domingo, abril 28, 2019

Prognóstico

https://www.dicio.com.br/prognostico/

Tenho visto reportagens alarmantes sobre o “mal de vivre” em idades cada vez mais precoces, bem como casos de suicídio de crianças! Um artigo escrito por especialistas, que li recentemente, sobre uma menina de apenas 7 anos, me impressionou bastante (link ao final do texto). O que está acontecendo com nossa sociedade? Não são só crianças em meio "desfavorável", como o caso relatado no artigo, que estão apresentando sintomas preocupantes (ver outro artigo também ao final do texto).
Não sou especialista, mas posso dar um testemunho pensando em minha própria infância e nos tempos atuais. Quando eu era criança, não se falava categoricamente, como se fala hoje, que a espécie humana é a pior que existe. Tampouco dava-se mais importância à natureza – animais, vegetais, minerais – que ao ser humano, como se fôssemos algo diferente do resto. Ou melhor, embora soubéssemos, obviamente, que fazíamos parte do Reino Animal, também havia uma ideia de divisão entre a natureza e a nossa espécie, no sentido inverso do que existe hoje, ou seja, talvez nos supervalorizássemos, em detrimento dos outros.
Ambas as posturas são falhas, tudo que é exagerado não é bom, na minha opinião. Mas, pelo menos, tínhamo-nos em melhor conta que hoje, havia a esperança de que o ser humano fosse capaz de ser bom ou, pelo menos, de melhorar. Havia incentivo para as crianças se tornarem construtoras de um futuro melhor. Ninguém ficava gritando aos quatro ventos que nós somos maus, destruidores e que não temos remédio. Esse diagnóstico tem prognóstico sombrio.
As crianças não são surdas. Elas ouvem isso e, quiçá, algumas se sintam mal, mais intensamente. Se eu, adulta – já tendo vivido o bastante para ser considerada idosa, portando escudos de defesa psicológica que adquiri com o correr da vida – sinto-me incomodada com esse tipo de pensamento/comportamento, que chega a me causar tristeza, fico imaginando as crianças que ainda estão indefesas, cujos cérebros sequer acabaram de se desenvolver plenamente, estão ainda colhendo dados para formar seus próprios cabedais, a partir do que experimentam pelos seus cinco sentidos. Coloquem-se no lugar delas.
Imaginem a cena: adultos em bate-papo na sala, uma criança a poucos metros, concentrada em algum joguinho de aplicativo... - Ah, esse mundo está de mal a pior, a humanidade não tem jeito, não tem futuro – alguém diz e pensa que a criança não ouviu, ou não compreendeu, ou não avalia a gravidade do que foi proferido. Na realidade, quem falou é que não avalia a gravidade do que disse, nem compreende que a criança está assimilando esta baboseira apocalíptica como verdade última.
Deve ser horrível crescer sem esperança no seu próprio futuro. Nem os mais pobres recebem esta "sentença", sempre têm algum sonho e ninguém pode garantir que não poderão realizá-lo. A humanidade tem muita coisa ruim, mas não se pode generalizar de modo algum.
Não é só isso, claro, os problemas são muito complexos, mas se pudermos evitar aquilo que está a nosso alcance...
Precisamos respeitar mais a infância, em todos os aspectos, com incentivo para viver bem, para tornar isso possível. Não significa mentir, devemos sempre dizer a verdade. É preciso evitar dizer coisas das quais não se tem certeza, como se fossem verdades irrefutáveis. Não há provas de que a humanidade inteira seja um caso perdido. Ao contrário, ela tem prosperado muito em inúmeros setores da vida. Vamos nos esforçar para dar bons exemplos às nossas crianças, para que elas não desanimem. Disso depende o bom prognóstico delas e do futuro.
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terça-feira, abril 23, 2019

