Junho/1998: Copa do Mundo de
Futebol na França – Uma boa desculpa para reencontrar meu noivo (hoje meu
marido), em campo neutro ;-). Fui pela VARIG, com direito a camisa e boné da
Seleção Brasileira, que dei de presente para ele.
11/06/1998
Le vol a été retardé plus d'une heure, mais finalement je suis
arrivée à Paris à l'Aéroport Charles de Gaulle et je pensais que j'étais encore
au Brésil, parce qu'il y avait d'immenses tableaux de Pelé (Le Roi) et de
Ronaldo (le Phénomène), partout dans l'aéroport. Mon fiancé (maintenant mon
mari) était déjà arrivé et m’attendait.
Enquanto
o Léo me esperava no aeroporto Charles de Gaulle, houve uma ação policial de
evacuação de todos que estavam lá, devido a uma valise suspeita esquecida num
canto. Quando cheguei, a situação já estava normal no aeroporto, mas o Léo não
quis ficar mais nem um segundo em Paris.
12/06/1998
Compramos as passagens para
o TGV (sigla em francês para trem de alta velocidade). Meu noivo estava
apressado para sair logo de Paris, pois ele detesta cidade grande, qualquer que
seja ela :-(. Havia gente demais na cidade e as medidas de segurança rigorosas
eram visíveis... até Exército com metralhadoras nas ruas.
Fomos diretamente para a Normandia, de TGV em primeira classe! Meu marido queria conhecer as terras de onde os ancestrais dos quebequenses se originam... o norte da França – Normandia e Bretanha.
Fomos diretamente para a Normandia, de TGV em primeira classe! Meu marido queria conhecer as terras de onde os ancestrais dos quebequenses se originam... o norte da França – Normandia e Bretanha.
We spent a day
in Deauville – a beautiful place! Delicious food! We traveled without making
any booking for the hotels. A risky adventure, since it was time for the World
Cup and the number of visitors was much higher than normal. But we were lucky;
we found a place in a very nice hotel. Sunset at 9:15 pm, but sky clear until
later.
13/06/1998
Nas primeiras páginas dos jornais:
"Éric Tabarly desaparece no mar da Irlanda, na noite de 12 para 13
de junho de 1998. Ele foi projetado no mar durante uma manobra no seu famoso
veleiro, o "Pen Duick"." A França estava em estado de choque.
E meu marido, um velejador apaixonado, também ficou consternado.
E meu marido, um velejador apaixonado, também ficou consternado.
Petite pluie fine, du vent ! Nous avons acheté des vêtements chauds
et des "coupe-vent", ainsi que des chaussures pour porter dans les
voiliers. Un bon "café au lait" pour se réchauffer. Et nous sommes
allés à Trouville. Après le souper dans le restaurant "Complexe
Nautique", un "trou Normand"... Je me suis presque étouffée :-).
Nous avons visité le "Casino".
14/06/1998
After a tour
on the sea of Trouville, we went to Honfleur by taxi. We stayed at the “Place
Ste-Catherine”. The city was crowded with tourists all the weekend long.
We always find a place in hotels for only one night; the next day, we have to look for another... always like that.
We always find a place in hotels for only one night; the next day, we have to look for another... always like that.
Chove e faz sol, intermitentemente,
todo o tempo.
Honfleur foi uma parada
obrigatória, pois parte da História de Québec começa aqui. Samuel de Champlain,
um explorador francês, parte de Honfleur e chega a “Kébec” (palavra algonquin
que significa “onde o rio se estreita”) em 3 de maio de 1608. Este dia marcou o
começo da presença francesa em caráter permanente na América do Norte, após
diversas tentativas mal sucedidas. Em Honfleur, pode-se ver, entre várias notas
históricas, uma placa comemorativa com a inscrição que diz que deste porto
Samuel de Champlain embarcou para a América do Norte e fundou a cidade de
Québec.
15/06/1998
Nous avons marché beaucoup à Honfleur. Il pleuvait à seaux. Tout, ou
presque tout, fermé le lundi. Nous avons visité le musée Eugène Boudin et la
cloche de l'église Sainte-Catherine, qui est dans un bâtiment séparé de l'église.
