Recente extravio de malas em
viagem de familiares meus à Europa e a crônica de Claudia Valle (Malas para mulheres – ver link ao final) relembraram-me minhas peripécias, ora engraçadas
ora não muito.
Não foi à toa que adjetivaram
o substantivo mala para definir pessoas enjoadas, chatíssimas. Que coisa
aborrecida e cada vez mais problemática. Meu desgosto por malas foi
gradativamente aumentando à medida que as regulamentações foram sendo
modificadas em função da segurança em aviões. Concomitantemente, meu gosto por
viajar vem diminuindo numa proporção bem próxima.
Nunca fui de viajar muito. Quando
viajava, não era por longos períodos, a mala não precisava ser muito abastecida.
A primeira vez que fiz uma viagem mais longa foi para encontrar e conhecer meu
namorado virtual, hoje meu marido. Dessa vez, confesso que exagerei com as
malas. Para ser sincera, nem foi porque ia demorar mais tempo, foi porque precisava de muitos acessórios, pois não
queria fazer má figura, queria aparecer bem na fita, como se diz.
Eu tinha, na época, um
conjunto de malas, incluindo uma encantadora frasqueira – gostava de arrumar
mala, sobretudo a frasqueira. Pus na bagagem quase todas as minhas melhores
roupas, para todas as ocasiões, todas as possibilidades, sapatos e bolsas combinando
com cada indumentária, sem esquecer de toda a tralha que se pode encontrar num
toucador ou penteadeira. Eram duas malas, uma grande e outra enorme, a
frasqueira, além de minha bolsa normal. Sim, normal, porque as outras,
reconheço hoje, não eram normais, podiam ser categorizadas como “estou de
mudança”.
Primeiro encontro, o pretendente
também queria fazer bonito, não poupou esforços – realmente necessários – para
levantar as malas na hora de pôr no porta-malas do carro, recusando minha
ajuda. Sem papas na língua, ele me perguntou se eu tinha colocado rochas lá dentro.
Mal sabia eu que ia passar
minhas férias numa zona rural, visitando fazendas e florestas, na primavera do Canadá,
que revelou-se um inverno rigoroso – ainda não sabia da missa a metade.
Resultado: as malas voltaram para o Brasil quase intactas, a maioria das roupas
sequer foi desdobrada.
Aprendi a lição e passei a
usar malas cada vez menores, mas ainda despachava, além das roupas, objetos que
não podiam mais entrar no avião, por medida de segurança. Depois de ter quase
perdido duas que tinham sido despachadas, reduzi ainda mais, levando somente bagagem
autorizada para ir dentro do avião. Se precisasse de alguma coisa a mais,
compraria no local de destinação.
Pois não é que, na última
vez em que fui ao Brasil, em junho/2015, tive problemas mesmo com minha bagagem
de mão? Quando fiz o check-in, um funcionário da companhia aérea mediu
minha mala no gabarito e disse que estava tudo correto, de bom tamanho, liberou.
Já dentro daquele túnel que desemboca na porta da aeronave – passenger boarding bridge – estava lá
uma funcionária da companhia com um outro gabarito, com medidas diferentes,
parando todo mundo para medir de novo. A minha não passou no teste, por
milímetros a mais na largura. Tive que deixá-la com a funcionária, para ser
despachada, e ela me deu um ticket para recuperar a bagagem. Tudo na correria,
causando stress em todo mundo. Tinha mãe de criança pequena abrindo mala para
retirar roupas e outras coisas que poderiam ser necessárias durante o voo,
outros passageiros pareciam meditar, tentando lembrar o que tinham colocado
dentro de suas malas, que pudessem precisar. Era uma viagem longa e, de
repente, todo o planejamento feito estava indo por água abaixo.
Dá muita raiva! A gente
desanima de viajar de avião. Sem falar nas histórias escabrosas que passam nos
noticiários. Enfim, todo cuidado é pouco,
a gente tem que prestar muita atenção nos tickets, para não levar gato por
lebre, ficar atento a tudo. E manter a calma, porque tem outra: se ficar
nervoso, eles tiram o passageiro do avião, com polícia e choque elétrico.
Pensar que antigamente os
serviços de aeroporto e das companhias de aviação eram impecáveis, com
gentileza a toda prova! Atualmente, nem a pontualidade, que era rigorosamente
respeitada, não existe mais.
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