domingo, setembro 08, 2019

Relato de viagem: França 1998


Junho/1998: Copa do Mundo de Futebol na França – Uma boa desculpa para reencontrar meu noivo (hoje meu marido), em campo neutro ;-). Fui pela VARIG, com direito a camisa e boné da Seleção Brasileira, que dei de presente para ele.
11/06/1998
Le vol a été retardé plus d'une heure, mais finalement je suis arrivée à Paris à l'Aéroport Charles de Gaulle et je pensais que j'étais encore au Brésil, parce qu'il y avait d'immenses tableaux de Pelé (Le Roi) et de Ronaldo (le Phénomène), partout dans l'aéroport. Mon fiancé (maintenant mon mari) était déjà arrivé et m’attendait.
Enquanto o Léo me esperava no aeroporto Charles de Gaulle, houve uma ação policial de evacuação de todos que estavam lá, devido a uma valise suspeita esquecida num canto. Quando cheguei, a situação já estava normal no aeroporto, mas o Léo não quis ficar mais nem um segundo em Paris.
12/06/1998
Compramos as passagens para o TGV (sigla em francês para trem de alta velocidade). Meu noivo estava apressado para sair logo de Paris, pois ele detesta cidade grande, qualquer que seja ela :-(. Havia gente demais na cidade e as medidas de segurança rigorosas eram visíveis... até Exército com metralhadoras nas ruas.
Fomos diretamente para a Normandia, de TGV em primeira classe! Meu marido queria conhecer as terras de onde os ancestrais dos quebequenses se originam... o norte da França – Normandia e Bretanha.
We spent a day in Deauville – a beautiful place! Delicious food! We traveled without making any booking for the hotels. A risky adventure, since it was time for the World Cup and the number of visitors was much higher than normal. But we were lucky; we found a place in a very nice hotel. Sunset at 9:15 pm, but sky clear until later.
13/06/1998
Nas primeiras páginas dos jornais: "Éric Tabarly desaparece no mar da Irlanda, na noite de 12 para 13 de junho de 1998. Ele foi projetado no mar durante uma manobra no seu famoso veleiro, o "Pen Duick"." A França estava em estado de choque.
E meu marido, um velejador apaixonado, também ficou consternado.

Petite pluie fine, du vent ! Nous avons acheté des vêtements chauds et des "coupe-vent", ainsi que des chaussures pour porter dans les voiliers. Un bon "café au lait" pour se réchauffer. Et nous sommes allés à Trouville. Après le souper dans le restaurant "Complexe Nautique", un "trou Normand"... Je me suis presque étouffée :-). Nous avons visité le "Casino".
14/06/1998
After a tour on the sea of Trouville, we went to Honfleur by taxi. We stayed at the “Place Ste-Catherine”. The city was crowded with tourists all the weekend long.
We always find a place in hotels for only one night; the next day, we have to look for another... always like that.
Chove e faz sol, intermitentemente, todo o tempo.
Honfleur foi uma parada obrigatória, pois parte da História de Québec começa aqui. Samuel de Champlain, um explorador francês, parte de Honfleur e chega a “Kébec” (palavra algonquin que significa “onde o rio se estreita”) em 3 de maio de 1608. Este dia marcou o começo da presença francesa em caráter permanente na América do Norte, após diversas tentativas mal sucedidas. Em Honfleur, pode-se ver, entre várias notas históricas, uma placa comemorativa com a inscrição que diz que deste porto Samuel de Champlain embarcou para a América do Norte e fundou a cidade de Québec.
15/06/1998
Nous avons marché beaucoup à Honfleur. Il pleuvait à seaux. Tout, ou presque tout, fermé le lundi. Nous avons visité le musée Eugène Boudin et la cloche de l'église Sainte-Catherine, qui est dans un bâtiment séparé de l'église. De nombreux lieux d'art, beaucoup de peintures à vendre.
