quarta-feira, setembro 07, 2016

Excertos



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E se o Big Bang fosse um "reboot" (reinicialização) do sistema depois de um Big Bug... oops... após o dito "pecado original"?
E todo o processo evolutivo que se seguiu, se arrastando e tentando driblar a morte... Tudo parece bonito após a reinicialização, mas imperfeito, com as consequências do bug...

“Parece-me que todos os eventos que acontecem nesse universo são uma tentativa de dar lugar à vida. No entanto, a vida depende da morte de outro – isto não é o que eu chamaria de "perfeição". Apesar dessa confusão, temos uma espécie de instinto ancestral, eu ousaria chamar de memória ancestral de sobrevivência; estamos sempre tentando-nos recuperar, temos um impulso que nos leva ao desenvolvimento. Seja lá o que for, algo de errado deve ter acontecido com o universo, de modo a redundar nessa imperfeição. Deve haver algo mais amplo do que o que somos capazes de compreender por agora...
Em outra escala, seria algo semelhante ao agente que danifica a célula e provoca a sua multiplicação desesperada (no câncer), apesar dos efeitos nefastos causados a outros tecidos e até mesmo levando à perda de todo o organismo. Estou cada vez mais convencida de que o comportamento das células cancerosas é uma tentativa desesperada para sobreviver após uma lesão causada por algum agente nocivo (como a radiação, só para dar um exemplo). O dano sofrido é sentido como um perigo letal e a célula começa um mecanismo quase invencível de multiplicação, para manter-se viva. Mas ele é caótico e leva a consequências desproporcionadas. É o poder da vida atuando em um sistema que contém um erro, um "erro básico".
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Em nível de universo, algo realmente muito errado deve ter acontecido com a vida, de modo a explicar toda esta situação caótica, nada perfeita, de modo algum. É muito tentador acreditar em um agente prejudicial afetando o universo, e que poderia ser o que algumas religiões chamam de “pecado original”. Obviamente, eu não acredito literalmente em narrativas tradicionais, pois são recheadas de alegorias; mas, provavelmente, resultaram de pensamentos filosóficos inspirados. Que aconteceu? Eu não sei. Somos muito insignificantes para percebermos como e porquê. Mas o resultado é claro, todos podem constatar: cada unidade neste universo está tentando sobreviver e não consegue escapar da morte.” 
(Trecho de: VIEIRA-MONTFILS, M.C. Nos bastidores do Câncer. Petrópolis, Brasil: KBR, 2015: http://www.amazon.com.br/dp/B00W46DHBM)

INSTINTO IMORTAL
Porque dói tanto a morte?
Por que o pranto?
Não seria nossa inevitável sorte?
Que instinto ancestral,
em tão frágeis apriscos,
repudia seus riscos?
Que lei natural nos faz tão tristes?
Não seria o normal?
E por que dói tanto
esse instinto imortal?
(VIEIRA-MONTFILS, M.C. Janela Virtual. Acton Vale, Canadá: COOLSEA, 2005)
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