não tem pressa.

Consegui ler algumas poucas linhas, enquanto o meu vizinho de banco cochilava. Aos poucos, outras pessoas chegavam ao parque, podia-se ouvir os gritinhos e as risadas alegres das crianças. Minha concentração na leitura esvaiu-se completamente no voo de dois lindos gaios azuis, que soltavam seus gritos com pleno vigor. Uma pequena rajada de vento cobriu nosso banco de folhinhas miúdas, como uma chuva de estrelas douradas. Pensei que, com tudo isso, o nosso dorminhoco acordaria, mas não, ele devia estar acostumado.

O sol preguiçoso de domingo se levantava e aquecia o parque. Olhei para as árvores em volta e percebi que as cores já tinham mudado muito. Havia vermelhos em vários tons, havia amarelo e laranja, verdes ainda vários… As folhas estavam brilhantes, pareciam ter luz própria. O outono estava em sua plenitude, o ciclo da vida seguia sua jornada com muita graça e, acima de tudo, sem sofrimento. Identifiquei-me com a natureza, tive a impressão de integrar-me a esse cenário esplêndido e completo em sua dimensão cíclica. Por alguns instantes, não senti necessidade de me fazer perguntas, compreendi e aceitei minha condição humana intuitivamente.

Um grande suspiro reteve a respiração do senhor ao meu lado por tanto tempo que ele acordou de seu cochilo, assustado. E percebeu uma lágrima descendo de seu olho esquerdo, sem o seu consentimento… Uma lágrima pesada, que seus dedos enxugaram instintivamente.

Neste momento, ouvimos os gritinhos alegres de seus netos o chamando, e ele me explicou que era seu filho mais novo que vinha buscá-lo, acompanhado de sua nora e netos; todos pareciam radiantes com o encontro. Apontando para Jérôme, o neto mais novo, ele disse: este tem os olhos suaves de minha mulher. E voltando-se para Marie-Ève, contou-me que ela também tinha herdado algo de sua avó: o mais belo sorriso do mundo.

Era hora de partir para a sua reunião dominical com a família. Tomou Jérôme nos braços e Marie-Ève deu-lhe a mão — seu filho e sua nora caminhando na frente, o avô atrás, com os netos e muitas histórias, lá se foram eles lentamente, deixando no parque vestígios radiosos de vida.

Compreendi a serenidade daquele homem. Ele teve a chance de viver num mundo civilizado que ajudou a edificar. Apesar de todas as dificuldades que teve que enfrentar, tinha feito a sua parte, tanto profissionalmente como em família. Seus filhos tinham sido bem educados, escolhido bem suas companheiras e estavam transmitindo essa boa herança para seus netos. Ele havia ajudado a povoar a Terra com pessoas boas, de bons princípios — isso valia os sacrifícios vividos, e poderia morrer em paz. Não havia sido inútil ter feito o melhor que pôde. Essa ideia me pareceu clara o bastante.

Fiquei ali nas Planícies de Abraham, esperando para me encontrar com meu marido. Ainda não era minha hora de partir.

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P.S.: Escrevi este texto há muito tempo, quando participei de um grupo convidado pela antiga KBR Editora, liderado pela escritora Noga Sklar. É ficção. Hoje, o reescrevi com algumas adaptações e modificações. Lembrei-me da minha irmã, que redigia magnificamente, e me deu o seguinte conselho: escrever é a arte de cortar palavras... que não são necessárias, claro. Não lembro quem é o autor dessa frase. Segui o conselho, cortei palavras, até parágrafos inteiros :-)

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Links relacionados:

Outono nas Planícies de Abraham

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Réécrire - sur les Plaines d'Abraham

 

Português 

J'ai écris ce texte ça fait longtemps, quand je participais d'un groupe invité par l'ancienne KBR Editora, dirigé par l'écrivaine Noga Sklar. L'original est en portugais, mais je l'avais écrit en français aussi. Les personnages sont fictifs. Aujourd'hui, je l'ai réécris avec quelques adaptations et modifications. Je me suis rappelée de ma sœur, qui rédigeait magnifiquement, et m'avait donné le conseil suivant: écrire est l'art de couper des mots (escrever é a arte de cortar palavras)... qui ne sont pas nécessaires, naturellement. Je ne me rappelle plus c'est qui l'auteur de cette phrase. J'ai suivi le conseil, j'ai coupé des mots, même des paragraphes entiers 😊

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"Son identité c'est moi."

