sexta-feira, julho 10, 2020

A estrelinha

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Céu claro, as estrelas brilhavam. Apesar de não ter lua, havia um brilho discreto. As cortinas abertas, os quadrados da janela se desenhavam suavemente sobre o chão. Não havia muitas luzes nas ruas da cidade, como hoje, contávamos com a claridade natural.
- A estrelinha virá hoje à noite? – os dois pequenos perguntavam à irmã mais velha sobre a famosa visita, cada vez que ela ficava encarregada de tomar conta deles, enquanto seus pais estavam fora.
- Vocês sabem que ela vem somente se vocês já estiverem deitados e que não se pode acender a lâmpada.
A menina e seu irmão mais novo esperavam impacientemente a chegada da estrelinha. Eles se apressavam em se deitar. A irmã apagava a luz do quarto deles e lhes dizia que iria chamar a estrelinha, pela janela do quarto contíguo.
-        Boa noite, linda estrelinha, você pode vir hoje? – dizia ela em tom mais alto, para que a estrela a escutasse.
-        Sim, já vou!
A estrelinha entrava no quarto dos pequenos, falava com uma voz fininha e doce, muito gentil. Sua aparência não era muito nítida na penumbra, ela parecia uma nuvem branca. Era um tanto nebulosa.
Meu irmão menorzinho era muito pequeno ainda; lembro-me dele muito atento, em pé no seu berço, com as mãozinhas firmemente agarradas na grade, seus grandes olhos bem abertos. Ele parecia encantado!
Acreditávamos nessa história, mas no limiar da dúvida. Lembro-me de tê-la seguido, para verificar se encontraria minha irmã no quarto ao lado. Ficava intrigada por que as duas não se apresentavam nunca juntas, sempre era uma ou outra. Mas a estrela foi mais rápida do que eu. E fui advertida de que se me levantasse de novo da cama durante tão nobre visita, a estrela não voltaria nunca mais.
Nossa estrelinha nos dava bons conselhos e ia embora tão rapidamente como quando chegava. Depois, minha irmã voltava ao nosso quarto e nós dois sempre ficávamos pedindo para que ela a chamasse de novo.
Mas era hora de cantar. Nossa irmã tocava violão e cantava lindas canções para ninar meu irmãozinho. E eu aproveitava aqueles deliciosos momentos.
Os anos se passaram, minha irmã era realmente uma estrela que brilhava em tudo o que fazia. Finalmente, ela partiu para sempre. Mas as doces lembranças e seus belos ensinamentos ficaram em nossos corações.
Até logo, « estrelinha »!
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