Minha irmã

Maria Leonídia
*23/04/1950
+29/04/2001
Français
Há pessoas que nascem duas vezes, sem sombra de dúvida, na minha opinião. Uma delas é minha irmã. Leonídia nasceu para este mundo em que vivemos no dia 23 de abril de 1950, data que comemoro hoje. Nasceu de novo, mas para o mundo da felicidade plena, em 29 do mesmo mês, 51 anos terráqueos depois.
Foi uma pessoa especial. Em nosso núcleo familiar, foi um pilar dos mais sólidos que tivemos. Irmã responsável, zelosa, ajudou-nos a todos. Filha exemplar, dedicou-se incansavelmente ao bem-estar dos pais.
Tinha uma inteligência rara e vasta cultura; conhecia correntes filosóficas, ideológicas, teológicas, literárias, jurídicas; não sou capaz de enumerar tudo o que ela sabia... Tirava de letra concursos públicos. Por onde passou, foi respeitada e muito querida, não só por seu saber e por sua alta competência, também pela sua delicadeza e civilidade a toda prova.
Mas ela não dava importância ao seu sucesso. Sempre me lembro, até com um certo sentimento de culpa, de que ela não quis adquirir fotos da sua formatura em Direito na UFMG, em que foi agraciada com vários prêmios, culminando com o maior deles, o Prêmio Rio Branco (1977, clique aqui). Eu poderia ter comprado as fotos. As que temos de formatura dela são do curso de Letras. Medalhas tinha várias, que ganhou durante sua vida, bem guardadas, fadadas ao esquecimento. Sua modéstia era de um natural inegociável. Muitas vezes, tomávamos conhecimento de suas realizações na profissão, por intermédio de terceiros, porque ela não se gabava de nada.
O que era importante mesmo para ela era o testemunho da fé. Penso que o trabalho de que ela gostava mais era o de catequizar crianças e adultos. Nos fins de semana, em vez de descansar, ia trabalhar para a nossa Paróquia e a única recompensa era a alegria de transmitir o Amor pregado e realizado por Jesus.
Se ainda estivesse vivendo entre nós, ela não gostaria de ler o que estou escrevendo, sei disso. Ela não tinha vaidades. Mas preciso homenageá-la, eu a admiro e agradeço muito por tudo o que fez por nós.
Este texto não está à altura da grandeza da sua alma, mas talvez ela goste, agora, que nos lembremos de rezar por ela ou de pedir sua intercessão junto ao nosso Salvador. Ela já me atendeu algumas vezes, em situações em que estive em sofrimento, que é coisa inerente à nossa vida por aqui, neste mundo. Por mais que tente interpretar, racionalmente, como "pensamento mágico" os casos em que senti que ela intercedeu por mim, não consigo reduzir a consistência dos fatos a mero acaso.
Mas isso está muito triste, coisa que ela não era. Acabei de ter um flashback de memória com ela rindo a bandeiras despregadas. Vou deixar de lado a minha carranca, imagino que, onde ela está, deve estar achando muito engraçada toda essa minha verborragia primitiva. Mais risível do que os filmes de comédia que lhe provocavam gargalhadas homéricas. Se a gente quisesse rir, era só assistir a algum programa ou filme cômico, junto com ela, e desopilava-se o fígado.
Pronto, é assim que quero me lembrar dela hoje, com muita alegria pela oportunidade de ter convivido com ela durante tão bons tempos.
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Links relacionados:
O Prêmio Barão do Rio Branco (Maria Leonídia, 1977)