La ville de Québec nous plonge dans une sensation de l'universel, comme si c'était l'histoire de toute l'humanité et de chacun de nous. C’est comme parcourir le passé qui nous a façonnés; c’est comme revisiter les histoires qui ont forgé notre destin et sont devenues la vitrine de nous-mêmes. On n’est pas toujours fiers de tout ce qu’il est arrivé, mais on ne peut pas changer le passé. Au moins, il y a tant de rêves de justice qui ont vécu dans ces constructions solides, dans l’architecture de l'ancestralité.

Juste de se promener sur les Plaines d’Abraham, il y a quelque chose qui magnétise, surtout quand on sait qu’elles ont été la scène des batailles décisives pour l’avenir du Canada. Impossible de marcher sur ces champs sans penser à cela, malgré la paix que le parc nous transmet aujourd’hui.

Absorbée dans ces pensées, je me promenais dans le parc un dimanche matin, le ciel bleu, bleu, sans nuages. Je suis arrivée tôt pour profiter du silence, tandis que la ville semblait encore dormir. Le parc ne dormait pas. Toujours à l’écoute, il s’offrait généreux en petits soins, pour accueillir les visiteurs. Les mésanges, entre autres, avec leur habituelle éloquence, étaient toujours là, prêtes aux salutations matinales.

La nature était spécialement bavarde cette journée-là. Les feuilles automnales, tombées déjà en grand nombre, craquaient écrasées par mes pas, et celles encore accrochées aux branches des arbres résistaient au vent et murmuraient de vieilles histoires de souvenirs lointains, au soleil frais du petit matin. Je me suis assise sur un banc placé en haut, d’où je pouvais admirer la beauté du paysage. Devant moi, la vastitude du fleuve Saint-Laurent était la toile de fond parfaite.

Je venais de commencer à lire un livre, et j’ai remarqué qu’une personne arrivait; avec une certaine hésitation, le monsieur choisissait un banc en face. C’était un vieux monsieur, j’ai pensé, puis je me suis corrigée: si je le considère vieux, il doit être très vieux parce que moi, je suis déjà vieille, même si je me sens encore jeune dans ma tête. Quand il s’est finalement assis, j’ai levé mes yeux discrètement pour le voir mieux, et un petit sursaut, j’ai vu qu’il me regardait également, avec un léger sourire. J’ai souri aussi et bégayé un timide bonjour.

Il m’a répondu et m’a fait savoir que j’avais la meilleure vue du parc, assise sur son banc favori. Je me suis levée rapidement et je lui ai offert ma place, je ne voulais que lire, n’importe où j’étais ce serait bon.

- Il y a de la place pour tout le monde, si cela ne vous dérange pas – a-t-il dit et s’est assis à côté de moi – vous êtes une lève-tôt, madame, vous êtes arrivée avant moi.

- Excusez-moi, je suis de passage, je ne viens pas d'ici - je lui ai dit pour essayer d'être gentille et en même temps le rassurer du fait que le banc ne serait pas occupé tous les jours.

Et il a continué sa conversation, qui ressemblait plus à un rapport de vie, ce qui m’a fait conclure que je n’avancerais pas beaucoup dans la lecture. Mais cela ne me dérangeait pas, il avait l'air gentil et inoffensif et, clairement, il avait besoin de parler.

- Après ma retraite, je viens presque tous les jours, pour respirer de l’air pur du parc. Parfois, je venais avec ma femme, avant qu’elle ne tombe malade.

