quarta-feira, novembro 30, 2022

O choro é livre

 

"O choro é livre"

Ainda bem que pelo menos o choro ainda é livre. Já pensou não poder chorar mais e, se chorarmos, tivermos que pagar multa, formos presos ou tivermos alguma coisa bloqueada na nossa vida? Nem é bom falar muito, para não dar ideia.

Mas, voltando ao mundo democrático que existe dentro da nossa cabeça, onde a gente pode pensar, ou pensa que pode... Alguém perguntou: "O que é mais libertador, chorar convulsivamente ou compulsivamente?"

Eu não conhecia a expressão "chorar compulsivamente". Achei uma explicação no Ciberdúvidas que não me convenceu (ver links relacionados, ao final).

Chorar convulsivamente, sim, este choro, eu conheço; a pessoa sacode como se estivesse em um tipo de convulsão. É aquele choro seco que se manifesta por solavancos respiratórios, quase sem som, acompanhados de mímica facial contraída; em geral, a pessoa leva as mãos ao rosto, como que para se esconder ou se proteger. É horrível, principalmente, se a pessoa estiver sozinha... longe de ser libertador... e não estou falando como médica, apesar de ter usado uma descrição aparentemente anatômico-fisiológica, para camuflar alguma conotação eventualmente sentimental. Não quero choros inúteis, já bastam aqueles dos quais não podemos escapar.

Se é que libertador, aqui, tem sentido de instrumento de desabafo, seja qual for o choro, ele o é quando existem pessoas próximas que confortam aquela que chora. Acho que faz parte do repertório normal da interação humana, esse negócio de chorar e ser consolado.

Nada "libertador", porém, é não conseguir chorar. Acho muito ruim. Mas muito bom é o Nat King Cole cantando "Não tenho lágrimas" (links relacionados abaixo).

Já dizia o poeta Mário de Lima em sua "Quadrinha":

“Tortura menos a mágoa
que lágrima aos olhos traz,
porque nesta gota d'água
é que a dor se liquefaz".

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Links relacionados:

Chorar convulsivamente ou compulsivamente

Não tenho lágrimas

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domingo, novembro 27, 2022

Do you hear the bells?

 

English follows below

Français suit ci-dessous

"Sacré-Cœur de Jésus, j'ai confiance en Vous"

Do you hear the bells? Écoutez.. Eles estão repicando! :-)

Aconteceu uma coincidência curiosa, enquanto eu batia uma foto, em 2007. Estava tudo silencioso, a igreja fechada, ninguém do lado de fora. Quando pus um dos meus joelhos em terra para ter um POV baixo, aos pés do Cristo, no jardim do adro, os sinos começaram a bater freneticamente. Eu tomei um susto danado 😂. Em seguida, abriu-se uma porta lateral e pessoas começaram a sair. É que havia um batizado que acabava de ser concluído.

26 de novembro de 2022

Hoje, durante minha caminhada, bati esta foto daquela mesma igreja. Sem sinos. Que pena, esta é uma das várias que foram "dessacralizadas", na província de Québec. L'Église Notre-Dame du Rosaire, a mais antiga de Saint-Hyacinthe, foi vendida em 2019 e vai ser transformada em museu.

Fotos de 2007 ao final da página (souvenir do TrekEarth).

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A curious coincidence happened while I took a photo, in 2007. It was quiet, the church was closed, nobody outside. When I put one of my knees on the ground to have a low POV, at the feet of the Christ, in the garden of the square of the church, the bells started ringing frenetically. I almost jumped 😂. After that, a lateral door opened and people started to leave. A baptism had just finished to be concluded.

November 26, 2022

Today, during my walk, I took this photo of that same church. No bells. What a pity, this is one of several churches that have been "desacralized" in the province of Québec. L'Église Notre-Dame du Rosaire, the oldest in Saint-Hyacinthe, was sold in 2019 and will be turned into a museum.

Photos taken in 2007 at the end of the page (TrekEarth souvenir).

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Une coïncidence curieuse s'est produite alors que je prenais une photo, en 2007. Tout était silencieux, l'église était fermée, personne dehors. Quand j'ai mis un de mes genoux par terre pour avoir un "low POV", aux pieds du Christ, dans le jardin au parvis de l'église, les cloches se sont mises à sonner en fou. J'ai fait le saut 😂. Après cela, une porte latérale s'est ouverte et les gens ont commencé à sortir. Un baptême venait tout juste d'être conclu.

