domingo, maio 12, 2019

Memórias "mamãe me contou"


Quanto mais tempo passa, mais eu me lembro de minha mãe, mais agradáveis vão ficando as lembranças, sem aquela tristeza por ela não estar mais entre nós, porque ela está no meu coração. E no dia das Mães as memórias se avivam mais ainda.
Fui a sexta do total de sete filhos que meus pais tiveram. Nasci em 1955. Dois anos antes, eles tinham perdido uma menina que nascera saudável, mas que, ao que tudo indica, havia adquirido infecção no hospital, falecendo uma semana depois.
Segundo narrativa de minha mãe, isso traumatizou muito o casal. Quando chegou a minha vez, meu pai quis fazer o parto em nossa casa – ele era médico e, naquele tempo, a maioria dos médicos fazia de tudo. Com uma verdadeira sala de parto montada dentro de casa, com todo o material necessário, na hora H, minha mãe pediu arrego e disse: - Vamos para o hospital. Se acontecer algum imprevisto infeliz, poderemos ficar com remorsos para o resto da vida.
Ela tinha razão, cá para nós. Nossa rua não era calçada, era só mato, barro e barranco. Carro não chegava na porta de casa, talvez só jipe. Se acontecesse alguma coisa que precisasse de socorro hospitalar urgente, como seria? Só de imaginar as hipóteses, sinto aflição.
Assim, nasci no Hospital São Lucas e, de quebra, acabei-me salvando do nome que teria. Nesse ano, haveria um Congresso Eucarístico Internacional no Rio de Janeiro e minha mãe, mais católica que o Papa, queria que eu me chamasse Maria Eucaristia – que responsabilidade que eu ia carregar! No dia do meu nascimento, as freiras que ajudavam o atendimento no hospital estavam iniciando uma novena para Nossa Senhora do Carmo, e ouvia-se a cantoria delas, na Capela. Meu pai, tão católico quanto minha mãe, foi peremptório: - Ela vai-se chamar Maria do Carmo. - Nossa Senhora intercedeu por mim 🙏😊.
Contrariamente ao costume da época, em que mãe e recém-nascido permaneciam por vários dias no hospital, meu pai nos levou para casa (*), no dia seguinte, como se faz hoje, em casos de parto normal. Minha mãe contava que ele cuidou tão bem de mim, que nem icterícia fisiológica eu tive, sempre com a pele clarinha, cor-de-rosa... Tão bom lembrar-me dela contando isso, com a carinha feliz, cheia de amor por ele e por mim. Sempre me emociono quando me lembro disso.
Por hoje, chega de emoção.
Saúde e longa vida a todas as mãezinhas!
Feliz Dia das Mães!
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(*) Digo para casa, mas não sei se fomos direto para a Rio Doce, pois parece que minha mãe ficava uns dias na casa da mãe dela, antes de ir para casa. Não sei se no meu caso foi assim. Com meu irmão caçula foi. Sei disso, pois minha irmã contava que ela escapuliu para ir se encontrar com os pais e o bebê, na Rua Sergipe. Fez uma trouxinha com roupas essenciais e, ao sair do colégio, em vez de pegar o ônibus escolar que a levaria para a Paraúna, onde estávamos, pegou o ônibus de uma prima que morava na Rua Sergipe... 😃😂
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