sexta-feira, agosto 28, 2020

Levei um sabão!


Com essa pandemia, descobri, sem querer, como amadurecer bananas, sem precisar de embrulhá-las e esquecer-se delas em algum canto. Esquecer-se, porque isso é coisa para terceiros, eu não me esqueço nunca de minha bananinha de cada dia, sou macaca de auditório.
Constatei que, lavando as bananas com água e sabão líquido que usamos para a louça, elas amadurecem um pouco mais rapidamente. Isso se a gente enxaguar, logo após lavar. Se deixar secar sem tirar o sabão, elas amadurecem em questão de horas, ficam escuras, perde-se tudo. Desde que isso aconteceu comigo, tenho feito jorrar água imediatamente após ensaboá-las.
Provavelmente, a casca não é impermeável e há quem critique o procedimento, pelo risco de ingestão do produto. Após “levar um sabão” [1], duplamente, fiz uma rápida pesquisa na web e encontrei um artigo (em francês [2]) com a resposta de um farmacêutico, no caso da lavagem de louça, citando estudos sobre o assunto. Uma quantidade mínima de “liquide à vaisselle” não faria mal.
Essa questão remeteu-me a meus primeiros tempos de canadense, quando algumas visitas, solícitas em me ajudar na tarefa de lavar pratos, talheres e panelas, após a refeição, tentaram ensinar-me como se faz, achavam meu método muito demorado. Aqui, todo mundo estranha quando enxáguo o que lavei. Eles nunca. O sabão faz parte da dieta invisível. 😏
Quem, como eu, não tem máquina lava-louça, enche a pia de água pelando e espumando e dá um banho de imersão no vasilhame. Retira-se um por um, passando a “mop” própria para isso, enxuga-se tudo com pano de prato ou coloca-se no secador de louça.
Em tempo: não se faz isso com as bananas!
Enfim, algumas novidades eu trouxe para o mundo desenvolvido. Misturei costumes do sul com os do norte. Gostei do banho de imersão dos utensílios. Não mata os micróbios, mas, pelo menos, serve para manter nossas mãos quentinhas. Em vez de “mop”, uso uma boa bucha e esfrego bem. Depois, enxáguo para tirar o sabão e ponho para secar.
Para não causar aflição nas visitas apressadas que dispensam o enxágue, só lavo a louça depois que elas vão embora, na solitária paz da minha cozinha. Mesmo porque não faz sentido colocar meus convidados a trabalhar. Gosto de ver todo mundo se divertindo, de folga das tarefas domésticas. Quem sabe assim tomam gosto para voltar “chez nous”.
Será que vamos poder nos encontrar, um dia, sem medo de contágio por Covid-19?
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