Tenho assistido aos vídeos do Padre Dominic LeRouzès, com homilias que nos ensinam muito e são cheias de fé. Ele, assim como o Papa Francisco, sempre recomenda que devemos dar testemunho de nossas experiências espirituais, para dar força à Igreja Missionária. Tenho certeza de que lendo isso, muitos vão-se lembrar de experiências semelhantes que tiveram. As graças são distribuídas em profusão, para todos. Falta-nos atenção para reconhecê-las. Mesmo nos sofrimentos, recebemos graças.
Preciso registrar tudo isso, também para que eu mesma possa reler e relembrar, como dose de reforço.
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13 de dezembro de 2020: por que aquela chuva de corações - literalmente? Justamente um pouco antes de ele passar mal e ser hospitalizado... “Ó Deus, como são insondáveis para mim vossos desígnios!” (Salmos 139:17).
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Ó Imaculado Coração de Maria, cuidai de nós.
Ela cuida. Tive vários sinais que interpretei como sendo de Sua presença, durante o período de sofrimento, com Léo ainda no hospital e durante a saga post mortem. Tomei nota... está tudo guardado no meu computador e no meu coração.
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Vou partilhar, aqui, algumas memórias mais recentes, como testemunho de fé.
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3 de dezembro de 2021: Anjo da guarda com árvore de natal
Eu estava extremamente aflita, por causa do andamento que tinha que dar a certos documentos, e me sentindo desamparada, solitária. Então, implorei ao meu Anjo da Guarda para me ajudar, para me acompanhar.
Saindo da agência de Correio do Canadá, dentro de uma farmácia, já com meio caminho andado nas providências necessárias, vi muita gente na ala onde havia enfeites de Natal. Fui lá ver se havia algo que me interessava. Para minha surpresa, susto mesmo, a primeira coisa que vi, foi um anjinho onde estava escrito: "Je pense à toi". Fora os anjinhos com a faixa "Glória a Deus nas Alturas" que costumávamos pôr no alto das grutas de presépio, nos tempos de minha infância, nunca tinha visto enfeites de Natal com alguma inscrição. Não tive dúvida, comprei o enfeite, penso que foi meu Anjo da Guarda que me conduziu a ele, para me mostrar que ele estava comigo.
Para completar, quando contei essa história à minha cunhada, ao mostrar-lhe o anjinho, ela observou uma arvorezinha de Natal que ele está segurando, que eu não tinha visto ainda. E ela me lembrou que eu tinha achado estranho o Léo não ter ido comprar o sapin de Noël (ele sempre fez questão), para o Natal de 2020 que ele, afinal, passou no hospital... Será que ele já estava com algum pressentimento? Sentindo algum mal diferente? E não me falou nada... Também não me animei a arrumar em 2021. Pois o anjinho trouxe a árvore para mim.
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26 de março de 2022: Bebê Jesus
Lendo sobre Santa Faustina, fui bebendo aquelas palavras, encantada com suas experiências místicas. As explicações que o Menino Jesus deu a ela sobre a "infância espiritual", na idade adulta, me tocaram tanto! Porque eu me lembro da confiança que eu tinha em Deus, quando era pequena. Era uma entrega total. Tive vontade de experimentar essa atitude de novo, mas é tão difícil! Quis, também, pegar o bebê Jesus no colo e aconchegá-lo junto ao meu coração, como ela fez.
Diz o diário de Santa Faustina:
“(…) quando começou a santa Missa, reinou na minha alma um estranho silêncio e alegria. Então, vi a Mãe Santíssima com o Menino Jesus e São José, que estava parado atrás dela. A Mãe Santíssima disse-me: Eis aqui o teu maior tesouro. — E entregou-me o Menino Jesus. Quando O recebi nos meus braços, desapareceram a Mãe Santíssima e São José, e fiquei sozinha com o Menino Jesus.” (Diário, 608).
Adormeci com esta sensação boa, imaginando o bebê Jesus no meu colo. Que ousadia a minha, mas foi tão bom pensar isso...
No domingo que se seguiu (27 de março de 2022), era meu dia de ajudar na entrada da nossa paróquia, entregando o livreto da missa aos paroquianos. Tinha que chegar um pouco mais cedo.
O artista que canta e toca violão durante a missa, sempre treina, antes do começo da celebração, as canções que vão ser executadas. Naquele dia, ele cantou uma música que não fazia parte do repertório litúrgico, coisa que não vi acontecer de outras vezes.
A melodia me pareceu familiar... sim, eu já a tinha ouvido, mas não me lembrava da letra, nem a entendi muito bem, lá de trás. O único verso que compreendi foi: "Prend un enfant dans tes bras". Na verdade, verifiquei mais tarde, pela internet, as palavras certas são "Prendre un enfant dans ses bras", mas alguma coisa me fez compreender a frase no modo imperativo.
Aquilo me impressionou muito. Por que ele cantou aquela canção? Minha interpretação foi de que eu deveria sentir-me como se pegasse o Menino Jesus em meus braços, quando recebesse a comunhão. Tomei esse acontecimento como uma imensa graça recebida da Misericórdia Divina.
A canção é linda, por sinal, coloquei um link ao final do texto.
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A Misericórdia Divina sempre... O encontro!
Desta vez, foi no Domingo da Misericórdia e no sábado precedente que assisti aos vídeos das homilias do Padre Dominic LeRouzès (links ao final do texto).
