Tem gente que tem medo de
avião; só de entrar na aeronave, o nervosismo já vai às grimpas, antes de
decolar. Eu, ao contrário, quando me acomodo na poltrona, que sei que estou no
lugar certo, para o destino certo, fico tão aliviada... Relaxamento total. Quando
o motor começa a funcionar, então, as pálpebras vão ficando pesadas, caio no
sono solto, solta no ar.
Já passei por turbulências
em que até os comissários de bordo ficaram com ar de perplexidade, mas resolvi
bem o meu PAVOR nessas horas, rezando todas as orações que sabia de cor, quase
em alta voz, e apertando os braços da poltrona o mais forte que consegui, nada
mais. Penso que passo despercebida, mas não posso ter certeza disso, pois fecho os olhos nesses momentos,
para me concentrar nas orações. Só uma vez notei que uma criança na poltrona do
outro lado do corredor estava olhando para mim, com um sorriso nos lábios 😂.
O que me enerva mais mesmo
são os preâmbulos. O check-in, a espera, a fala ininteligível do aeroporto – que aqui nunca
chega aos pés da voz da Iris Lettieri. Aquela irritação com alguém por perto
que não para de falar ALTO na hora que anunciam alguma coisa no alto-falante;
será que ela falou sobre o meu voo? As malas, estas não levo mais nenhuma para
ir no bagageiro. Chega do stress da mala.
Até parece que já tive algum
problema mais grave antes de pegar um voo. Já tive. Com tantas vezes que já
viajei Canadá-Brasil-Canadá, a chance de acontecer algum
aborrecimento se apresentou em algumas delas; voos cancelados/ter que voltar
para casa, mau tempo de um lado, perda do voo do outro/ter que ir para hotel/mudança
de rota, mala que foi mas não foi... já perdi a conta do número de chateações
que ocorreram.
Mas o pior do meu nervosismo
antes de entrar no avião é mesmo pelo receio de pegar algum corredor errado no
aeroporto, de perder o avião, mesmo estando bem adiantada para a conexão... Já
nem ligo de ter que esperar muito tempo, quando compro minhas passagens, já
peço com boas horas de folga nas escalas.
Nunca mais quero passar pelo
desespero que passei no aeroporto de Chicago, então desconhecido para mim – e enorme!
– por onde tive que correr desabalada pelos corredores, arrastando duas malas, ao mesmo tempo tendo
que ler as indicações para chegar no ponto de um trem que tinha que pegar,
dentro do próprio aeroporto, que me levaria à porta de embarque; tudo novidade
para mim, tudo nos últimos minutos. Quando consegui chegar, fui a última a
entrar no avião, que já estava prestes a decolar. Nunca mais! E esta foi só uma
das escalas que tive que fazer nessa viagem que me custou menos dinheiro, mas
quase me custou a vida – o coração parecia que ia sair pela boca.
Graças a Deus, nunca tive
problemas alfandegários, jamais fui revistada, nem minhas malas. Mas acho que
sei a razão disso. Primeiro que nunca transportei nada proibido nem malas
exageradas (minto, já exagerei, mas só uma vez). Eles percebem quando há alguma coisa suspeita, imagino.
Segundo motivo, o
definitivo, é que meu medo de errar algum caminho ou instrução é tanto, que sempre
que me surge uma pequena dúvida, tenho que me certificar, fazendo perguntas aos
agentes dos aeroportos ou quando passo pelos guichês da alfândega. A minha
atitude é exatamente oposta à de uma pessoa que queira passar despercebida.
Perco a vergonha, pergunto tudo mesmo. Meu marido disse que eles devem ficar
loucos para se verem livres de mim e me liberam o mais rápido possível...
hahaha.
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Links relacionados:
A mala e o que nos faz odiá-la
Por ar, por terra ou por mar
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