A morte de Mikhail Gorbachev trouxe à tona momentos históricos impactantes do século XX. Ele foi consagrado mundialmente por ter dado abertura ao diálogo com outras nações, para dar fim à Guerra Fria. Alguns dizem que seu papel talvez tenha sido superestimado. Mas essa abertura não existia antes, com a União Soviética, foi ele que inaugurou isso. Foram também decisivos os desempenhos do Papa João Paulo II, de Margaret Thatcher e de Ronald Reagan. Parece que, na Rússia, o papel de Gorbachev não foi apreciado por todos, porque suas estratégias, que visavam reformular e reforçar a União Soviética, acabaram por desmantelá-la.
Lembro-me muito bem que, naquela época, num Brasil majoritariamente católico, muito se tinha rezado pela efetivação da Consagração da Rússia ao Coração Imaculado de Maria, conforme pedido por Ela própria, nas aparições de Fátima, em 1917. Comentários pressagiosos vislumbravam o líder soviético agindo sob o peso de seu nome - Mikhail, ou seja Miguel - o mesmo do santo Arcanjo, Chefe dos exércitos celestes contra o Mal. Sabe-se lá... Prefiro não esmiuçar este tema, deixo o caso para os mais entendidos, mas "fuerzas del más allá, creo que las hay", mudando um pouco a frase 😄
Tive, porém, curiosidade de saber sobre a infância de Gorbachev, nascido apenas 14 anos após a Revolução Bolchevique, num país que era tão fervoroso, na religião ortodoxa. De fato, seus avós maternos, de etnia ucraniana, eram católicos ortodoxos e, pasmem, batizaram o menino às escondidas, mudando o nome dele de Viktor, que havia sido escolhido pelos seus pais, para Mikhail [5]. "Voilà. C'est quelque chose !"
Impactantes também no século passado, foram as aparições de Fátima, em 1917, que puseram o Papa com a incumbência de consagrar a Rússia ao Coração Imaculado de Nossa Senhora, na presença de todos os bispos do mundo, coisa que nunca foi feita exatamente conforme o pedido da Virgem Maria aos três pastorinhos portugueses. E não foi por falta de insistência da pobre Irmã Lúcia. Segundo seu relato, Nossa Senhora havia dito que voltaria para fazer esse pedido, quando fosse o tempo, o que aconteceu na capela, em Tuy, no dia 13 de junho de 1929, nos seguintes termos, como descreve a Lúcia [1] [2]:
"– É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os Bispos do mundo, a consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio.
São tantas as almas que a Justiça de Deus condena por pecados contra Mim cometidos, que venho pedir reparação: sacrifica-te por esta intenção e ora.
Dei conta disto ao meu confessor, que me mandou escrever o que Nosso Senhor queria se fizesse. Mais tarde, por meio duma comunicação íntima, Nossa Senhora disse-me, queixando-se:
– Não quiseram atender ao Meu pedido!... Como o rei de França, arrepender-se-ão e fála-ão, mas será tarde. A Rússia terá já espalhado os seus erros pelo Mundo, provocando guerras, perseguições à Igreja: o Santo Padre terá muito que sofrer."
Sabemos que, bem mais tarde, alguns Papas tentaram, mas nunca da maneira correta. De qualquer forma, já não era mais em tempo hábil. Talvez, pela intercessão de Nossa Senhora e pela Misericórdia infinita de Deus, as consagrações, mesmo que imperfeitas e fora do tempo, possam ter levado inspiração ao "Mikhail" e ter tido algum efeito na queda da "cortina de ferro" que dividiu a Europa e, consequentemente, o mundo.
Além disso, houve algum retorno à religião ortodoxa na Rússia, após a queda da União Soviética, mas parece existir uma cisão dentro da própria Igreja Ortodoxa [4]. Existe um pacto de não interferência entre Estado e Igreja, atualmente, feito com o patriarca de Moscou, que apóia Putin.
A última vez que um Papa pediu a tal consagração foi há pouco tempo, por solicitação, imaginem só, da Igreja da Ucrânia, invadida pela Rússia, numa guerra feroz. Foi solicitada ao Papa Francisco a consagração da Rússia e da Ucrânia. Para a solenidade, o Papa pediu a todos os Bispos do mundo que participassem, via internet. Será que participaram?
"Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro."
Mas quais são esses erros que a Rússia espalhou pelo mundo? Certamente, não são a alegada igualdade para todos, com o reconhecimento dos direitos de cada um, pois isso estaria de acordo com a inspiração cristã. Apesar de estar historicamente evidente que esses princípios não são cumpridos, obviamente, não foi a isso que Nossa Senhora se referiu. A que ela se referiu, então?
Vou tentar responder por mim mesma, com o que eu penso, não sou porta-voz oficial de Nossa Senhora, posso estar enganada. A meu ver, houve erros cruciais, como o desrespeito à vida e à liberdade de pensamento e de escolha - o livre arbítrio é fundamental para a alma. O Comunismo não era para defender os oprimidos? Como é, então, que fabricaram mais oprimidos ainda? Oprimidos até mesmo por não poderem ter seu próprio pensamento, sua opinião, sua escolha, sua fé!
Pela minha ótica, os erros que foram espalhados pelo mundo estão subordinados a um principal - o ateísmo. Por trás de alegações socioeconômicas em que tantos "inocentes úteis", embora inteligentes, acreditaram piamente, está aí "escondido" o grande erro, que põe o Estado no lugar de Deus. Um Estado-deus tirano, uma autoridade que fez órfãos de fé, de esperança, de amor - seres robotizados, desprovidos do livre arbítrio para escolher a salvação de suas almas.
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Nota: Queria falar aqui sobre a terceira parte do segredo de Fátima, que a Irmã Lúcia dissera que seria para ser revelada em 1960. Ao contrário do que eu pensava, o tempo para consagrar a Rússia não era atrelado ao tempo para revelar o terceiro segredo. Tudo vai ficando mais claro na minha cabeça. Mas fica para uma outra vez, para não fazer confusão.
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"Pai Eterno, eu Vos ofereço Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e do mundo inteiro."
"Pela sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro."
"Jesus, Maria, José, meu coração vosso é."
São Miguel Arcanjo, protegei-nos!
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Links relacionados:
[3] Rei da França e o Sagrado Coração de Jesus
[5] Referências na Wikipedia: Doder & Branson 1990, p. 4; McCauley 1998, p. 15; Taubman 2017, p. 7.
[6] Todas as páginas
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