Mesmo quando tudo vai bem, eu
choro ao ouvir os hinos brasileiros. Hoje, Dia da Bandeira, não podia ser
diferente. E com mais razão ainda para chorar, porque o Brasil está passando
por uma fase complicada, difícil de compreender. Como é que deixamos a situação
degringolar dessa maneira? Estamos perdendo a dignidade, infelizmente.
O capítulo, ou melhor, os
capítulos da corrupção seriam já mais que suficientes para nos causar profundo
desgosto. Mas vejo que estamos nos deixando levar por graus de tolerância
inverossímeis que, estes também, tangenciam a corrupção moral. E, nesta onda de
indulgências, estou tendo condescendência no uso do vernáculo, pois que poderia
usar termos mais fortes, indignados, desiludidos, chocados, porque a situação - verdade seja dita - não tangencia mas desaba em obscuros abismos, com uma força gravitacional
que ultrapassa os limites da normalidade.
As leis no Brasil têm-me
deixado boquiaberta. Como é que se oferece ao prisioneiro algo como “delação
premiada”? Que justiça sem vergonha é esta? Na minha opinião, o preso, julgado e condenado, já tem o
seu cabedal de culpas, merece a sentença que lhe couber, sem subterfúgios. Pois
aplicam-lhe uma vergonha a mais: a de ser delator, em troca do prêmio de sair da
prisão mais cedo, como um verme que corrói sua própria alma. Não sou contra benefícios
que possam ser dados aos presos, mas por virtudes, não por mais um ato abjeto - esse de barganhar seu depoimento. Que é isso? O objetivo da prisão não é tentar recuperar o cidadão para viver em sociedade? Então, ele tem que cumprir a sentença que lhe foi dada, independentemente de ter, também, que dizer a verdade, de depor sobre o que sabe. Que
justiça preguiçosa é essa, que não é capaz de fazer a investigação adequada,
com inquéritos e buscas de provas inteligentes para capturar os bandidos? Que o preso declare o que tiver que declarar - não em troca de benesses. Que
justiça é essa que usa o suborno e legaliza esse ato desprezível? Suborno também
é corrupção!
Outro absurdo, a meu ver, é a lei que diz que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. A partir daí, dá-se o direito ao criminoso de recusar vários tipos de técnicas que levariam a comprovar sua culpa. Isso não tem pé nem cabeça! Sem nexo e favorecedor de impunidade.
Essas coisas me parecem tão estapafúrdias que tenho a impressão de estar em alguma outra dimensão... Sei lá. Sinto-me no dever de, pelo menos, escrever este texto, já que estou longe, em outras latitudes – quem sabe, consigo atingir o meu amado país com um sopro de dignidade. É preciso aprender com as letras dos nossos hinos, precisamos nos educar de novo, pois estamos perdendo nossos valores morais.
Outro absurdo, a meu ver, é a lei que diz que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. A partir daí, dá-se o direito ao criminoso de recusar vários tipos de técnicas que levariam a comprovar sua culpa. Isso não tem pé nem cabeça! Sem nexo e favorecedor de impunidade.
Essas coisas me parecem tão estapafúrdias que tenho a impressão de estar em alguma outra dimensão... Sei lá. Sinto-me no dever de, pelo menos, escrever este texto, já que estou longe, em outras latitudes – quem sabe, consigo atingir o meu amado país com um sopro de dignidade. É preciso aprender com as letras dos nossos hinos, precisamos nos educar de novo, pois estamos perdendo nossos valores morais.
Compreendemos o nosso dever,
E o Brasil por seus filhos amado,
poderoso e feliz há de ser!”
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