Honfleur é conhecida principalmente pelo seu velho porto pitoresco e por ter sido pintada várias vezes por artistas, principalmente Gustave Courbet, Eugène Boudin, Claude Monet e Johan Barthold Jongkind, que formaram a Escola de Honfleur, considerada como um dos berços do Impressionismo.
É inevitável, a gente mergulha na História ao visitar Honfleur. É uma história fascinante. Honfleur é um porto mais que milenar fundado por Vikings. A cidade não foi destruída durante a II Guerra Mundial e mantém o aspecto dos séculos XVI e XVII, quase intacto até hoje.
16/06/1998
We woke up early to take a bus to Caen – excellent road! In Caen, we found a server for Internet access – we sent some messages to our families.
I went to a beauty salon to arrange my hair – 144 FRF.
We found a battery charger with voltage transformer (220 -> 110), for our movie camera, because ours had burned at the first attempt to use it in France.
O campanário da Igreja Saint-Pierre, em Caen, edificado no início do século XIV, havia sido destruído durante a segunda guerra mundial e, posteriormente, foi reconstruído com pedra de Caen, idêntico como era. Este material é um calcário extraído na região de Caen, empregado desde o século XI e utilizado na construção. Há várias edificações importantes nas quais foi usada esta pedra, não só na Normandia (França), como também na Inglaterra, sobretudo em Londres.
Let's go to St-Malo, via Dol. Nous sommes arrivés à 20:00: dîner et match de foot à la télé, Brésil 3 X 0 contre le Maroc.
17/06/1998
Andamos bastante em St-Malo, na praia (porto), Cité d’Aleth, St. Servin, Tour Solidor, Aquarium (peixes de água doce). Passeio em volta da “Mairie” (vieille ville).
Vimos a « Maison du Québec », a estátua de Jacques Cartier, que partiu de St. Malo para Québec (descobrimento do leste do Canadá).
Solidor guarda as coleções reunidas pelo museu de Saint Malo, sobre as grandes navegações – numerosas maquetes, instrumentos de bordo, objetos fabricados pelos navegantes ao longo de suas viagens ou trazidos de lembrança de lugares distantes.
Jacques Cartier veio ao Canadá bem antes de Samuel de Champlain. Ele fez várias viagens à América do Norte, a primeira delas em 1534. Ele tinha talento como negociador, o que lhe foi útil nos acordos com os Ameríndios. Achei interessante o fato de que ele sabia falar português, tendo servido como intérprete em várias ocasiões e novamente como negociador quando ajudou os normandos em conflito com os portugueses, ao largo do Brasil, em 1532.
St. Malo tem um complexo de fortificações e muralhas que foram construídas para protegê-la, “a cidade corsária". Entre estas fortificações está o “Fort National”.
18/06/1998
Fomos visitar “Mont Saint Michel”. Mosteiro enorme e lindo! Compramos “petits souvenirs”.
A maré nesta área muda rapidamente e foi descrita por Victor Hugo "à la vitesse d'un cheval au galop" ou "tão rapidamente quanto um cavalo a galope".
A arquitetura especial do Mont Saint-Michel e sua baía fazem com que seja um dos pontos turísticos mais freqüentados da França. O lugar figura na lista do Patrimônio Mundial da UNESCO, desde 1979.
19/06/1998
Fomos para Brest de TGV – muito confortável e RÁPIDO!
Chucrute no jantar, num restaurante très chic!
20/06/1998
Passeio de barco pela manhã, fomos à Ilha de Ouessant, Enez Eusa no idioma bretão. É uma ilha pertencente à Bretanha, região da França. A ilha marca o ponto mais ocidental da França europeia e está localizada no limite das águas entre o Canal da Mancha e do Mar de Iroise no Oceano Atlântico, um dos lugares com tráfego de navegação dos mais movimentados do mundo e um dos mais perigosos. Há vários potentes faróis e torres de radar lá. Fomos passear na ilha de barco; o mar estava calmo e o clima magnífico.
