quinta-feira, setembro 11, 2014

"Mal resolvido"



Gostei muito deste artigo (link logo abaixo), dêem uma lida, por favor; não é longo e é muito esclarecedor... Pode ajudar a quem se encontrar nesta situação:

É a pura verdade. Eu já passei por esta fase de remoer tudo quanto achei que pudesse ter sido injustiça comigo, durante minha infância e adolescência. Depois de analisar tudo na minha introversão de tímida exagerada, senti necessidade de falar – a quem pude desabafar diretamente, desabafei, fazendo-lhe enxergar o mal que me fez. Depois fiquei até com sentimento de culpa por ter falado. Mas não foi com espírito de vingança. Foi por amar muito essas pessoas e para poder remover todo o rancor que estava me atrapalhando de amá-las sem mágoa alguma. É muito desagradável ficar com uma pedra no sapato, incomodando o nosso caminhar – por mais que tentemos empurrar a pedra para um canto do sapato, a coisa fica “mal resolvida”. Por vezes, penso que deve ter sido bom para essas pessoas também, para que pudessem se redimir de alguma forma. Quem dera que eu pudesse me redimir dos meus erros, obtendo o perdão de quem ofendi.
 Mas hoje, chegando perto dos meus 60 anos de idade, penso que melhor ainda teria sido não ter falado nada. Teria sido ainda mais gratificante se eu tivesse conseguido me livrar das minhas pedrinhas – que, afinal, nem eram tão ásperas assim – com o pensamento maduro de que sou uma pessoa adulta e independente, que respondo pelos meus próprios atos e sentimentos e não posso passar a vida a justificá-los pela possível ação de outros que possam ter-me causado algum dano. Muitas vezes, aquela ação que julgamos maléfica, nem era intencional e falar dela com a pessoa que pensamos ser culpada, pode ser uma atitude que causa sofrimentos inúteis.
É preciso soltar as amarras e navegar com nossos próprios remos. Se nosso barco foi danificado e se ele é a única saída que temos para navegar, mãos à obra para repará-lo. Se o dano ao barco é irreparável, caminhemos por terra, com nossos próprios pés.
Eu sei que há casos em que o dano foi tão grande que não conseguimos encontrar uma saída sozinhos. Então, que procuremos ajuda especializada (psicólogos, psiquiatras), para nos livrarmos definitivamente do problema e não ficarmos remoendo um passado doloroso que só nos faz estagnar e apodrecer... Sozinhos. 
Uma pena ver tantos casos, como estes que o artigo menciona, de pessoas que sofreram com as atitudes dos pais. Disso eu não posso reclamar; apesar de terem sido muito rígidos e sem manifestações excessivamente melífluas, meus pais sempre elevavam nosso moral, elogiavam nossas qualidades. Havia muitas exigências, uma educação rigorosa, mas eles nos transmitiam confiança de que éramos pessoas capazes. Talvez aí esteja a diferença. Não se pode massacrar uma criança só com palavras negativas, isso pode destruir uma vida.


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