Il est resté pensif un instant et a repris:

- Aujourd’hui, je pense aux temps heureux de notre jeunesse. Ma femme et moi, nous avons vécu dans une époque où tout était plus difficile, il n’y avait pas toutes les ressources d’aujourd'hui pour élever une famille, mais les soucis étaient tous surmontables. Des temps plus pénibles sont venus, car j’ai perdu ma compagne dans la bataille pour la vie. Justement moi qui ai sauvé la vie de beaucoup, en tant que médecin, je ne pus le faire pour l’être que j’aimais tellement... Mais je garde le sentiment de mission accomplie, car j’étais toujours à ses côtés pour la réconforter et pour lui apporter mon amour...

Après la mort de sa douce compagne, il a vendu la maison où ils vivaient et, comme tant d'autres à son âge, a choisi de vivre en appartement, dans un immeuble de ceux construits pour les personnes âgées qui sont encore autonomes. C’est là qu’il espère continuer à vivre, sans déranger personne, jusqu'à ce qu'il vienne le temps de rejoindre sa bien-aimée.

Et il a ajouté:

- je suis désolé de vous déranger avec mes histoires; s'il vous plaît, continuez votre lecture; j’ai un rendez-vous, j’attends quelqu'un, je ne serai pas longtemps ici, aujourd'hui. Cela dit, il s’est penché en arrière, pas pressé.

J’ai lu juste quelques lignes, alors que mon voisin était assoupi. Peu à peu, d’autres personnes ont commencé à arriver au parc, on entendait les petits cris et les rires joyeux des enfants. Ma concentration s’est évanouie complètement au vol des beaux geais bleus, qui lâchaient leurs cris pleins de vigueur. Un petit coup de vent a amené de petites feuilles de tremble sur lui. Elles sont tombées comme une pluie d’étoiles en or. J’ai pensé que notre dormeur se réveillerait, mais non, il devait être habitué.

Le soleil de dimanche montait paresseux et réchauffait le parc. J’ai regardé les arbres autour de moi et j’ai remarqué que les couleurs avaient déjà beaucoup changé. Du rouge en plusieurs tonalités, du jaune à l’orange, encore du vert… Les feuilles étaient brillantes, elles semblaient avoir leur propre lumière. L'automne était à sa plénitude, le cycle de la vie suivait son cheminement en beauté et, surtout, sans chagrin. Je me suis identifiée avec la nature, j’ai eu l’impression de m’intégrer à ce scénario splendide et complet dans sa dimension cyclique. Pour quelques instants, je n’ai pas eu besoin de me poser des questions, j’ai compris tout intuitivement, j’ai accepté ma condition humaine.

Un gros soupir a retenu le souffle du monsieur pendant un moment assez long pour qu’il se réveille de son état d’absence. Et il a remarqué une larme qui coulait, à son insu, de son œil gauche… Une lourde larme que ses doigts ont jointe instinctivement.

À ce moment, on a entendu les cris joyeux de ses petits-enfants l’appeler et il m’a expliqué que c’était son fils plus jeune, sa femme et leurs enfants, tous radieux de le rencontrer. C’était l’heure de partir pour son rendez-vous de dimanche.

Il a pris dans ses bras son petit-fils Jérôme, qui le regardait avec les beaux yeux doux de son épouse et sa petite-fille, Marie-Ève, lui a donné sa petite main. Elle aussi avait hérité quelque chose de sa grand-mère, le plus beau sourire qu’il n’y a. Son fils et sa belle-fille marchaient en avant, le grand-papa en arrière avec les petits-enfants et beaucoup d’histoires, ils sont partis lentement, en laissant des traces rayonnantes de vie dans le parc.

J’ai compris la sérénité de cet homme. Il a eu la chance de vivre dans un monde civilisé qu’il a aidé à bâtir. Ses enfants avaient été bien élevés, avaient bien choisi leurs compagnes et ils transmettaient ce bon héritage à ses petits-enfants. Il avait aidé à peupler la Terre avec de bonnes personnes et ceci valait le coup de vivre et de mourir en paix. Ce n’était pas inutile d’avoir fait de son mieux. Cette idée me semblait assez claire.

