sábado, setembro 30, 2017

"A alternativa chocante"

Perambulando pela internet, achei este vídeo do Padre Paulo Ricardo – https://padrepauloricardo.org/episodios/como-provar-que-jesus-e-deus (clique aqui) – explicando sobre “The shocking alternative”, de C. S. Lewis, do livro “Mere Christianity” [1]. A explanação oral é excelente, mas quem não quiser assistir ao vídeo, há o texto correspondente logo abaixo, na mesma página do link acima.
Já adiantando um pouco a leitura, o autor demonstra o teorema de que Jesus é Deus, sobretudo para quem “concede” que Ele tenha sido um homem bom e um mestre; como um homem bom poderia se dizer Deus, sem ser? Ou era um falsário, ou um lunático: “Mas que ninguém venha, com paternal condescendência, dizer que ele não passava de um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa opção, e não quis deixá-la.[1]
Claro, esta argumentação não serve para os que estão engajados no negacionismo da existência de Jesus; toda a demonstração se desmorona com esta simples e absurda negação. Qualquer documento que lhes for apresentado, será sujeito a delírios sistematizados.
A existência de Jesus é amplamente aceita pela maioria dos estudiosos, atualmente. Mesmo o Novo Testamento da Bíblia, escrito por adeptos do Cristianismo, tem sido objeto de reconsideração por acadêmicos, que encontram fatos relacionados a Cristo que podem ser historicamente válidos e provados.
Além do Novo Testamento, que é considerado suspeito por muitos contestadores das Escrituras, um historiador judeu, não cristão, quase contemporâneo de Jesus, O cita, bem como João Batista e alguns outros da época. Trata-se de Flavius Josephus (nome adotado quando bandeou para o lado dos romanos) – http://www.morasha.com.br/homens-na-historia/flavio-josefo-traidor-ou-traido.html (clique aqui).
Uma evidência fora do mundo judaico é a referência à crucificação de Jesus, na obra de Públio (Caio) Cornélio Tácito, ou simplesmente Tácito, um historiador, orador e político romano:


http://classics.mit.edu/Tacitus/annals.mb.txt 

Outra evidência da existência de Jesus é a vasta documentação sobre as primeiras comunidades cristãs. Um documento interessante é o do Professor-Pesquisador da Universidade do Porto/Portugal, em sua tese de doutorado em Münster, na Alemanha: Boni, Luis Alberto De. (2014). O ESTATUTO JURÍDICO DAS PERSEGUIÇÕES DOS CRISTÃOS NO IMPÉRIO ROMANO. Trans/Form/Ação, 37(spe), 135-168. A leitura não é maçante, apesar de se tratar de texto com fundamentos jurídicos. Ao contrário, é uma leitura agradável, que nos remete ao convívio com povos e seus costumes, durante o Império Romano, como se tivéssemos sido arrebatados por alguma máquina do tempo:
Na ampla pesquisa feita por ele, há inúmeros relatos sobre os cristãos, em documentos oriundos de três tipos de fontes:
a)              as fontes romanas, tanto textos escritos como comprovantes arqueológicos (tais como as inscrições das catacumbas);
b)              a descrição de martírios cristãos em escritores eclesiásticos; e
c)              as histórias sobre os mártires, conhecidas como "Atas dos Mártires".

Conforme esses relatos, os cristãos eram “organizados em pequenos grupos, não participavam dos festejos populares e nem do culto aos deuses; cultuavam um único Deus, que não pertencia ao rol daqueles adorados no Panteon; reuniam-se, geralmente à noite, sem separação entre os sexos, para suas cerimônias religiosas, nas quais havia orações, ensino religioso, iniciação ao batismo, celebração do culto, durante o qual recordavam a paixão de Cristo e sua ressurreição; eram presididos por um chefe coadjuvado por um grupo de anciãos, ou conselheiros; contribuíam mensalmente com certa quantia em dinheiro, que servia para auxiliar os pobres e sustentar a comunidade; houve, por vezes, comunidades que possuíam os bens em comum.