No passado, havia um ritual religioso nesta ilha, chamado Proella, que significa repatriação e que consistia em um funeral fictício daqueles que tinham afogado no mar e cujos corpos não haviam sido encontrados.
Visitamos um cemitério na ilha e o Léo achou as edificações nos túmulos diferentes dos cemitérios do Canadá. Eu achei muito parecidas com as do Brasil. Enquanto ele procurava nomes de família, eu procurava um túmulo que fosse parecido com o do meu pai, em Belo Horizonte, para mostrar a ele. Nas últimas fileiras, vislumbrei um e, quando me aproximei, vi que estava escrito YVON em maiúsculas e o nome de família em minúsculas. Tive até um sobressalto e emiti um grito abafado, ao que o Léo veio ver o que se passava. Era o único túmulo parecido e tinha o nome do meu pai. Coincidências estranhas...
21/06/1998
Pela manhã, havia uma homenagem para Éric Tabarly em Brest. Vimos muitos veleiros que chegavam para a solenidade. Até o Presidente da França (Jacques Chirac na época) estava lá para participar.
Em seguida, fomos para Vannes, de TGV. Ficamos hospedados na praça principal, onde havia batuques e shows, numa mistura indefinida de sons. Mais uma cidade rica em “chateaux”, muralhas, fortificações, com muitos jardins decorados.
Uma pena, não pude passear muito em Vannes, pois peguei uma gripe brava. Ainda bem que o Léo filmou por onde foi.
23/06/1998
Chegamos a La Rochelle, visitamos o Aquário, passeamos pela Praia Minimes, partout... Nunca vi tantos barcos a vela como em La Rochelle.
25/06/1998
Saímos bem cedo de La Rochelle e fomos de trem para Chamonix-Mont-Blanc. Atravessamos a França em direção ao leste, rumo aos Alpes. Subindo, subindo, subindo!!! Hotel très chic em Chamonix.
Fomos à Aguille du Midi, a quase 4000 m de altitude, por teleférico, uma aventura de tirar o fôlego, literalmente. Do alto do mirante, a gente avista o maciço do “Mont Blanc”, com elevações mais altas do lado suiço e italiano (com mais de 4000 metros acima do nível do mar), além de uma visão estonteante, em mergulho sobre Chamonix.
A subida é realmente impressionante, num dado momento a cabine fica suspensa sobre um vazio de mais de 2000 m, sendo recomendado às pessoas mais sensíveis ficarem no centro da cabine e voltarem os olhos para a montanha próxima e olhando para o alto.
No verão, há uma atração adicional, no que diz respeito às temperaturas: enquanto no centro da cidade de Chamonix faz calor (tivemos cerca de 30°C), no topo da Aiguille a temperatura é próxima de zero. Numa subida de 20 minutos, o ambiente se altera drasticamente.
Destino imperdível!
28/06/1998
A viagem foi ótima, mas chegou a hora de voltar para casa, Léo para o Canadá, eu para o Brasil.
Os franceses foram muito gentis conosco. Quando viam meu boné brasileiro, diziam que o Brasil iria ganhar 😔. Quando o Léo falava alguma coisa, eles detectavam o sotaque e o chamavam de "cousin québécois".
Único senão da nossa viagem foi não termos conhecido Paris. Pensei em ir visitar os pontos turísticos de Paris na volta, antes de pegar o avião – pelo menos a Torre Eiffel –, mas estava muito em cima da hora, não deu 😏.  Como ir a Roma e não ver o Papa :-/
Além de todas as belezas que nos encantaram, tenho que destacar o serviço oferecido pelo TGV: excelente! Atualmente não sei, mas naquela época os trens eram pontualíssimos – não atrasavam nem um segundo (não é modo de falar, não; é a realidade). Nós não perdemos nenhuma partida de trem, porque nem mineiros nem quebequenses perdem o trem :-). Quanto às partidas de futebol... De quoi tu parles?

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