Maria Leonídia *23/04/1950 +29/04/2001 |
Há pessoas que nascem duas
vezes, sem sombra de dúvida, na minha opinião. Uma delas é minha irmã. Leonídia
nasceu para este mundo em que vivemos no dia 23 de abril de 1950, data que
comemoro hoje. Nasceu de novo, mas para o mundo da felicidade plena, em 29 do
mesmo mês, 51 anos terráqueos depois.
Foi uma pessoa especial. Em
nosso núcleo familiar, foi um pilar dos mais sólidos que tivemos. Irmã
responsável, zelosa, ajudou-nos a todos. Filha exemplar, dedicou-se
incansavelmente ao bem-estar dos pais.
Tinha uma inteligência rara
e vasta cultura; conhecia correntes filosóficas, ideológicas, teológicas,
literárias, jurídicas; não sou capaz de enumerar tudo o que ela sabia... Tirava
de letra concursos públicos. Por onde passou, foi respeitada e muito querida,
não só por seu saber e por sua alta competência, também pela sua delicadeza e
civilidade a toda prova.
Mas ela não dava importância
ao seu sucesso. Sempre me lembro, até com um certo sentimento de culpa, de que
ela não quis adquirir fotos da sua formatura em Direito na UFMG, em que foi agraciada
com vários prêmios, culminando com o maior deles, o Prêmio Rio Branco (1977, clique aqui). Eu poderia ter comprado as fotos. As que temos de formatura
dela são do curso de Letras. Medalhas tinha várias, que ganhou durante sua
vida, bem guardadas, fadadas ao esquecimento. Sua modéstia era de um natural
inegociável. Muitas vezes, tomávamos conhecimento de suas realizações na
profissão, por intermédio de terceiros, porque ela não se gabava de nada.
O que era importante mesmo
para ela era o testemunho da fé. Penso que o trabalho de que ela gostava mais
era o de catequizar crianças e adultos. Nos fins de semana, em vez de descansar,
ia trabalhar para a nossa Paróquia e a única recompensa era a alegria de
transmitir o Amor pregado e realizado por Jesus.
Se ainda estivesse vivendo
entre nós, ela não gostaria de ler o que estou escrevendo, sei disso. Ela não tinha vaidades. Mas preciso
homenageá-la, eu a admiro e agradeço muito por tudo o que fez por nós.
Este texto não está à altura
da grandeza da sua alma, mas talvez ela goste, agora, que nos lembremos de
rezar por ela ou de pedir sua intercessão junto ao nosso Salvador. Ela já me
atendeu algumas vezes, em situações em que estive em sofrimento, que é coisa
inerente à nossa vida por aqui, neste mundo. Por mais que tente interpretar, racionalmente,
como "pensamento mágico" os casos em que senti que ela intercedeu por mim, não
consigo reduzir a consistência dos fatos a mero acaso.
Mas isso está muito triste,
coisa que ela não era. Acabei de ter um flashback
de memória com ela rindo a bandeiras despregadas. Vou deixar de lado a minha carranca,
imagino que, onde ela está, deve estar achando muito engraçada toda essa minha verborragia
primitiva. Mais risível do que os filmes de comédia que lhe provocavam gargalhadas
homéricas. Se a gente quisesse rir, era só assistir a algum programa ou filme
cômico, junto com ela, e desopilava-se o fígado.
Pronto, é assim que quero me
lembrar dela hoje, com muita alegria pela oportunidade de ter convivido com ela
durante tão bons tempos.
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Links relacionados:
O Prêmio Barão do Rio Branco (Maria Leonídia, 1977)
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