 Há ainda os que acreditam que Jesus existiu mas que o Cristianismo e o Novo Testamento foram inventados pelos primeiros cristãos e que Jesus nunca teria dito que era Deus; as comunidades cristãs teriam mitificado a figura de Jesus. Os cristãos teriam sido, então, lunáticos ou falsários, o raciocínio é o mesmo. Isso não bate com os ensinamentos contidos nos textos do Novo Testamento. 
 Com tantas fontes históricas fornecendo evidências da presença de Jesus Cristo na história da humanidade, incluindo a própria existência das igrejas cristãs hoje, é surpreendente que haja quem duvide e até mesmo negue. A convicção e a coragem com que esses primeiros cristãos davam testemunho de Jesus, apesar das perseguições e massacres que sofreram, nos levam a acreditar que estavam sendo sinceros.
É de se lamentar que, ao longo do tempo, as organizações tenham evoluído de forma a perderem a simplicidade em que viviam, transformando-se em instituições poderosas e ricas que, tantas vezes, têm-se desviado dos princípios da Cristandade.
Pelo menos uma coisa não se perdeu: foi a mensagem de Jesus que vem atravessando os séculos, muitas vezes mal interpretada, porém mantendo a PALAVRA. Esta é impressionante e, verdadeiramente, fala por SI só.
O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão. Mateus, 24:35
~~~
[1] http://www.samizdat.qc.ca/vc/pdfs/MereChristianity_CSL.pdf (public domain under Canadian copyright law. This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost. Copyright laws in your country also govern what you can do with this work. Copyright laws in most countries are in a constant state of flux. If you are outside Canada, check the laws of your country before downloading, copying, displaying, performing, distributing or creating derivative works based on this Samizdat Ebook. Samizdat makes no claims regarding the copyright status of any work in any country outside Canada.)



 

sábado, setembro 23, 2017

Mon cher Québec



« Ce ne sont pas les immigrants et les anglophones qui menacent la survie de notre langue, c'est nous ! » Richard Martineau, sur Facebook
Le texte de Richard Martineau (« Xavier Dolan a raison »[1]) ainsi que les commentaires de ses lecteurs sont fondés, d’après moi, sur une vision des gens qui habitent la Grande Région Métropolitaine de Montréal (la ville et ses banlieues). Montréal est l’endroit où se concentre la population d’immigrants au Québec, pour ça les Montréalais ont cette impression d’être « envahis » par d’autres langues, d’autres coutumes. Ça va changer, toutefois, je vois de plus en plus d’étrangers dans ma région aussi, bien différent de quand je suis arrivée ici, il y a 20 ans. C’est important cette impression à partir de la région de Montréal, naturellement, parce qu’elle comprend presque la moitié de la population de toute la province du Québec. Mais n’oublions pas l’autre moitié.
Moi, je vis dans un « fond de rang », comme on dit. Je crois que je peux donner mon opinion, en tant qu’immigrante et car je suis mariée avec un Québécois « pure laine » qui parle et écrit très bien le français, et il en est fier. Même si mon français ne sera jamais comme celui d’un francophone,  j’aime écrire correctement et j’essaie toujours de m’améliorer. Mais… je dis que, même si j’écrivais bien et si je parlais bien, je ne serais jamais comme n’importe quel francophone qui écrit/parle mal ou pas. Je considère que j’ai un bon vocabulaire mais je suis toujours en train d’apprendre un nouveau mot ici et là. Un mot que les Québécois ont appris avec la grand-mère, par exemple, qu’ils n’utilisent que rares fois, mais qui est là dans leurs têtes, qui a une histoire de chez eux, c’est viscéral. La langue maternelle est ancrée dans l’esprit, elle se mélange avec la personnalité de la personne, avec ses gestes, son histoire. Je pouvais avoir un doctorat en linguistique, en littérature, ou quoi que ce soit… que je ne serais jamais aussi cultivée que les Québécois dans leur langue.
