domingo, abril 03, 2022

Cadeira do futuro

 

Minha "cadeira do futuro" é, na verdade, de balanço entre passado e futuro. Sim, é uma cadeira giratória e de balanço com uma outra funcionalidade que aguardava meu futuro. Há coisas assim, que a gente só descobre depois de muito tempo. Pelo avançar da idade, acabei descobrindo mais uma utilidade para ela.

Ganhei do meu marido, há muitos anos, essa cadeira de balanço com um intrincado sistema de barras de ferro por baixo do assento; nunca investiguei, completamente, a razão da parafernália. Usava-a para minhas leituras, para fazer meu tricozinho, às vezes simplesmente para admirar a paisagem do nosso terreno, com muitas árvores, flores e passarinhos, nossa gatinha interagindo com tudo aquilo e o rio ao fundo.

Ultimamente, já aposentada, acontecia-me de cochilar e, como o encosto ficava em posição vertical, não dava sustento à cabeça, que tombava para a frente, várias vezes, acordando-me em ligeiros sobressaltos. Para dormitar, então, preferia o nosso sofá com assentos que quase se transformavam em camas. Mas ainda era relativamente raro que eu me abandonasse ao sono em hora extra.

Com a mudança, tive que me desapegar de muita coisa que não caberia no meu novo "très petit chez moi". O famoso sofá, entre outros móveis que eu apreciava tanto, ficou para trás.

Mas a tal cadeira, esta eu trouxe.

Continuava com o incômodo de cochilar sem relaxar completamente a cabeça e resolvi procurar uma que fosse reclinável. Fui a uma loja especializada e, para minha surpresa, lá havia um modelo igual ao da minha cadeira. Na demonstração da vendedora, surpreendi-me mais ainda, pois vi que a alavanquinha que nunca dantes tivera revelado seu segredo para mim executava a magia de reclinar o encosto.

Pronto, resolvido o meu problema, sem precisar comprar nada, nem me desfazer de mais um móvel carregado de boas recordações. Foi como se eu ganhasse esse presente do meu marido, de novo.

Para os pés, um bom pufe dará o toque final para o descanso da "velha" cabeça. Sim, "velha", mas entre aspas, pois ainda me sinto em forma nos meus pensamentos; não diria jovem, pois creio que meus pensamentos hoje são mais razoáveis do que quando eu tinha menos idade. Mas isso é assunto para muitas cochiladas.

Moral da história: a maneira como vemos as coisas hoje pode mudar no futuro, ou a realidade pode estar além daquilo que vemos, ou ainda, nem sempre somos capazes de compreender tudo. É preciso desvendar os segredos da alavanquinha. 😄

Let's go em busca de um pufe para tirar os pés do chão! 😉

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