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Fico maravilhada, quando
vejo como a tecnologia tornou-se tão corriqueira, disponível para todos nos dias de hoje, com tantos “dispositivos
móveis” que tornam possível a comunicação quase que instantaneamente, entre
lugares tão distantes.
Em
1996 – na minha idade, isso não faz muito tempo – já tinha eu 16 anos de
oncologia no meu currículo, imersa no estudo da quimioterapia, em um mundo de
moléculas que se desafiam entre a vida e a morte, este ambiente de medos e
sonhos, ações e interações, efeitos desejados e outros menos tolerados... Foi
nesse rude contexto que uma nova química veio me apanhar, a química do amor.
Eu
queria me modernizar, ter as últimas atualizações dos tratamentos oncológicos,
antes mesmo que eles fossem anunciados nos próximos congressos de oncologia.
Talvez eu nem precisasse mais viajar para participar de conferências, para
troca de informações. Eu poderia ter tudo a partir de meu escritório em casa!
Com
essa idéia em mente, encomendei meu primeiro computador. No dia previsto,
enormes caixas chegaram, cheias de avisos e alertas, eram como repositórios repletos
de desafios a enfrentar. Sentia-me como uma criança que abre um presente de
Natal. Segui rigorosamente as instruções – até mesmo de como abrir as caixas da
maneira correta. O tesouro se revelava em pedaços a decifrar, a montar, a
conectar.
Eu
me lembro que tinha feito tantas perguntas sobre a “máquina” a um amigo, que
ele me dera de presente um livro chamado “Windows passo a passo”. Sim, era um “PC”
que eu tinha adquirido, um “personal computer” que me guiou, passo a passo, à
felicidade.
A
etapa seguinte foi a Internet. O kit necessário para me conectar, instalada ao
mundo... Pronto, a coisa funcionava! Eu podia fazer minhas pesquisas de
protocolos de tratamento ao redor do planeta!
Além
disso, como bônus, eu tinha um programa de bate-papo, o melhor de todos os
tempos – estou sendo nostálgica, talvez – e comecei a usá-lo para praticar as
línguas estrangeiras que estudava, nas horas vagas. Dizem que nada acontece por
acaso. Que coincidência, encontrei um quebequense bilingue. Quando diz-se “bilingue”
no Canadá, subentende-se que a pessoa fala inglês e francês – justamente duas
das línguas que eu estudava. Nós começamos nossa amizade nos instruindo.
Trocamos informações sobre nossos países, endereços na internet e fotos.
Foi
fascinante, apesar da baixa velocidade das conexões, em comparação aos dias de
hoje. Precisávamos praticar a paciência, e o fizemos com grande prazer e
encantamento, diante de tal maravilha do progresso. Acompanhamos a evolução
desta tecnologia, ao mesmo tempo que nossa amizade também ia-se reconfigurando.
Mas eu não sabia ainda que navegaria tão longe e que meu porto de chegada seria
ao norte.
Nós
nos apaixonamos um pelo outro e eu acabei me mudando para o Quebec em 1999. Minha vida,
meu ambiente mudou completamente. Eu diria que é como se fosse uma reencarnação
– não posso mais dizer que não acredito nisso. Tive a chance de viver uma segunda
vida. Ciência, tecnologia e amor – uma bela história que perdura... Feliz.
Muitas
mudanças ainda estão por vir para o ser humano, certamente. Não presenciarei,
mas penso que a tecnologia ainda será capaz, um dia, de nos desmaterializar no
lugar onde estamos e nos rematerializar a distância – como no seriado Star Trek
– a verdadeira reencarnação pela tecnologia.
Ah! Quem dera poder ir à minha terra amada dessa maneira, ver aquele Belo Horizonte, que a viagem para lá chegar fosse num piscar de olhos...
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Link relacionado:
Internet antigamente
Ah! Quem dera poder ir à minha terra amada dessa maneira, ver aquele Belo Horizonte, que a viagem para lá chegar fosse num piscar de olhos...
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