Tout ça pour dire que je pense que ce n’est pas le fait de parler ou écrire mal qui va déranger. Toutefois, je suis d'accord qu'il faut être fier de notre façon d’écrire et de parler, correctement, pour que les étrangers respectent notre langue et aient envie de l’apprendre. Entre autres choses, il faut éviter de dire que la langue française est la plus difficile au monde. Vrai ou pas vrai, ça a l’air de vouloir justifier les erreurs commises, en plus de décourager ceux qui veulent apprendre.
À part la langue, il y a les coutumes. Par ici, en région, les gens gardent les traditions (au moins les gens que je côtoie) : aller au bois, bûcher, chasser, pêcher, en respectant la nature, participer du temps des sucres, préparer du ketchup aux fruits et d’autres recettes québécoises pour conserver en bocaux, faire une épluchette de blé d’Inde, aller cueillir des fraises et autres, apprécier la bouffe typique du temps de fêtes (le ragoût de boulettes et de pattes de cochon, la tourtière, etc.), apprécier la danse et la musique typiques (rigodon, chanson à répondre). Pas besoin de faire tout ça à tous les jours de l’année, mais quand c’est le temps. Ces petites choses qui ont l’air de rien font aussi la culture d’un peuple.
Je ne connaissais rien de ça, avant de déménager ici, mais j’ai appris à aimer tout ça. J’adore !
Voici mon message aux Québécois :
Partagez votre culture avec les immigrants, car si vous la gardez juste pour vous, et si vous-mêmes, vous ne la « pratiquez » pas, elle va se perdre, c’est sûr. Cependant, si les immigrants apprennent les traditions, ils vont les transmettre à leurs enfants, nés au Québec. Ils seront de vrais Québécois… malgré leur génétique – le bonheur total, car la science ne conseille pas de garder la « consanguinité », vous le savez.  
Une autre chose que j’ai remarqué c’est que beaucoup de Québécois ont horreur d’entendre parler de la religion catholique. C’est connu que quelques membres de l’Église ont été cruels dans plusieurs affaires, mais il y en a qui ont fait beaucoup de bonnes choses aussi, y compris votre éducation et vos bons principes, c'est un héritage et ça fait partie de votre histoire. Il y a un côté acceptable dans tout ça, pour gérer votre fierté, sinon, au moins pour faire comprendre aux autres qu’ils ne marchent pas sur des champs vierges en attente d’endoctrinement.
Pour finaliser, une suggestion pour avoir du plaisir avec la langue française : Cœur ouvert au Festival International de Littérature, le plus long micro ouvert[2] à la présentation d'un texte, qu'il soit lu, récité, chanté, etc., de tout genre littéraire (poésie, roman, théâtre, essai, etc.). Si je pouvais, j’irais présenter mes poèmes, ou simplement assister… C’est une excellente façon de glorifier sa langue, surtout par la poésie, où on joue avec les mots et ses combinaisons, dans la phonétique et la sémantique.

quinta-feira, setembro 14, 2017

Furacão Irene 2011

Day after Irene



Pelo visto, o nome “Irma” vai ser retirado da lista de denominações dadas aos furacões. Quando um fenômeno desses causa um impacto muito grande, com mortes e destruição, o nome é substituído por outro, naquela lista. Melhor explicando, são várias listas de nomes, cada uma é reutilizada de seis em seis anos. Os nomes de furacões que causaram mortes e muitos danos são removidos.
Mesmo tendo sido substituído, não posso me esquecer do predecessor de Irma, o furacão Irene. Em 2011, ele passou por aqui, após provocar mortes e destruição no Caribe e em vários estados americanos. Irene já estava rebaixada a tempestade quando nos visitou no Quebec, mas deixou sua marca destrutiva por aqui também, com ventos atingindo até 110 km/h, desenraizando árvores, quebrando galhos, derrubando postes, destelhando casas, além de causar inundações, panes de eletricidade e até mesmo a morte de uma pessoa.
Acompanhamos atentamente as notícias sobre seu comportamento, pois dias antes de chegar aqui, já anunciavam que deveríamos estar na sua rota. Cada vez que diminuía de força, eu sentia um alívio. Mas Irene oscilou muito, quando pensávamos que já tinha acalmado após entrar em terra nos Estados Unidos, ela tomava novo fôlego, no mar... E lá vinha ela... Deu para ter uma ideia do stress por que passam todo ano, as pessoas que vivem no corredor dos furacões. Terrível!
