Um texto que li hoje, do
escritor Eduardo Affonso (Era uma vez: link ao final do texto), fez-me pensar no meu caso,
no que diz respeito à timidez, talvez relacionada ao gosto que tenho de
escrever que, para mim, é como uma terapia.
Imediatamente, lembrei-me também
de minhas gafes, que não são o caso dele, diga-se de passagem. Não sei se uma
coisa causou a outra – por ser tímida cometo gafes ou por cometer gafes sou
tímida – ou, então, se recebi ou desenvolvi as duas características simultaneamente.
Como já relatei, de outra
feita, “Rir de nós mesmos é muito melhor
do que rir dos outros. Além de ser realmente muito engraçado, é um jeito de
resgatar o controle da situação... e “Rir
primeiro é muito melhor do que rir por último.” (Viva a Lusofonia!, link ao final) Com a idade e a experiência, acabei
aprendendo a ser menos tímida, porém as mancadas continuam.
Atualmente, as mais frequentes
são no falar, porque escrevendo tem jeito de corrigir a tempo... mas nem sempre. Todos os idiomas apresentam certas dificuldades, para quem não os
aprendeu desde o berço, mas vou reclamar aqui do francês, pois é a língua que
se fala onde moro. Reclamo sem ter razão, certamente, pois, como não podia
deixar de ser, as gafes são minhas.
Tem coisa mais chata do que
chamar uma sobremesa de chausson aux
pommes? Claro que eu iria falar chaussette
aux pommes e provocar gargalhadas no balcão de pedidos do restaurante Subway da cidadezinha onde moro e, ao me
desculpar, dizendo que “às vezes” cometo algumas gafes em francês, ouvir da
mocinha que me servia: “Je sais”. Foi
quando descobri que as cidades pequenas aqui no Canadá são como as do Brasil,
onde todo mundo sabe de tudo o que acontece. Ela conhecia uma pessoa do
escritório onde eu trabalhava e já tinha ouvido falar das minhas “habilidades”.
Depois disso, sempre que voltava lá, ela me perguntava: “Des chaussettes, aujourd’hui? – e ríamos, ambas.
Não vou gastar muito tempo com
a minha lista de erros, já vou direto ao mais engraçado. Tinha eu, já sem
aquela timidez providencial, que comentar sobre os meus sintomas de menopausa
com minhas colegas de trabalho? Tinha o idioma francês que chamar isso de “bouffées de chaleur” para que eu pudesse
trocar por “chaleurs”, que tem outro
significado, completamente diferente?
Só de lembrar-me dos meus
foras, ruborizo. Este sintoma ainda persiste, mas dei para falar “trop”. Deve ser para compensar tantos
anos de mudez. Melhor assim, quem sabe, partilhando essas confissões, podemos
ajudar algum semelhante que ainda não superou essas "diferenças" que nos atravancam
tanto tempo.
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