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Na festa da Assunção de Nossa Senhora, contemplamos a promessa de nosso próprio destino, se também escolhermos nos unir a Cristo.
Infelizmente, nem todos os padres têm o dom de nos comunicar as verdades da fé de forma clara. Quando ouço uma homilia que é bastante didática, fico maravilhada. Estava triste pelo rodízio de padres na cidade de Saint-Hyacinthe, desanimada de perder o ótimo padre que tínhamos na nossa paróquia. Mas ouvindo esta homilia do substituto, fiquei contente. Felizes somos nós que teremos o Padre Serge Pelletier como nosso próximo pároco!
No dia em que comemoramos a Assunção de Nossa Senhora, ele discorreu brilhantemente sobre a importância desta celebração, principalmente, por ser o anúncio daquilo que vai acontecer conosco, se escolhermos ter Jesus em nossa vida.
Segue uma tradução do que ele disse (link do vídeo ao final do texto)...
A festa da Assunção de Maria existe desde os primeiros cristãos, que celebravam seu destino especial, por ser sem pecado e mãe de Jesus. Mais tarde, a Igreja estabeleceu o dogma da Assunção.
Ele propõe as seguintes reflexões: o que é a ressurreição da carne? Como vai ser nossa aparência quando estivermos no Céu? Em que esta festa muda nossa vida agora? Nossas festas cristãs têm sentido somente quando elas vêm nos ajudar a nos converter, hoje. E a festa da Assunção de Maria tem um impacto sobre nós. Acreditaremos em nosso futuro, que nos foi prometido, a partir da certeza do que somos agora. A carta de São Paulo aos Filipenses fala sobre nossa identidade, que temos nossa cidadania no Céu. Como se já tivéssemos um passaporte celeste em nosso bolso e esperamos Jesus, que mudará nosso pobre corpo à imagem do Seu corpo glorioso. Já somos cidadãos do Céu, temos nosso endereço lá, nós pertencemos ao Céu.
Jesus passou seu tempo a nos dizer que Céu e Terra estão juntos. O Reino já está no meio de nós. E quantos santos descreveram experiências de êxtase extraordinárias, que têm uma duração limitada no tempo, mas que lhes pareceram muito, muito longas, e que eram como o Céu se estendendo em um sonho.
Ele narra uma experiência de êxtase que alguém lhe descreveu como algo que ele estava quase a não suportar. O padre nos explica que nosso corpo não pode "conter o Céu", precisamos de um outro corpo para isso. Mas estas experiências nos mostram que o Céu é já agora!
E, então, constatamos que podemos mudar a forma de nos vermos. Se somos cidadãos do Céu, somos alguém, somos amados, temos valor. Da próxima vez que vocês se olharem no espelho, digam: - sou cidadão do Céu. E tentem acreditar nisso. Vocês verão que não é tão óbvio assim.
Ele cita, também, São João que menciona como é grande o amor que o Pai nos cumulou, Ele quis que fôssemos chamados filhos de Deus. E nós somos. Somos capazes de nos perceber com os mesmos olhos do Senhor, quando Ele nos olha? Deus nos vê como seus filhos, Jesus nos vê como seus irmãos, como cidadãos, com Ele, do Reino. Já, agora. Nossa realidade é bem mais ampla do que a que nós enxergamos ou a que nós tocamos. Muito maior! E São João termina dizendo que desde já, nós somos filhos de Deus, mas o que seremos não se mostra ainda claramente.
E, assim, voltamos à questão: como será nossa aparência do outro lado? O padre faz uma analogia com as lagartas, que se transformam em borboletas, mas que não sabem como serão após a mudança. As lagartas não são capazes de olhar para cima, não vêem as borboletas voando.
Mas temos indícios muito edificantes e reconfortantes de como seremos. Ele nos lembra da resposta de Jesus sobre a viúva de sete irmãos, dizendo que nós não nos casaremos nem nos daremos em matrimônio após a Ressurreição. Seremos como os Anjos... Mas nós tampouco sabemos como são os Anjos.
Mas há pistas nas aparições de Jesus. Algumas pistas que nos dão ideia. As pessoas não o reconhecem à primeira vista. Quer dizer que houve uma transformação. Mas é o mesmo. Até Maria Madalena o confunde com um jardineiro. Os discípulos tiveram necessidade de ver suas chagas. Quando os discípulos de Emaús caminharam lado a lado com Ele, não O reconheceram; eles O reconheceram quando Ele partiu o pão. E, ainda, Jesus fez, por uma segunda vez, o milagre da Pesca Milagrosa, quando João disse: é o Senhor! E Pedro se jogou na água para encontrar-se com Ele.
Então, somos a mesma pessoa, mas somos transformados. Em linguagem informática, diríamos que somos, então, a versão 2.0, versão melhorada. E houve, também, a Transfiguração, que nos diz um pouco como poderá ser nossa aparência. Através desses exemplos que podemos compreender melhor a expressão: teremos um corpo glorioso.
Mal posso esperar, diz ele, não tenho nenhuma ideia como será, mas me parece alguma coisa mais leve, menos pesada... mas é preciso, diz Paulo, que o que é mortal se revista da imortalidade. É preciso passar pela morte, para ter o corpo glorioso. Esta é a nota triste de hoje, mas é preciso. Jesus passou, Maria também. E eles entraram no Céu. Sabemos, dizia Paulo, o corpo, nossa morada na Terra, deve ser destruído, mas Deus construiu para nós uma morada eterna no Céu.
O nosso pároco conclui que ele não sabe como será, mas sabe uma coisa: a festa da Assunção nos confirma isso; vou permanecer eu mesmo e não retornarei (põe-se por terra a teoria da reencarnação), serei eu mesmo, em minha identidade, porque o Senhor me ama como eu sou. Além disso, vou reencontrar os que eu conheci e vou reconhecê-los. E esta é uma boa notícia! A fé cristã nos ajuda em nossos momentos de luto, com a consolação de saber que a separação não é definitiva, vamos nos reencontrar.
A ressurreição da carne não tem nada a ver com o corpo tal qual ele é agora, mas sim com a conservação de nossa experiência, de nossa identidade.
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Homélie de l'abbé Serge Pelletier 16 août 2022
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