quarta-feira, maio 03, 2023

Mês de maio

 

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Começamos o mês celebrando São José Operário, abrindo as portas para o mês de maio, mês de Maria, mãe de Jesus e nossa.

Impossível não me lembrar dos meus tempos de infância, em Belo Horizonte, com as lindas coroações de Nossa Senhora, na Igreja Santa Helena. Embora isso não esteja na minha coleção de saudades - aquela etapa cumpriu-se no seu devido tempo - guardo essas recordações, carinhosamente, em homenagem à minha mãe, Esther, que embelezava a nossa paróquia com seus anjinhos, pelo grande amor que tinha a Nossa Senhora. Fico feliz de ter podido servir desse modo e por ter recebido esse legado de amor que, hoje, já velha, sinto que foi uma graça enorme.

As coroações se realizavam aos domingos após as missas, de manhã e de tardinha. Nos dias de semana, após a missa vespertina. Íamos para a igreja, com nossos familiares e vizinhos, legiões de anjinhos ruas afora. O cetim das túnicas, enfeitadas com vidrilhos, miçangas e lantejoulas, ia brilhando no escuro, a reverberar a parca iluminação pública. Íamos cantando, num último ensaio, antes do evento.

Naquele tempo, fazia muito frio em BH, nessa época do ano. Vestir aquelas indumentárias do imaginário angelical era uma batalha. Tinha que ser bem caprichado, para ficarmos dignos da beleza que era entoar louvores a Maria. Por baixo das lindas túnicas de cetim, tínhamos que vestir agasalhos. O mais difícil era fixar as asas de modo que não tombassem para trás ou para os lados - minha mãe era boa nisso, a amarração era segura, as asas não podiam sair voando sozinhas. E ventava, viu! Acho que o peso dos agasalhos é que não nos deixava decolar.

Quando eu ia colocar coroa ou palma na imagem de Nossa Senhora, minha mãe preferia que eu usasse mitaines brancas, em vez de luvas, como muitas outras crianças usavam. A mitaine, nesses casos, era uma luva sem dedos. Confesso que, no início, tive vergonha de as outras crianças acharem que minhas luvas estavam rasgadas, faltando pedaços. E minha mãe explicou que era mais respeitoso tocar naquelas peças com os dedos descobertos.

Na igreja, havia fileiras de bancos reservados aos anjos, lá atrás, para assistir à missa. Não me lembro se conseguia prestar atenção à celebração, dado o grau de ansiedade, na espera da coroação. Ficávamos sob o controle de uma senhora que comandava as atividades. Ela tinha pulso firme, conseguia manter ordem naquela turba agitada.

Os anjinhos que não estavam escalados para colocar coroa, palma ou para outra função no altar, levavam consigo cestinhos cheios de pétalas de rosa e as lançavam ao alto, para Nossa Senhora, na hora do refrão da música e ao final. O perfume de rosa na igreja era inebriante. Eu me emociono só de lembrar. Era lindo! Momentos inesquecíveis!

Agradeço tanto aos meus pais por me terem propiciado experiências tão elevadas! Nem posso falar muito sobre isso, pois corro o risco de me gabar da educação que recebemos e acabar fazendo o contrário do que eles nos ensinaram - ter humildade.

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Flores, flores a Maria

Cuja glorificação

Nesta noite de alegria

Enche o nosso coração

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