domingo, fevereiro 02, 2025

Quem é este?

 

Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” (Marcos 4:35-41)

"35Naquele dia, ao cair da tarde, ele lhes disse: “Passemos para a outra margem”. 36Deixando a multidão, eles levaram Jesus na barca, assim como ele estava. E havia outras barcas com ele. 37Sobreveio então uma grande tempestade de vento, que lançava as ondas dentro da barca, de modo que ela já estava enchendo-se de água. 38Ele, entretanto, estava na popa, dormindo sobre um travesseiro. Eles o acordaram e lhe disseram: “Mestre, não te importa que pereçamos?” 39Acordando, ele repreendeu o vento e disse ao mar: “Silêncio! Acalma-te!” O vento cessou e fez-se uma grande calma. 40Depois ele perguntou-lhes: “Por que estais com tanto medo? Ainda não tendes fé?” 41Eles ficaram com muito medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?"

Mestre, não te importa que pereçamos?

Esta é a pergunta que toda a humanidade, todos nós, fazemos ou já fizemos. Por que Deus não interfere nos acontecimentos para que não soframos, para que não pereçamos? Por que Jesus parece dormir, enquanto o mal triunfa? O Padre Paulo Ricardo nos dá a resposta de Ricardo de São Vitor, um grande comentarista medieval da Bíblia, em sua homilia (ver link ao final). É para dar a oportunidade do livre arbítrio, ou seja, aos maus, para terem tempo de escolher ou não a conversão e aos justos de manifestarem a sua fé até nos piores momentos.

O episódio narrado, do poder de Jesus sobre o vento e o mar, é um dos inúmeros exemplos da manifestação da Divindade de Jesus, em quem devemos confiar sempre, não importa qual seja a nossa tempestade.

Já refleti sobre isso há mais tempo (link ao final). Repito aqui alguns pontos:

Não sabemos o que é ser bom. Só Deus é (Marcos 10: 18). Não temos experiência disso. Nossos parâmetros de bondade chegam mesmo a mudar de uma época para outra. Temos alguns graus de bondade adquiridos. SER bom é outra coisa, não conhecemos essa completude. Então, esse julgamento (“Se Deus existisse, sendo bom, não deixaria a humanidade sofrer.”) não está ao nosso alcance.

  1. O que para nós é sofrimento intenso, certamente tem uma avaliação muito diferente para Deus. Claro que os parâmetros são muito diferentes, se a gente fala em Deus grande, onipotente, etc. Deus não tem sentimentalismos. Ele, tampouco os anjos (que são espíritos), não têm, não dependem de um sistema nervoso como o nosso, esta nossa matéria que nos faz ter sofrimentos, alegrias, etc. Duro compreender isso, não? Mas tem um mas...

  2. Mas Deus é misericordioso e nos ajuda muitas vezes. O objetivo dessas ajudas não é o alívio ou o prazer terreno, apesar de estes poderem acontecer, como efeitos colaterais potencializadores. A função dessas ajudas misericordiosas é resultar em conversão ao mistério da fé ou em transformação da inteligência para caminhar em direção a um relacionamento mais profundo com Deus, ou seja, para caminhar para a santidade. Note-se bem que transformação da inteligência aqui não tem nada a ver com estudo ou conhecimento de teorias, letras, matemáticas, etc. Entenda-se, também, que santidade não tem viés sentimental; é estado de fé (que, claro, deve frutificar e resultar em efeitos comportamentais no ambiente em que vivemos também).

  3. A grande intervenção de Deus com relação ao sofrimento humano foi a encarnação do Verbo Divino e a Ressurreição de Jesus. Isso nos revela, concretamente, o Amor de Deus por nós. Tendo-se feito Homem, Ele se humilhou para que pudéssemos ter acesso a Ele através de nossas capacidades sensoriais e... metabólicas. Ele sofreu como nós e morreu como nós. Esteve nas nossas medidas, para que O experimentássemos e, embarcando nEle e com Ele, comendo e bebendo de seu Corpo e Sangue – alimento de vida eterna – fôssemos por Ele salvos dessa nossa misteriosa condição mortal tenebrosa, desse círculo vicioso.

Finalizando, para nós, que fomos evangelizados, a questão do livre arbítrio é crucial. Somos chamados a querer crescer na fé. A nossa responsabilidade é muito maior. Quem não foi catequizado, evangelizado, é claro que não pode querer o que não conhece, mas é amado por Deus do mesmo jeito e dele se exigirá menos, obviamente.

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Links relacionados:

Por que Cristo parece dormir?

           Marcos 4:35-41

           Sentimental eu sou


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