Croix de chemin au Chemin du Roy, à Neuville QC |
Costumamos pensar que a conversão se dá de um estalo, como "cair do cavalo" – isso aconteceu com o grande São Paulo, mas nem todos recebemos esta graça [1]. Temos que trabalhar para isso sempre, pois a conversão, em geral, é um processo diário que precisamos manter ativo. No meu caso, pelo menos, é assim. Tenho tido períodos mais fervorosos, nos quais percebo que minha fé e meu entendimento evoluem de algum modo. Em outras fases, fico como que estagnada.
Já idosa, descobri a maravilha de ter sido consagrada a Nossa Senhora, quando fui batizada. A um dado momento, senti um ímpeto de venerá-la e renovei o ato de Consagração a ela, pelo método Montfort.[2] Tenho recebido sinais e consolações em profusão, desafiando minha petulância em considerar coincidências, ou seja, interpretar tudo como sendo ao acaso.
Não posso omitir o fato de que o incremento na minha devoção mariana deveu-se, consideravelmente, às aulas do Padre Paulo Ricardo, induzindo-me à busca de outras leituras similares, sempre à procura de maior compreensão do evento salvífico.
Durante os últimos anos, senti muitas vezes, em meu coração, a doçura do Coração Imaculado de Maria. Ela vem me guiando ao encontro de Jesus. Pela nossa parca inteligência e pelo sofrimento inerente a este mundo, é possível abrirem-se janelas que deixam vislumbrar o mistério sobrenatural da Redenção, o mistério do Amor “ricochete”. É preciso destrancar as janelas.
O que dizer do “Assessor” divino que nos acompanha. Minha alma sabe do meu Anjo da Guarda que, invisível, se faz presente. Cada um de vós, rezai para o vosso e sabereis também.
No sofrimento do meu marido, no leito de morte, sofri muito também. Pedi a Nossa Senhora que a nossa dor se juntasse à da Paixão de Cristo, para contabilizar, ainda que infimamente, no “capital de graças” reservado à humanidade. E foi-me dada a graça de ter empatia com o sofrimento dEla e do Seu Filho, naqueles dias que precederam a Ressurreição de Jesus.
Pequenos detalhes podem nos servir de degraus para galgar novos patamares. Quando vi meu marido com um suporte para oxímetro em torno da cabeça, fiz a associação imediatamente... “Coroa de espinhos”. Vi Jesus através do meu amado e O amei, esse Amor ricochete – o Amor de Cristo por nós, que nos capacita a amá-lO de volta. Eu O “vi” no meu marido em sofrimento. E O amei no amor ao meu marido, que é como amar a mim mesma. Foi uma lição dolorosa.
Mateus 22: "37.Respondeu Jesus: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu o coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito (Dt 6,5). 38.Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39.E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18)."
Desde esse tempo, tenho mantido essa associação de ideias e compreendido, mesmo que precariamente, o imenso Amor de Deus à humanidade. Estou aprendendo a amar Jesus Homem, nas nossas medidas. Amando sua Humanidade, amamos Deus nEle, pois suas duas naturezas são inseparáveis [3].
Claro que também pedi a Nossa Senhora para que meu marido ficasse bom. Mas, finalmente, o “ficar bom” foi para ficar melhor ainda... Desta para melhor. Só Deus sabe o que é melhor para nós.
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Links relacionados:
[2] Consagração a Nossa Senhora
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