Na homilia de sábado, o padre nos fala da dificuldade que os apóstolos tiveram em acreditar no Jesus Ressuscitado. Não só Tomé. Tomé ousou dizer que não acreditaria se não O visse, se não O tocasse. Tomé é nosso "gêmeo", de todos nós. Os outros apóstolos também só acreditaram quando O viram. Há um bom lado nisso, que eles não eram inclinados a acreditar em qualquer coisa. E mesmo vendo-O, eles O reconheceram somente quando ele partiu o pão, como fizera antes, e quando comeu alguma coisa, para mostrar que não era um fantasma. Jesus "soprou" o Espírito Santo sobre eles (mesmo antes de Pentecostes), para abrir-lhes o entendimento. Explicou tudo de novo, conforme as Escrituras, e enviou-os a fazer discípulos de todas as nações.
O padre explica, ainda, que muitos católicos atuantes - até mesmo padres e bispos! - têm essa dificuldade de confessar Jesus Vivo hoje. Eles aceitam intelectualmente, com os estudos, a razão, mas não tiveram um "encontro" com Jesus Ressuscitado, para senti-lo pelo coração. Não necessariamente um encontro como o que houve com os apóstolos. Pode ser um acontecimento, um sinal, um não sei quê, que nos faz senti-LO de verdade. E não podemos fazer esse encontro por nós mesmos, diz o padre. É Jesus que nos dá essa graça.
Ouvindo essa homilia, lembrei-me de que eu já tinha tido um encontro com Jesus, fiquei-me sentindo privilegiada... Como é fácil cair nas armadilhas da vaidade! Depois, pensei bem, retomando a humildade que me escapara... Não foi um encontro com o Ressuscitado, foi com Jesus em sua Paixão, no episódio da Coroa de Espinhos.
Ter empatia com o sofrimento de Jesus está mais a nosso alcance, pois nós também sofremos, é de nossa natureza. Por isso mesmo que Jesus quis sofrer como homem, para estar a nosso alcance. Eu tive essa empatia e muito forte; foi um "encontro" com Nossa Senhora e com Jesus - foi uma graça recebida (ver 'Amor ricochete' em links relacionados, ao final).
Mas a Ressurreição não está ao alcance do nosso estado natural. É algo impossível para nós, por nós mesmos, está fora dos nossos parâmetros. Por isso, é muito difícil crer! Tive, no entanto, uma vontade enorme de ter um "encontro" com Jesus Ressuscitado, um sinal que me fizesse sentir Sua presença.
No dia seguinte, não estava pensando mais nisso. A ideia daquele encontro já tinha ido para o campo do improvável.
Fazendo minha caminhada pela cidade, tive vontade de conhecer um lugar que sempre vislumbro, ao fundo das ruas transversais à avenida em que trafego. Desde que a neve derreteu, o verde está bem visível, parece um parque. Virei a esquina, fui em direção ao campo verdejante. Ruas tranquilas, quase nenhum trânsito, conversas aqui e ali escapavam pelas janelas das casas, que já se abrem para a primavera.
Não demorou muito e já estava diante de uma espécie de parque de diversões. De um lado, uma praça grande, vazia, com tonalidades de verde que, embora ainda tímidas, já contrastam com o resto da cidade, que arrasta vestígios do inverno implacável. Vários bancos de praça convidativos e caminhos entre as árvores fizeram-me imaginar crianças correndo e rindo. Mas os gritinhos infantis vinham do outro lado, onde alguns pequenos meninos e meninas corriam alegres, sem bola, num campo de futebol, enquanto seus pais os olhavam, mais adiante.
Veio-me a curiosidade de saber o nome do lugar. Aqui na Província de Québec, o que não faltam são placas e cartazes informativos - o que aprecio muito. O cartaz anunciava o nome do parque - Parc des Loisirs Christ-Roi - e o que não era permitido fazer ali.
Bem, estava satisfeita com minha caminhada, voltei para casa.
Fui verificar minhas mensagens pela internet e havia, sim, de uma amiga/prima, de Vitória do Espírito Santo (Rowena), indicando o link para acessar o encerramento da Festa de Nossa Senhora da Penha. Ela sabe que gosto muito de ver, são festas lindas e emocionantes, com multidões de fiéis, na paisagem maravilhosa da cidade.
Liguei o computador rapidamente, para ver se ainda pegava alguma coisa e, com espanto e deslumbramento, obtive a explicação do que tinha acabado de me acontecer - o "encontro"!!! Demoro para compreender essas coisas, eu ainda sou muito crua. A Misericórdia Divina acaba por me dar alertas, como se estivesse me sacudindo: "Acorda!!!"
Quando acessei a festividade, a multidão estava cantando este trecho de música: "e quando amanhecer o dia eterno, a plena visão, ressurgiremos por crer nesta vida escondida no pão". Em seguida, o Bispo emérito tomou a palavra e disse: "Que seja esta a nossa alegria, o encontro com o Senhor ressuscitado." (ver link ao final). Foi aí que eu compreendi, "a ficha caiu", provocando em mim um abalo místico! Até a palavra "encontro" foi dita! Eu tinha acabado de me encontrar com "meu Senhor e meu Deus", no parque "Christ-Roi"!!!
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Uma questão que sempre me perturba: melhor seria guardar esses fatos só para mim? E a necessidade do testemunho? Tenho ouvido muitos padres recomendando que partilhemos nossas experiências espirituais. O medo de ser considerada maluca, este não me incomoda muito, pois de louco todos temos um pouco. De qualquer modo, temos que ficar vigilantes para não sermos movidos pela vaidade de achar que somos privilegiados, pois esses acontecimentos não são por mérito nosso, tampouco privilégio, pois as graças são dadas a todos - o que nos falta é pedir e reconhecê-las. Mas também precisamos não confundir vaidade com a "alegria do encontro"... esta alegria do coração que "sai pela boca" não pode ser condenada, penso eu.
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Links relacionados:
Santa Faustina e o Menino Jesus
Homélie Pe. Dominic LeRouzès 23 avril
Homélie Pe. Dominic LeRouzès 24 avril
Encerramento da Festa da Penha
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