terça-feira, outubro 15, 2019

Jesus entre os dois ladrões – prefiguração

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Muito se tem falado ultimamente sobre a publicação do jornalista Eugenio Scalfari, em que diz reproduzir palavras do Papa Francisco. O que gerou estupefação entre muitos católicos foi que o Papa teria declarado duas passagens do Evangelho, citadas pelo jornalista, como provas de que Jesus, uma vez feito homem, deixara de ser Deus. Seguem abaixo as citações mencionadas:
- “Meu Pai, se possível, afasta de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mateus 26:39).
- “Meu Deus, meu Deus! Por que me abandonastes?“ (Mateus 27:46).
Jesus sabia que iria passar por este sofrimento, Ele preveniu os apóstolos antes, disse que era preciso que isso acontecesse para, em seguida, ressuscitar. Só mesmo sendo Deus é que pôde assumir, voluntariamente, todo o sofrimento da humanidade inteira, causado pelo pecado. E, como homem, passar pela sensação de abandono de Deus, num processo misterioso para nós em que Ele assume esse afastamento de Deus e o ressente, ao mesmo tempo, para em seguida ressuscitar, estabelecendo o nosso resgate para a Eternidade. “– Eis o mistério da fé!
O Papa Francisco pode até ter falado com o tal Sr. Scalfari sobre exercícios de pensamento filosófico em teologia cristã, achando que ele seria capaz de discernir entre isso e crença, entre isso e o mistério da fé. Não acredito que o Papa se confiaria a um jornalista, em caráter confessional. Penso que ele não diria ao Sr. Scalfari que, em sua opinião, Jesus teria se despojado da condição divina quando se tornou homem, enquanto que, ao público, fala com a face iluminada de alegria, tudo o que a Igreja sempre proclamou, tudo o que aprendemos no Catecismo.
Temos um bom exemplo de quem o Papa diz que Jesus é, ao comentar sobre o Evangelho em que o próprio Jesus pergunta aos apóstolos: "Mas, vocês, Quem dizem que Eu sou?" O Papa Francisco fez uma homilia muito bonita sobre o tema. Nada de novo, mas bem falado, aquilo que eu queria ouvir de sua própria boca: "Somos chamados a fazer da resposta de Pedro, a nossa resposta, professando, com alegria, que Jesus é o verdadeiro Filho de Deus, a Palavra eterna do Pai, que se fez homem, para redimir a humanidade, derramando sobre Sua Igreja a abundância da Palavra divina." Mais adiante, ele diz: "Jesus, por meio do Seu Santo Espírito, nos dá a força, para levarmos adiante o caminho da fé e do testemunho: fazer aquilo em que cremos."
Abaixo, o texto no link número (1) é a tradução da homilia, em português. Ao final, há um link para o vídeo (2) que mostra o próprio Papa falando. É em italiano, mas ele fala pausadamente, dá para a gente compreender muito bem.
Por que o título do meu texto: “Jesus entre os dois ladrões”? Vamos lá... Não bastassem todas as vezes em que Jesus falou com Autoridade Divina, como quando o Sumo Sacerdote judeu rasgou suas vestes, por exemplo, há o episódio narrado por São Lucas sobre os ladrões crucificados ao lado de Jesus (Lc 23, 39-43). Esta passagem parece uma prefiguração, digamos assim. Enquanto o “mau ladrão” zomba e desfaz da Divindade de Jesus, o “bom ladrão” se reconhece um pecador e pede a Jesus, com fé, que se lembre dele, quando estiver no Seu Reino – assim como há, hoje, os descrentes e os crentes.
Quero agradecer a São Dimas, “o bom ladrão”, e pedir que rogue por nós, pecadores. Ele que nos possibilitou constatar, naquele momento de sofrimento, a imensurável Misericórdia Divina manifestada por Jesus que, mesmo pregado na Cruz, pouco antes de morrer como homem, deu mostra da Sua Divina e Infinita Bondade, ao perdoar os pecados daquele que demonstrou fé. Que nunca tenhamos a tentação de zombar ou desfazer da Divindade de Jesus, como fez o “mau ladrão”.
Mas, claro, quem não é crente, como se autodeclarou o jornalista, Sr. Scalfari, costuma mesmo ser seletivo – vê só aquilo que entende, satisfazendo sua ideia preconcebida. Por exemplo, toma como válidas as manifestações de sofrimento de Jesus homem, na Agonia e na Cruz, mas, ao que tudo indica, não leva em conta as manifestações de autoridade divina, narradas no Evangelho. A análise parece ser feita com dois pesos e duas medidas.
Para quem quiser tomar conhecimento dos artigos do Sr. Scalfari, coloquei-os na lista de links relacionados, abaixo (3, 4). Em (5), uma tradução em espanhol do editorial do jornalista.
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