Je suis restée sur les plaines d'Abraham, j’attendais l'heure de rejoindre mon mari. Il n’était pas encore le temps de partir.

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P.S.: J'ai écris ce texte ça fait longtemps, quand je participais d'un groupe invité par l'ancienne KBR Editora, dirigé par l'écrivaine Noga Sklar. L'original est en portugais, mais je l'avais écrit en français aussi. C'est de la fiction. Aujourd'hui, je l'ai réécris avec quelques adaptations et modifications. Je me suis rappelée de ma sœur, qui rédigeait magnifiquement, et m'avait donné le conseil suivant: écrire est l'art de couper des mots (escrever é a arte de cortar palavras)... qui ne sont pas nécessaires, naturellement. Je ne me rappelle plus c'est qui l'auteur de cette phrase. J'ai suivi le conseil, j'ai coupé des mots, même des paragraphes entiers :-)

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L'Automne sur les Plaines d'Abraham

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quarta-feira, julho 20, 2022

Uai, é? Ó!

 

O "Uai" do mineiro é bem conhecido de todos os brasileiros. Há quem ache que nós o falamos "de caso pensado", premeditadamente, digamos assim. Pode até parecer, para quem não fala. Na verdade, sai sem querer. É como respirar, já pode ser considerado comandado pelo Sistema Nervoso Autônomo 😂; o 'uai' tem vontade própria. Se a gente começa a falar, tentando controlar para não soltar um 'uai', aí é que trava mesmo.

Mas de onde será que veio isso? Existem algumas hipóteses. A mais furada de todas, na minha opinião, é aquela que põe a "culpa" nos Inconfidentes; o 'uai' seria uma sigla usada como código, para os insurgentes saberem se quem chegava em uma reunião secreta era um deles.

Há três outras que acho mais prováveis.

Uma é a que supõe ter origem no 'why' inglês. Como havia ingleses estabelecidos no "Quadrilátero Ferrífero", envolvidos na mineração de ouro e ferro, acredita-se que, de tanto ouvi-los dizendo 'why', os mineiros passaram a repetir o som, como expressão de variados sentimentos, tais como espanto, admiração, surpresa, etc. E, verdade seja dita, é na região do quadrilátero que se fala mais, mesmo. É 'uai' demais da conta, sô! E o som parece muito com o 'why' inglês, as vogais são ditas com uma soprada suave que vem da garganta.

Creio que esta é a mais provável, tenho um elemento a mais de prova: o próprio 'why' inglês também pode ser usado como interjeição de espanto, surpresa, impaciência, hesitação, aprovação, desaprovação... exatamente como o 'uai' do mineirês! (ver link dos dicionários Merriam Webster e Longman, em links relacionados). Calha mais ainda com esta origem, por ser este 'why' uma interjeição já 'old fashioned'. Devia ser falada pelos ingleses daquelas priscas eras. 

Não nos esqueçamos do velho ditado que diz: onde há fumaça há fogo... A fumaça do ''why" existe na boca do povo não é de hoje e "vox populi, vox Dei".

Outra possível origem seria por uma evolução linguística, aventada em um estudo de Hadinei Ribeiro Batista, da Universidade Federal de Minas Gerais, publicado pela Universidade Federal de Santa Maria (RS) - ver links relacionados. O 'uai' seria resultado da evolução de 'olhai' (oiai>uiai>uai). Esta hipótese me parece pouco provável, tem jeito de ser de estudiosos avessos a influências estrangeiras, querendo encontrar uma origem no português mesmo. Para mim, que sou useira e vezeira do 'mineirês', esta não caiu bem.

Uma outra hipótese é de que venha, talvez, da junção de ui + ai. Uai, é capaz. Mas eu fico com o 'why'.

Pronto, acabou.

Uai, até que não deu textão, não. Consegui resistir à tentação de contar "casinhos filhotes".

Inté.

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Links relacionados:

Merriam Webster dictionary


Longman Dictionary - why


Estudo linguístico de Hadinei Ribeiro Batista

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domingo, julho 17, 2022

Prece urgente

 


Ó, Nossa Senhora!