Na véspera da sua chegada, amarramos objetos que estavam do lado de fora de casa em troncos de árvores mais possantes do nosso terreno, tudo que poderia ser deslocado pelos ventos ou pela correnteza do rio que, provavelmente, transbordaria. Dentro de casa, colocamos em um nível mais alto coisas que poderiam ser danificadas pela água.
As previsões anunciavam que Irene estaria “rodando a baiana” em nossa região no dia 28 de agosto de 2011, por volta de meia-noite. Lembrei-me de um dito que minha mãe dizia: “Deixa o pião rodar, por volta da meia-noite, o pião pega a parar”... Que nada! Foi o contrário, foi só piorando. Pela manhã, já tinha começado a ventar e a chover e foi só num crescendo. O dia escureceu, a visibilidade era quase nula.
O vento era tão forte que a gente sentia como se a casa estivesse sendo empurrada mesmo, além de receber chicotadas intensas e frequentes. O barulho parecia de trovão continuado. A certa altura, alguma coisa caiu sobre o telhado, fazendo um estrondo. E, a cada vez que vinha uma rajada de vento mais forte, ouvíamos o barulho de algum objeto batendo no telhado.
Não é aconselhável, sob ventos tão intensos, chegar perto das janelas, pois o vidro pode quebrar e os estilhaços podem nos machucar. Mas, como o barulho vinha exatamente do ponto onde a fiação que vem do poste da rua entra na casa, fui olhar pela janela o que tinha caído. E pude constatar que havia um galho de árvore apoiado no fio! Pronto, entrei em estado de alerta, para não dizer pânico, com medo de um incêndio.
Meu marido tentava me acalmar, dizendo que não podíamos fazer nada, então, o melhor era relaxar. Fácil falar... Eu não conseguia sossegar. Telefonei para Hydro-Québec (a companhia de energia elétrica) e nada... Resolvi, então, tentar o serviço de urgência da nossa cidade. Pensei que não adiantaria, com um vento daqueles, a recomendação era para ninguém sair. E nossa casa, ainda por cima, fica afastada da cidade.
Tentei assim mesmo e, para minha surpresa, um bombeiro de alma caridosa conversou calmamente comigo, pelo telefone, tentando me tranquilizar, e prometeu que viriam analisar a situação. Pronto, agora era hora de rezar para que não acontecesse nenhum acidente com ele.
Vieram mesmo, e no pior da tempestade! Santo Corpo de Bombeiros, que sempre nos socorre, nos piores momentos. Eles recebem uma formação invejável, e no mundo inteiro são assim. Deus os abençoe!
Examinando o galho caído, notaram que havia uma parte apoiada no telhado, que o sustentava. Apesar de não poderem garantir que o vento não causaria mais problemas, não podiam fazer nada, teria que ser mesmo a Hydro-Québec, por se tratar de envolvimento da fiação elétrica. De qualquer modo, deixaram conosco novos números de telefone, em caso de necessidade.
Continuei telefonando incessantemente para a companhia de eletricidade, até conseguir falar com eles. Estavam sobrecarregados com várias quedas de árvores e postes, muitos clientes em pane, casos mais urgentes. Mas ficaram de vir logo que pudessem.
Foi uma noite horrível. Um pesadelo! Nem sei se dormi algum tempo.
No dia seguinte, pasmem, sol e céu azul. Até a inundação já havia diminuído. Apesar do cansaço pela noite de terror, o bom tempo renovou minhas energias. Fomos lá fora ver os estragos, bati fotos... Até pude fornecer uma foto de nossa rua inundada a uma jornalista da nossa cidade, que viu a imagem que postei no Facebook e me pediu. A foto saiu na primeira página do jornal da região.
Viver não é fácil, os desafios são muitos, cada lugar do planeta tem seus problemas. Mas o instinto de sobrevivência é muito forte.