De nombreux lieux d'art, beaucoup de peintures à vendre.
Honfleur é conhecida
principalmente pelo seu velho porto pitoresco e por ter sido pintada várias
vezes por artistas, principalmente Gustave Courbet, Eugène Boudin, Claude Monet
e Johan Barthold Jongkind, que formaram a Escola de Honfleur, considerada como um
dos berços do Impressionismo.
É inevitável, a gente
mergulha na História ao visitar Honfleur. É uma história fascinante. Honfleur é
um porto mais que milenar fundado por Vikings. A cidade não foi destruída
durante a II Guerra Mundial e mantém o aspecto dos séculos XVI e XVII, quase
intacto até hoje.
16/06/1998
We woke up
early to take a bus to Caen – excellent road! In Caen, we found a server for
Internet access – we sent some messages to our families.
I went to a
beauty salon to arrange my hair – 144 FRF.
We found a
battery charger with voltage transformer (220 -> 110), for our movie camera,
because ours had burned at the first attempt to use it in France.
O campanário da Igreja
Saint-Pierre, em Caen, edificado no início do século XIV, havia sido destruído
durante a segunda guerra mundial e, posteriormente, foi reconstruído com pedra
de Caen, idêntico como era. Este material é um calcário extraído na região de
Caen, empregado desde o século XI e utilizado na construção. Há várias
edificações importantes nas quais foi usada esta pedra, não só na Normandia
(França), como também na Inglaterra, sobretudo em Londres.
Let's go to
St-Malo, via Dol. Nous sommes arrivés à 20:00:
dîner et match de foot à la télé, Brésil 3 X 0 contre le Maroc.
17/06/1998
Andamos bastante em St-Malo,
na praia (porto), Cité d’Aleth, St. Servin, Tour Solidor, Aquarium (peixes de
água doce). Passeio em volta da “Mairie” (vieille ville).
Vimos a « Maison du
Québec », a estátua de Jacques Cartier, que partiu de St. Malo para Québec
(descobrimento do leste do Canadá).
Solidor guarda as coleções
reunidas pelo museu de Saint Malo, sobre as grandes navegações – numerosas
maquetes, instrumentos de bordo, objetos fabricados pelos navegantes ao longo
de suas viagens ou trazidos de lembrança de lugares distantes.
Jacques Cartier veio ao
Canadá bem antes de Samuel de Champlain. Ele fez várias viagens à América do
Norte, a primeira delas em 1534. Ele tinha talento como negociador, o que lhe
foi útil nos acordos com os Ameríndios. Achei interessante o fato de que ele
sabia falar português, tendo servido como intérprete em várias ocasiões e
novamente como negociador quando ajudou os normandos em conflito com os
portugueses, ao largo do Brasil, em 1532.
St. Malo tem um complexo de fortificações
e muralhas que foram construídas para protegê-la, “a cidade corsária".
Entre estas fortificações está o “Fort National”.
18/06/1998
Fomos visitar “Mont Saint
Michel”. Mosteiro enorme e lindo! Compramos “petits souvenirs”.
A maré nesta área muda
rapidamente e foi descrita por Victor Hugo "à la vitesse d'un cheval au galop"
ou "tão rapidamente quanto um cavalo a galope".
A arquitetura especial do
Mont Saint-Michel e sua baía fazem com que seja um dos pontos turísticos mais
freqüentados da França. O lugar figura na lista do Patrimônio Mundial da
UNESCO, desde 1979.
19/06/1998
Fomos para Brest de TGV –
muito confortável e RÁPIDO!
Chucrute no jantar, num
restaurante très chic!
20/06/1998
Passeio de barco pela manhã,
fomos à Ilha de Ouessant, Enez Eusa
no idioma bretão. É uma ilha pertencente à Bretanha, região da França. A ilha
marca o ponto mais ocidental da França europeia e está localizada no limite das
águas entre o Canal da Mancha e do Mar de Iroise no Oceano Atlântico, um dos
lugares com tráfego de navegação dos mais movimentados do mundo e um dos mais
perigosos. Há vários potentes faróis e torres de radar lá. Fomos passear na
ilha de barco; o mar estava calmo e o clima magnífico.
