Lá pelos idos da década de 1980, uma conhecida estava namorando um norte-americano
e ele foi morar com ela em Belo Horizonte – depois, penso que se casaram e se
mudaram para os Estados Unidos, perdemos o contato.
O rapaz americano fez uma observação interessante, no mínimo engraçada. Reparando os transeuntes no
Centro de BH, ele achava que todos tinham a mesma cara, o mesmo visual, em
suma, ele disse que éramos todos iguais. Finalmente, concluímos que ele tinha
razão, sobretudo do seu ponto de vista, comparando com a aparência dele. Sua
impressão devia ser semelhante à que temos quando vamos a um lugar onde há
muitos japoneses ou chineses – achamos todos parecidos, não é? Embora os
próprios envolvidos se distingam muito bem.
Há um fundo de verdade nisso
tudo, fui pensar nessa observação mais tarde. Além da língua pátria, temos um não sei quê na fisionomia pelo qual
identifico nossa brasilidade, seja a pessoa branca, negra ou parda. Façam o
teste num aeroporto internacional, ou num outro país, em meio a turistas –
observem e verão que a chance de acertar se alguém é brasileiro ou não, mesmo
sem ouvi-lo falando, é grande. Na primeira oportunidade que a pessoa falar,
verão se acertaram ou não. Já fiz esse teste muitas vezes. Não calculei,
exatamente, qual é minha porcentagem de acerto, mas penso que tenho um bom olho
clínico – ou, então, já existe um padrão de etnia brasileira independente.
Por estes dias, vendo, nas notícias, as
fotos dos indígenas acampados em Brasília, constatei muita semelhança dos índios
brasileiros com o povo do país em geral, apesar de haver variações no padrão de
distribuição e no tipo dos pelos na população do Brasil, denotando a presença do
branco e do negro também representados. Sempre achei que havia essa semelhança e,
vendo as fotos, achei de novo.
É inegável que a miscigenação no Brasil foi generalizada entre brancos,
negros e índios. Os estudos
genéticos já provaram isso. E, dependendo da região do país, o componente
indígena na formação do povo chega a estar mais presente que o negro, embora em menor escala no cômputo geral. Os resultados no país como um todo mostram a
contribuição dos três grupos, sendo o branco em maior incidência, seguido do
negro e, por último, do indígena.
http://labs.icb.ufmg.br/lbem/pdf/retrato.pdf,
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1802201101.htm
http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0017063
http://labs.icb.ufmg.br/lbem/pdf/retrato.pdf,
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1802201101.htm
http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0017063
Os índios são os mais “esquecidos”, hoje em dia. No entanto, além da grande participação genômica, basta
ver a vasta presença deles na língua portuguesa falada e escrita no Brasil e na
toponímia, para confirmarmos que a sua contribuição para a formação do país não é negligenciável, muito pelo contrário.
É mesmo. Boa observação. Somos parecidos uns com os outros. Não fisicamente, mas no jeito de agir.
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Luiz Otávio de Lima Pereira
Talvez seja o jeito mesmo, a mímica facial, por exemplo.
ExcluirMas se não fôssemos parecidos fisicamente, não haveria jeito :-)
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