terça-feira, abril 16, 2019

From inside to outside

Le Parisien/Arnaud Journois
Versão em português
Version en français

When I saw the images of the Notre Dame Cathedral of Paris in flames, I could not help but see an emblem. Immediately, some metaphorical associations have come to my mind: the decadence of the Catholic Church, the decline of faith throughout the world, and Holy Week beginning with a sad event like this.
I had a shock, just like everyone, even non-believers. The cathedral is a patrimony not only of the Catholic Church, of France, also Europe, Western Civilization, and the whole humanity, in short. History, architecture, culture, an entire legacy was burning before our eyes.
Fortunately, later, French media informed the world of the excellent and risky tactics Parisian firefighters had performed, which allowed them to preserve much of the construction. In the first few minutes everyone wondered where firemen were. We could not see them because they were inside the building. They began to fight the fire inside, because if they did it from outside, they would throw the flames inside, according to the news.
As there was no imminent danger of collapsing the entire structure, they risked starting inside, before attacking the fire from the outside. In addition, they have teams organized for each task: to evacuate people, to protect the works of art, etc, etc, and had done simulation exercises a few days ago. Bravo! (link to the news at the end of this text).
So, with the structure that remains, I imagine that the Notre Dame Cathedral of Paris can be rebuilt. Obviously, it will not be as before, but will continue to exist, to the relief of all of us.
I hope that, like the cathedral, the integrity of the Catholic Church, undermined by cases of pedophilia, among others, over the years, will also be rebuilt. And may it start from inside. No need to try to find excuses outside for the evils gnawing inside! Let the "firemen" of the faith, led by Pope Francis, continue their strategy to eliminate the evil that is ingrained in the clergy, so that the whole structure does not collapse.
That bright and very visible Cross on the photos inside the Cathedral is calling us to reflection during this Holy Week.
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segunda-feira, abril 15, 2019

De l'intérieur vers l'extérieur

Le Parisien/Arnaud Journois
Versão em português
English version

Quand j'ai vu les images de la Cathédrale Notre-Dame de Paris en flammes, je n'ai pu m'empêcher d'y voir un emblème. Certaines associations métaphoriques immédiates me sont venues à l'esprit: la décadence de l'Église Catholique, le déclin de la foi à travers le monde et la Semaine Sainte qui commence par un événement si triste.
J'étais sous le choc, comme tout le monde, même les non-croyants. La cathédrale est patrimoine non seulement de l'Église Catholique, de la France, aussi de l'Europe, de la Civilisation Occidentale, de l'ensemble de l'humanité, finalement. Histoire, architecture, culture, tout un héritage qui brûlait sous nos yeux.
Heureusement, plus tard, les médias français ont informé le monde des tactiques excellentes et risquées des pompiers parisiens, qui ont permis de conserver une grande partie de la construction. Dans les premières minutes, tout le monde s'est demandé où étaient les pompiers. Nous ne pouvions pas les voir car ils étaient à l'intérieur du bâtiment. Ils ont commencé à combattre le feu à l'intérieur, parce que, selon eux, de l'extérieur, ils auraient repoussé les flammes à l'intérieur.
Comme il n'y avait pas de danger imminent d'effondrement de la structure entière, ils ont risqué de commencer par l'intérieur, avant d'attaquer le feu de l'extérieur. En outre, ils ont des équipes organisées pour chaque étape: évacuer les gens, protéger les œuvres d'art, etc., etc., et ils avaient fait des exercices de simulation il y a quelques jours. Bravo! (lien vers les nouvelles à la fin de ce texte).
Donc, avec la structure qui reste, j'imagine que la Cathédrale Notre-Dame de Paris pourra être reconstruite. De toute évidence, ce ne sera plus comme avant, mais cela continuera d'exister, au grand soulagement de tous.
J’espère que, comme la cathédrale, sera également reconstruite l’intégrité de l’Église Catholique, minée par des cas de pédophilie, entre autres, au fil des ans. Et que cela commence par l'intérieur. Inutile d'essayer de trouver des excuses à l'extérieur, pour les maux qui rongent par-dedans! Que les "pompiers" de la foi, dirigés par le Pape François, poursuivent leur stratégie d'action pour éliminer le mal qui est enraciné dans le clergé, afin que l'ensemble de la structure ne s'effondre pas.
Cette Croix claire et très visible sur les photos à l'intérieur de la cathédrale nous invite à la réflexion, pendant la Semaine Sainte.
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