sábado, junho 27, 2020

Há males que vêm para o bem


Hoje, no dia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro [1, 2], quero agradecer a ela, nossa mãe tão doce!
No verão de 2019, enviei um e-mail para a coordenação das residências de idosos da nossa região, na província de Québec, me colocando disponível como voluntária para ajudar, de alguma forma, as pessoas institucionalizadas, isto é, pessoas idosas vivendo em instituições de longa permanência. Em minha mensagem, pedi o número do telefone do responsável por esses serviços, para que eu pudesse conversar, se minha ideia fosse plausível.
Sendo eu mesma também idosa, portanto sem muita resistência para serviços mais pesados, encontrei no site web da instituição duas atividades na lista de possibilidades  em que poderia ser útil, talvez: fazer leituras para quem já não consegue enxergar muito bem ou visitas sociais, só para conversar mesmo com os que não são muito visitados. Há casos em que há dificuldade até para contactar familiares que, muitas vezes, mudaram de endereço, de telefone, e nem avisaram a ninguém.
Passaram-se dias, semanas, meses... e nada. Ao final do outono, obtive uma resposta. Pedindo muitas desculpas pela demora em responder, a coordenadora da região forneceu seu telefone, para que eu pudesse conversar com ela, se ainda estivesse interessada.
Na época, fiquei muito decepcionada. Além da demora, que faz supor um certo descaso – com a minha pessoa ou para com os idosos institucionalizados, não sei – estávamos já perto do inverno, já até tínhamos tido um dia nevoso. Essa era uma das condições que eu queria negociar, se possível, que não precisasse ir durante a temporada de neve, pois não gosto de dirigir nesse período. Caso fosse gerar frustrações nos residentes, então, abandonaria a ideia.
Afinal, acabei não prosseguindo com a correspondência e tampouco telefonei para a funcionária. Pensei comigo mesma que, quando passasse a temporada de estradas escorregadias e perigosas, eu telefonaria e veríamos o que poderíamos combinar. Aí, veio a Covid-19.
O que foi decepção para mim tornou-se alívio. Foi justamente nessas instituições que o vírus da pandemia foi arrasador por aqui, ocasionando uma mortandade horrorosa, entre residentes e cuidadores. Se estivesse frequentando um lugar desses, poderia ter contraído a doença antes mesmo de saber o que estava acontecendo. Meu marido e eu somos idosos, portanto, do grupo de risco. Eu teria trazido este risco para dentro de casa.
Rezo tanto para os nossos anjos da guarda, que chego a pensar que eles nos protegeram. Além disso, no mesmo período em que estava aguardando a resposta da instituição que cuida dos velhos, eu estava numa fase intensa de orações a Nossa Senhora, a quem sou consagrada, e de leituras sobre fé. Os desígnios de Deus são insondáveis. Talvez, haja ainda alguma coisa reservada para nós e não fosse hora de morrer. Na verdade, já é grande coisa cuidar de nós mesmos, para não darmos trabalho aos outros.
Seja lá o que for, coloco nossos limites e provações nas mãos da Virgem Maria, para o “capital de graças”. Rogai por nós, santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos da promessa de Cristo.
~~~~~
Links relacionados:

Nenhum comentário:

Postar um comentário