Sobre a necessidade de telas... e não somente para os insetos!
Era uma vez uma médica que estava de plantão e foi chamada à noite, num dos hospitais onde trabalhava. Sim, era eu. Atendi o paciente no seu quarto, em seguida me dirigi ao posto de enfermagem para dar as diretivas à enfermeira que lá estava. Comecei a prescrever e fazer pedidos de exames, sentada de um lado da longa mesa. Na outra extremidade, estava sentada a enfermeira, aguardando a papelada que eu estava produzindo.
O hospital é daqueles que têm jardins internos, que dão passagem a outras alas e departamentos. Estava muito quente. A porta que dava para o jardim contíguo estava aberta, bem como a janela do recinto. Uma brisa notívaga circulava agradavelmente, atenuando o calor e os odores farmacêutico-hospitalares.
Eis que, de repente, algo bem mais denso que a brisa entra pela porta, farfalhando no ar – vuf, vuf. A sala não era grande, num instante o monstro alado passou por cima da minha cabeça, num voo rasante. Não encostou em mim, mas senti o deslocamento do ar bem próximo e vi a sombra daquele bicho sobre a mesa onde escrevia. Imediatamente, soube que era um morcego – e não era o Batman. Fui tomada por um medo incontrolável. Com muito custo consegui abafar meus gritos, que saíram como gemidos sufocados. Desabalada, fui em direção à enfermeira, me agachei ao lado dela, me encolhendo o máximo que podia, quase em posição fetal, cobrindo minha cabeça com as mãos. E, mais vexaminoso ainda, creio que apoiava minha cabeça nos joelhos dela – minha memória tenta apagar esta parte, mas receio que seja verdade. A enfermeira permaneceu impávida, talvez paralisada diante da minha reação – uma médica que veio socorrer um doente, em pânico por causa de um morcego.
Naquela altura, já não sabíamos onde estava o animal. Voltei para a minha cadeira rapidamente, envergonhadíssima, rindo sem graça, tentando recobrar minha dignidade... rsrsrs. Para completar a cena, entra um moço uniformizado, do setor de manutenção, empunhando uma rede parecida com aquelas de pegar borboleta, em forma de coador de café, só que enorme e com um cabo bem longo. Fez uma vistoria no local, mas não encontrou o morcego. Talvez, tivesse saído pela porta por onde entrou ou, pior, ido para outros cômodos do hospital.
Isso tudo é muito grotesco! Hospital não é lugar de morcego! Nem de mosquitos transmitindo doenças, nem de mosquitos ponto. E vamos deixar outros casos "cabeludos" para uma outra vez...
Sempre que me lembro desse meu vexame, lembro também de um outro que o Jô Soares contou sobre o Max Nunes, produtor do programa dele e médico, que tinha pavor de bruxas – aquelas mariposas, insetos assemelhados a borboletas, de voo noturno. Segundo o Jô Soares, ele passou uma noite inteira no quarto de um paciente, pois cada vez que abria a porta para sair, tinha uma bruxa voando no corredor. O paciente nunca teve um médico tão dedicado! Vocês podem imaginar o Jô Soares contando essa história, é de chorar de rir. Bom, pelo menos estou em boa companhia nos meus medos... rsrsrs
Mas, por favor, ponham telas nas janelas e segundas portas de tela, se quiserem deixar o ar entrar!
Para complementar:
Não achei o vídeo do Jô Soares contando o caso, mas achei um da filha do Max Nunes falando sobre isso, também em um programa do Jô:
https://globoplay.globo.com/v/1365252/
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Links relacionados:
Não era o Batman (versão original)
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