Minh'alma implora

Ouve o lamento

Dos que estão em sofrimento


Ó, Virgem Maria!

Que a todos auxilia

Toma com apreço

As almas que ofereço


Ó, Virgem pura! Ó, Virgem santa!

Tua doçura me encanta

Afasta a vaidade de mim

Tira-me o orgulho ruim


Ó, Maria Imaculada!

Nossa doce advogada,

A teus pés, suplicamos

As graças que buscamos


Ó, Mãe de Deus!

Dá-nos aceitar nossa cruz

Humildes, filhos teus

Guia-nos a Jesus.

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Oração a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

"Ó mãe do Perpétuo Socorro, nós vos suplicamos, com toda a força de nosso coração, amparar a cada um de nós em vosso colo materno, nos momentos de insegurança e sofrimento. Que o vosso olhar esteja sempre atento para não nos deixar cair em tentação. Que em vosso silêncio aprendamos a aquietar nosso coração e fazer a vontade do Pai.

Intercedei junto ao Pai pela paz no mundo e em nossas famílias. Abençoai todos os vossos filhos e filhas enfermos. Iluminai nossos governantes e representantes, para que sejam sempre servidores do povo de Deus.

Concedei-nos ainda muitas e santas vocações religiosas, sacerdotais e missionárias, para a maior difusão do reino do filho Jesus Cristo. Enfim derramai nos corações de vossos filhos e filhas a Vossa Bênção de amor e misericórdia.

Sede sempre o nosso Perpétuo Socorro na vida e principalmente na hora da nossa morte. Amém."

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Links relacionados:

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sábado, julho 16, 2022

Nossa Senhora do Carmo

 


Ó Maria, flor do Carmelo, vinha florida, esplendor do céu, Virgem fecunda e singular, Mãe bondosa e intacta, aos vossos filhos dai privilégios, Estrela do mar!” (S. Simão Stock).

16 de julho, dia de Nossa Senhora do Carmo

A palavra "carmelo" significa jardim. Eu não sabia ou, se já soube, tinha-me esquecido. Grande falha, pois ela é minha Padroeira. E eu sou consagrada a Nossa Senhora. Cedo, madrugada do dia 16, li sobre essa significação. Só já terminando o dia, liguei os pontinhos... Como sou lenta de entendimento!

Minha cunhada quis dar-me, de presente de aniversário, uma visita ao 'Jardin Daniel A. Séguin'. Desde o meu aniversário que ela vem tentando achar o melhor dia para irmos. E somente foi possível para ela hoje, no sábado, exatamente no dia 16. Não foi escolha minha e ela não conhece praticamente nada sobre religião, muito menos datas como esta.

Quanta delicadeza de minha Mãe do Céu!

Foi-me dada a graça de ler sobre o significado da palavra 'Carmelo' e a data da visita marcada para hoje, para que eu soubesse que ela esteve e está comigo o tempo todo. Fez-me não encontrar nenhuma flor que se destacasse em beleza. Bati muitas fotos, mas não ficaram lindas como eu desejaria. É porque é ela a LINDA, na paz e no silêncio do lugar, na frescura da brisa, a mais linda flor do jardim, a Flor do Carmelo. Inigualável!

Sou dela! Tenho andado sempre com meu escapulário e, ao mudar de bolsa para sair, não me esqueci, coloquei-o na outra.

Eu já estava com saudade dela... Muito obrigada! Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós.

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Jesus, Maria, José, meu coração vosso é.

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P.S.: A imagem que ilustra esta página é de um Agnus Dei que ganhei, há muitos anos, de minha tia Dodora, a Irmã Maria Eymard, que deve estar pertinho dela no Céu, continuando a adorar Jesus.

Graças e louvores se deem, a todo momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento.

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quarta-feira, julho 13, 2022

Só os humildes chegam a Deus

 


Quero registrar esta homilia do Padre Paulo Ricardo, pois achei muito esclarecedora. Mas gosto mais de ler do que de ouvir. Então, transcrevi quase tudo do que ele falou, para futuras possíveis releituras.

