(Barrabás nunca mais)
O Brasil que sonhava ser o futuro lindo e saudável do
mundo, sem corrupção, sem violência, sem desigualdades. Aquele Brasil que
acreditava não ser racista, onde todos pareciam alegres. O que foi feito disso?
Claro que a pobreza e a
precariedade na educação do povo foram fatores que não ajudaram ao
desenvolvimento. Porém, penso que há algo mais drástico que se acrescentou, diria
mesmo que foi planejado. Alguma coisa foi semeada, brotou, cresceu e se
multiplicou. Essas sementes estavam podres, não deram bons frutos. O país, que
prometia ser um esplendor tropical, se transformou nessa calamidade, nessa
cultura da podridão em vida, da morte antes da morte. Nosso futuro foi
abortado.
Poderia fazer uma lista de
fatores causais que, como numa reação em cadeia, contribuíram para esta
catástrofe em que se transformou o nosso país. Mas vou citar somente dois que
considero os mais significantes, na origem do agravamento de nossos problemas.
Em primeiro lugar, vou falar
sobre o papel da igreja, que exercia uma influência enorme na população do
Brasil. A ala dita progressista da igreja católica se aproveitou disso e
usurpou o axioma do amor ao próximo, politizou esse amor, contaminando-o com a
semente podre do ódio ao irmão mais aquinhoado. E, sorrateiramente, disseminou esta mensagem equivocada em
comunidades, por todo o território nacional. Ódio gera ódio, violência gera
violência...
A impressão que tenho dessa ala da igreja é que ela, exatamente como aquelas pessoas que estavam diante de Pilatos, optou por Barrabás (pelo que Barrabás representava); não por Jesus. Nem todos, claro, nem todos.
A impressão que tenho dessa ala da igreja é que ela, exatamente como aquelas pessoas que estavam diante de Pilatos, optou por Barrabás (pelo que Barrabás representava); não por Jesus. Nem todos, claro, nem todos.
Barrabás era um rebelde
contra o governo romano opressor. Ele participava de motins, de atos de
violência (Marcos 15: “7 E havia um
chamado Barrabás, que, preso com outros amotinadores, tinha num motim cometido
uma morte.”). Isso não se parece com o amor ao próximo que Jesus pregou que,
se fosse seguido de verdade, coisa que nós não fazemos, redundaria num mundo
completamente diferente e que não passa por revoluções ou motins.
Compreendo que havia, na
época do florescimento desta ala da igreja, nos anos 1960, um encantamento com
as lições de Karl Marx, por parte de alguns grupos de intelectuais. Mas usar a igreja para disseminar
argumentos diametralmente opostos a ela foi um golpe baixo; eles sabiam que a
população era majoritária e candidamente católica; pois visaram bem o alvo,
isso trucidou com a fé do povo e com os ensinamentos católicos que davam
sustento ao convívio pacífico entre cidadãos, num país praticamente sem
experiência histórica, há pouco mais de meio século (isso é muito pouco tempo) saído
das profundezas do primitivismo da escravatura. Atropelaram tudo. Para a
população menos favorecida, roubar-lhe a fé representou só mais uma perda, sem
ganho nenhum em troca, sequer na escalada civilizatória. Deu no que deu.
Acho que se pode tentar
acelerar etapas na evolução de uma sociedade, por meio da educação. Saltá-las,
porém, forçar o caminho do povo por atalhos impostos por grupos de elite
intelectual, não dá certo... não deu. Resultou em aberrações gigantescas,
continentais. A população tem que ser a
protagonista do seu processo evolutivo, não pode receber a coisa como uma
fantasia de carnaval imposta a ela como se fosse um novo corpo em que a sua
alma deverá habitar.
Diga-se de passagem, a ala
conservadora desta mesma igreja não ajudou em quase nada (nem todos, claro, nem
todos), com suas atitudes bitoladas e retrógradas, omitindo (ou talvez mesmo
ignorando) a verdade verdadeiramente libertadora que propõe a doutrina, sem
pieguismos. Vê-se que a omissão é mesmo um dos piores erros que se pode
cometer.
Em segundo lugar, a
importação do tráfico de drogas e a permissividade com a qual foram tratadas,
pelas autoridades e pela sociedade, a instalação e a progressão dessa situação
de crime foram o outro fator crucial para chegarmos ao ponto em que chegamos
hoje. Foi um campo fértil para dar ilusões à população que se lançou nessa
atividade do tráfico, com poderes paralelos que, grosso modo, mimetizaram outros poderes estabelecidos, sem levar,
no entanto, a nenhum tipo de ascensão social.
Tudo isso coroado com a tradicional
aliança entre corrupção e impunidade generalizada, eis aí a receita de uma
bomba das mais explosivas.
Nunca é tarde, porém, para
que as pessoas que se envolveram nesse tipo de atividade enxerguem que também
caíram num círculo vicioso que não leva a nada além de momentâneos e
infrutíferos gozos de poder.
Atualmente, além dos males
de nossa própria história, estamos a assimilar outros que assolam o planeta. Um
deles, que seria inadmissível num país onde a miscigenação entre povos impera,
é o racismo. Não quero dizer que não havia antes. Mas piorou muito, hoje em
dia. Quanto mais estudos genéticos provam que a maioria dos brasileiros tem
ancestrais índios, negros e brancos, mais o racismo fica acirrado. O que é
isso? A diversidade em nossa ancestralidade é vantagem, é abundância! A ciência
confirma isso. Vamos deixar de ser ridículos ao ponto de negarmos nossos
próprios valores!
Estou
vendo todo esse caos como um grande retrocesso no convívio humano. Não adianta
sairmos da crise econômica em que o Brasil foi atolado pelos governos dos últimos
anos, se não tentarmos construir a reconciliação entre os compatriotas,
passando pela melhoria da educação e das condições básicas de vida de todos os
brasileiros. Se o povo tiver pelo menos isso a seu favor, poderá pensar e agir
com mais sabedoria, fazendo suas próprias escolhas em paz. A revelação do
grande volume de dinheiro envolvido em corrupção nos mostrou que o país seria
capaz de mudar a vida de todo mundo, se não houvesse corrupção.
Um
saldo positivo que se pode tirar dessa crise é a conscientização crescente da
população. Se os representantes que elegemos não nos representam, temos que
continuar botando a boca no mundo. Vamos continuar fazendo pressão para que a
situação melhore. Vamos dar o exemplo, tentando nos dar as mãos, gente de todas
as comunidades. Vamos parar de nos massacrar entre nós. Vamos ser solidários
uns com os outros. Assim, nós nos sentiremos mais fortes para exigir
honestidade e desenvolvimento em todos os níveis.
Muito bem,"Tiercé",Amém.
ResponderExcluirHahaha
ExcluirMuito bem,"Tiercé",Amém.
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