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"Nós caímos
do céu, literalmente.
Uma vez que nos convencemos de que não é perigoso, torna-se
divertido!
Primeiramente, nos sentimos felizes por estar de volta.
Estou me sentindo um pouco nauseoso.
O que mais me surpreende é o cheiro de feno aqui. Muito
bom."
Em rápida entrevista à
correspondente de Radio-Canada na Rússia, Tamara Alteresco, estas foram algumas
das primeiras palavras do nosso astronauta quebequense, David Saint-Jacques, ao voltar à Terra, após mais de seis meses na
Estação Espacial (1).
Interessante a observação sobre o
cheiro bom do feno, no seu retorno sur le
plancher des vaches, como se diz em francês para terra firme, e aqui, no
caso, literalmente, pois a cápsula Soyuz que os transportava pousou nas estepes
do Cazaquistão (2, 3). Isso me fez lembrar da época da ceifa e recolta. Após o longo inverno glacial do Canadá, quase desprovido de cheiros,
quando chega esse tempo, o perfume do feno invade nossos receptores olfatórios.
Nem é preciso estar numa fazenda, basta estarmos passando pelas estradas que
ladeiam os campos. É vida que recende. Não há, por estas bandas, quem não tenha
exclamado: - Ah, que
cheiro bom de feno!
Compreende-se a observação imediata
do astronauta quebequense, no terreno coberto por gramíneas onde a Soyuz
aterrissou, após um "inverno", digamos assim, que foi mais longo para
ele. Depois de tanto tempo dentro de um ambiente artificial, onde existe um
sistema de filtros para eliminar odores de dentro da estação espacial, o olfato
deve ficar agradecido ao reconhecer cheiros que nos são agradáveis, em nossa
Terra.
Esse forte elo afetivo que temos com
o nosso planeta é fascinante. Obviamente, não só afetivamente, dependemos dele
para sobreviver. Não temos autonomia. Somos produtos naturais dele, nascemos e
crescemos por ele nutridos, somos moldados pela sua força da gravidade que
esculpe nossos ossos, nossos músculos, em conjunto com as diretivas genéticas... e assim por diante. Nada surpreendente
que nos identifiquemos com o nosso mundo.
Fascinante também é essa vontade que
o ser humano tem de expandir, de procurar outros mundos no espaço sideral. É
conhecimento que avança, trazendo muitos efeitos colaterais benéficos, como
progressos na área médica, por exemplo.
E, talvez, um dia, crie-se um “novo
mundo” para a humanidade, como quando houve as grandes navegações que conduziram
europeus e africanos às Américas. Entre mortos e feridos – tant bien que mal – cá estamos nós. Talvez haja a possibilidade de
descobrirem um planeta viável ou “viabilizável”, que poderá dar mais chance de
sobrevivência à humanidade, mais tempo para se desenvolver e se aperfeiçoar
física e espiritualmente.
Muitos dizem que tanto dinheiro
gasto nessas missões espaciais poderia ser empregado de imediato para melhorar
as condições dos que vivem na pobreza, aqui na Terra. Tenho cá minhas dúvidas. Quem
se encarregaria de empregar esse dinheiro? Os governos e os políticos? A
experiência que se tem é extremamente frustrante. Fortunas, por este mundo terráqueo
afora, que, sabidamente, deveriam ser usadas para ajudar as populações carentes, foram e são desviadas de maneira imoral, em benefício de poucos... “Não, não vou por aí!” (4). É preciso traçar outros planos, e a base, certamente, já existe em nossos corações.
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