Pedaladas mortais

Hoje, 21 de abril, dia simbólico, uma ciclovia recentemente inaugurada caiu na Cidade Maravilhosa. Pedaladas mortais para mais alguns brasileiros. Parece metáfora, mas não é.

Há mais “metáforas”... a lama de Mariana, as mortes por Dengue, a Zika, tantas cabecinhas que já nasceram oprimidas pelo descaso para com as condições de vida do povo, tantas pessoas sem perspectiva, desempregadas, deseducadas, desqualificadas, desclassificadas, nesse país tão rico, que tinha tanto potencial. Não vou enumerar todas as desgraças, ficaria muito longo e eu quero um texto curto e grosso.

Quando tudo vai desmoronando, o motivo é simplesmente porque não foi feito com cuidado, com bons cálculos, com prudência, com respeito às pessoas. A ruína está vindo como consequência dos maus-tratos, dos maus negócios, dos maus, ponto.

Se não fosse trágico para o povo, poder-se-ia dizer que é cômico ver um "império" ruir, antes mesmo de sê-lo; um império como sonhou a esquerda desvairada brasileira, e alucinou com ela, nesse delírio "démodé", tantos jovens com boas intenções.

Tenho a impressão de que foi feita uma leitura errada de Bolívar, de Che Guevara e de Darcy Ribeiro – e o Fidel atrás. Queriam a união da América Latina, num bloco autossuficiente de países desenvolvidos, mas independentes uns dos outros. E Darcy Ribeiro, coitado, ousou falar em “A Nova Roma, a Roma tropical”. Ele deveria ter-se limitado à antropologia do povo brasileiro e ao programa que dedicou à Educação – que já foram estudos magníficos, admiráveis.

Não estava previsto, no entanto, pelo menos não explícito, colocar o Brasil como o escravo do bloco, “Brasil sempre servil”, se esvaziando para o bem do “processo progressista regional” – assim nomeou esta conjuntura, em recente manifestação em apoio ao governo Dilma, o Ministério cubano dos Negócios Estrangeiros, preocupado com a derrocada de sua filial, o que levaria ao risco de “liquidar” com este processo; com esta declaração, ficou bem claro o papel do Brasil: a galinha dos ovos de ouro com quem estão contando.

Até quando o povo brasileiro vai continuar sendo explorado, vendo seu mundo desmoronar?