Vai aqui o link do vídeo, assim mesmo:

Só os humildes chegam a Deus (Mt 11: 25-27)

E a transcrição:

"Eu te louvo, Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos."

Enquanto estamos neste mundo, o conhecimento de Deus não se dá a não ser através da fé, da escuridão da fé. Então, nós precisamos nos rebaixar diante de Deus, se nós quisermos ter acesso a Ele. O conhecimento - a inteligência - é uma faculdade que, quando aplicada a Deus, tende a rebaixá-lo. Ou seja, se eu quiser compreender Deus e colocá-lo na minha inteligência, na verdade, eu estou rebaixando Deus ao meu nível.

Então, qual é o acesso que nós podemos ter a Deus? Não é através da inteligência aqui nesse mundo. Não, nós precisamos, com atos de fé, nos aproximar daquilo que Deus revelou, humildemente, sem querer nós mesmos chegar a conclusões e forçar o nosso conhecimento e moldar Deus ao nosso intelecto. O caminho de conversão que nós temos é um contato cada vez maior com Deus, cada vez mais nós nos aproximamos dele através da fé. Na escuridão da fé.

E aí acontece algo de maravilhoso. Surge em nós o amor. Aí, o amor é uma coisa diferente. O amor é diferente da inteligência, porque enquanto a inteligência rebaixa Deus, o amor nos eleva. O amor nos transforma naquilo que nós amamos. Quando nós amamos, verdadeiramente, a Deus, nós somos elevados ao nível dele.

Meus queridos, o Evangelho de hoje nos coloca diante desta verdade absoluta e maravilhosa. Aqueles que se humilham diante de Deus e recebem a revelação do seu amor divino, através da fé, são capazes de se elevarem a um nível extraordinário, ao nível da grandeza dos santos, dos grandes santos.

-Padre Paulo Ricardo

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Other seas

 

Belo Horizonte - MG

The dried green, bluish ocean

An image pretending a fiction

Mountains as far as the eye can see

One thousand meters above sea

Level - past participle

A bit more, a little less

Rarefied

The light air on flying hair

Oh! That special kindness

Expanding lungs under the golden sky

Ah! I want to sigh

Until the deepest air cells get widen

Would it be in search of oxygen?

Or of the beautiful impossible horizon

-MCVM


segunda-feira, julho 11, 2022

Et la caravane passe...

 

Português

Les chiens ne croient à rien et c’est tant mieux.

Comme illustration à cette phrase, publiée sur la page Facebook d'un ami, qui se répète athée, avec des arguments incessants, sans que personne ne le conteste – il riposte sans avoir été frappé –, il y avait l'image d'un chien à l'expression furieuse, plus humaine que canine ( avec une référence à « Pierre Marcel Montmory », comme auteur).

- L'athée qui insiste tant pour se dire athée, sans que personne ne l'oblige au contraire, semble mal à l'aise, en conflit. Celui-ci est à un pas de la conversion.

Ne serait-ce pas une des choses qui nous différencient des autres animaux que, précisément, nous pensions qu'il pourrait y avoir quelque chose au-delà de ce que nous sommes capables de percevoir avec nos sens primitifs ? Je pense que c'est un signe qui montre que notre intelligence a évolué, parce que nous avons élargi nos pensées. Nous avons fait un plus grand saut dans notre nature spéculative. Cela nous a amenés à une étape beaucoup plus élevée dans l'évolution des espèces. Nous sommes capables d'extrapoler.

Au lieu de conclure que suggérer l'existence de Dieu est du primitivisme de notre intellect, il serait plus prudent de considérer que cela ressemble à une intuition scientifique. L'intuition vient toujours avant ce que l'on peut ensuite prouver concrètement, à travers les étapes de la méthode scientifique.

- Mépriser notre capacité à penser au-delà de l'évidemment perceptible, c'est mépriser nos progrès dans l'évolution des espèces, c'est mépriser notre propre espèce.

Pour les chrétiens, cette « intuition » s'est déjà révélée concrète – mais ceci est une autre histoire…

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