No passado, havia um ritual
religioso nesta ilha, chamado Proella,
que significa repatriação e que consistia em um funeral fictício daqueles que
tinham afogado no mar e cujos corpos não haviam sido encontrados.
Visitamos um cemitério na
ilha e o Léo achou as edificações nos túmulos diferentes dos cemitérios do Canadá.
Eu achei muito parecidas com as do Brasil. Enquanto ele procurava nomes de
família, eu procurava um túmulo que fosse parecido com o do meu pai, em Belo
Horizonte, para mostrar a ele. Nas últimas fileiras, vislumbrei um e, quando me
aproximei, vi que estava escrito YVON em maiúsculas e o nome de família em
minúsculas. Tive até um sobressalto e emiti um grito abafado, ao que o Léo veio
ver o que se passava. Era o único túmulo parecido e tinha o nome do meu pai.
Coincidências estranhas...
21/06/1998
Pela manhã, havia uma
homenagem para Éric Tabarly em Brest. Vimos muitos veleiros que chegavam para a
solenidade. Até o Presidente da França (Jacques Chirac na época) estava lá para
participar.
Em seguida, fomos para
Vannes, de TGV. Ficamos hospedados na praça principal, onde havia batuques e
shows, numa mistura indefinida de sons. Mais uma cidade rica em “chateaux”,
muralhas, fortificações, com muitos jardins decorados.
Uma pena, não pude passear
muito em Vannes, pois peguei uma gripe brava. Ainda bem que o Léo filmou por
onde foi.
23/06/1998
Chegamos a La Rochelle,
visitamos o Aquário, passeamos pela Praia Minimes, partout... Nunca vi tantos
barcos a vela como em La Rochelle.
25/06/1998
Saímos bem cedo de La
Rochelle e fomos de trem para Chamonix-Mont-Blanc. Atravessamos a França em
direção ao leste, rumo aos Alpes. Subindo, subindo, subindo!!! Hotel très chic
em Chamonix.
Fomos à Aguille du Midi, a
quase 4000 m de altitude, por teleférico, uma aventura de tirar o fôlego,
literalmente. Do alto do mirante, a gente avista o maciço do “Mont Blanc”, com
elevações mais altas do lado suiço e italiano (com mais de 4000 metros acima do
nível do mar), além de uma visão estonteante, em mergulho sobre Chamonix.
A subida é realmente
impressionante, num dado momento a cabine fica suspensa sobre um vazio de mais
de 2000 m, sendo recomendado às pessoas mais sensíveis ficarem no centro da
cabine e voltarem os olhos para a montanha próxima e olhando para o alto.
No verão, há uma atração
adicional, no que diz respeito às temperaturas: enquanto no centro da cidade de
Chamonix faz calor (tivemos cerca de 30°C), no topo da Aiguille a
temperatura é próxima de zero. Numa subida de 20 minutos, o ambiente se altera
drasticamente.
Destino imperdível!
28/06/1998
A viagem foi ótima, mas chegou
a hora de voltar para casa, Léo para o Canadá, eu para o Brasil.
Os franceses foram muito
gentis conosco. Quando viam meu boné brasileiro, diziam que o Brasil iria
ganhar 😔. Quando o Léo falava alguma coisa, eles detectavam o sotaque e o
chamavam de "cousin québécois".
Único senão da nossa viagem
foi não termos conhecido Paris. Pensei em ir visitar os pontos
turísticos de Paris na volta, antes de pegar o avião – pelo menos a Torre
Eiffel –, mas estava muito em cima da hora, não deu 😏. Como ir a Roma e não ver o Papa :-/
Além de todas as belezas que
nos encantaram, tenho que destacar o serviço oferecido pelo TGV: excelente! Atualmente
não sei, mas naquela época os trens eram pontualíssimos – não atrasavam nem um
segundo (não é modo de falar, não; é a realidade). Nós não perdemos nenhuma
partida de trem, porque nem mineiros nem quebequenses perdem o trem :-). Quanto
às partidas de futebol... De quoi tu parles?
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