26 novembre 2022

Aujourd'hui, lors de ma promenade quotidienne, j'ai pris cette photo de la même église. Sans cloches. Quel dommage, c'est l'une des nombreuses églises qui ont été "désacralisées" dans la province de Québec. L'Église Notre-Dame du Rosaire, la plus ancienne de Saint-Hyacinthe, a été vendue en 2019 et sera transformée en musée.

Les photos prises en 2007 sont à la fin de la page (souvenir du TrekEarth).

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Dia 27 de novembro é dia de Nossa Senhora das Graças e da Medalha Milagrosa.
Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós.

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Links relacionados:

L'Église Notre-Dame du Rosaire citée immeuble patrimonial

Dessacralização

Nossa Senhora das Graças

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Fotos que eu tirei em 2007:

 


quarta-feira, novembro 02, 2022

Todos os Santos

 

"Família que briga por politica briga por toalha molhada e janela aberta.
Aqui em casa é uma diversidade bendita, amor e desacordo."

-José Eduardo

Eis aí, em epígrafe, uma simples postagem de rede social, do primo José Eduardo, condensando princípios básicos de ética e cidadania, respeito e tolerância - tudo o que o Brasil está precisando tanto! E dito, assim, de improviso, tão poeticamente!

A polarização política extrema a que se chegou no Brasil, com falta de respeito e de tolerância em ambos os pólos, está uma coisa calamitosa. Trocam-se discursos irados com acusações e ambos os lados não percebem que eles próprios estão cheios de ódio uns pelos outros - cada um acha que o outro é que está. Graças a Deus não são todos que estão nesse fanatismo, mas grande parte da população está se deixando levar por essa onda insana.

Todos querem o bem do país, não tenho a menor dúvida. Todos acham que estão na melhor via, em busca da liberdade, da paz... e tome "textão"! Enfim, todos acham que estão certos e que o outro lado vai destruir a nação, aumentar a pobreza, etc.

Coisa triste, os dois lados têm gente que fabrica as famigeradas "fake news". Já recebi várias de ambos. Antes, eu verificava tudo e descobria que eram mentirosas. Atualmente, nem abro esses arquivos duvidosos mais. Cansei de "extrair a raiz quadrada" - expressão que minha mãe usava para dizer que eu esmiuçava tudo.

Tenho familiares muito queridos que pensam diferente de mim. Mantive-me bastante discreta com estes, só falei sobre o assunto com quem eu sabia que estava do mesmo lado que eu. Não me sinto no direito de criticar ou tentar forçar mudança de pensamento de ninguém. Só quando era interpelada que me manifestava, mostrando minha opinião.

Também não quis nem estava em condições de me envolver em polêmicas, que fosse para ajudar, pois estava e estou, ainda, num processo de luto muito doloroso, precisando mais mesmo é de receber ajuda - não financeira, pois tenho o suficiente para sobreviver. Graças a Deus, não faltou quem me acudisse na viuvez, que me aconteceu sem aviso prévio, na pior fase da pandemia. Sempre tive - e tenho - gente caridosa para conversar comigo ou, pelo menos, mandar mensagens carinhosas. Guardo essas pessoas num lugar muito especial do meu coração.

Agora, ao final do processo eleitoral, não nego que fiquei triste porque o candidato que escolhi perdeu. Mas não vou embarcar em sentimentos negativos. Eu não perdi, pois fiz o que achei que era melhor para todos - consciência em paz é uma vitória. Além do mais, rezei muito para que o melhor acontecesse para o Brasil. Se o país tem que passar por isso, que assim seja. Mas não seria pelo meu voto que a nação seria lançada sob o domínio de uma ideologia que tira Deus do coração do homem. Isso não.

Para terminar, quero falar sobre o esforço que fiz para ficar contente com a felicidade de entes queridos que escolheram o candidato que ganhou a eleição, apesar de eu mesma não estar feliz. Amar meus queridos, amo muito. Por isso, aproveitei essa experiência espiritualmente enriquecedora, para tentar "crescer". É um exercício mental hercúleo, mas humildemente gratificante. Uma vez alcançado esse intento, fico mais capacitada para estender o sentimento a todos os brasileiros.

Talvez seja mais fácil para mim, que estou longe dos embates cara a cara. Mas há quem consiga lá no Brasil mesmo, com mais naturalidade, sensatez e poesia, como constatei com a postagem do primo José Eduardo, em rede social, em itálico na epígrafe. Obrigada, primo, pela lição. E parabéns!

Ontem, quando comecei a escrever este texto, foi a Festa de Todos os Santos. Que eles intercedam por nós, nos difíceis caminhos destas paragens.

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Links relacionados:

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