quinta-feira, setembro 17, 2020

Em tempos de pandemia: por que rezamos?

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Quem já não ouviu alguém dizer que já fez orações muitas vezes e nunca foi atendido em seus pedidos, então, não reza mais. Voltei a ouvir alguém dizer isso, recentemente. Imagino que muitos devem estar passando por isso, nesse período de pandemia, com tanta gente adoecendo e morrendo. Penso que é natural ficarmos decepcionados quando rezamos com muito fervor e não obtemos a graça pedida a Deus. Não sou nenhuma especialista no assunto, mas tenho alguma ideia de como compreender isso, para quem tem fé.

Estava comentando sobre essa questão. Para que fim a gente reza? A oração não é para pedir favores terrenos. Eu quis dizer que a gente pode até pedir e alcançar, vez por outra, mas a intenção não é esta, mesmo que venha algum pedido junto. A intenção é tentar elevar a alma da gente e pedir a mesma coisa para a dos outros. Na verdade, não soube explicar o que meu coração estava intuindo.

Lendo uma opinião sobre o filme Fatima, lançado em agosto deste ano, achei uma explicação melhor do que a minha, embora não seja uma análise das mais entusiasmadas.[1] "Pourquoi prie-t-on ? Quels sont le sens et le but de notre prière ? Est-ce que je ne passe qu’une commande ou suis-je en train d’établir une relation profonde avec Dieu ?" Rezamos para estabelecer uma relação profunda com Deus.

Ter fé é um processo dinâmico, em constante evolução. A gente tem que estar ciente disso. Precisamos nutrir esse processo e a oração é um meio eficaz. Existem etapas, estágios, particularidades, tudo extensamente documentado por muitos santos. Não li nem um milésimo de tudo o que foi escrito sobre isso. Estou trilhando os primeiros passos desse caminho e já sinto mudanças em mim.

Nem sempre o que queremos é o melhor para nós e só percebemos isso mais tarde. Às vezes, acontece de recebermos consolações e até graças. Nada é por nosso mérito particular. Todos estamos aptos a receber, abrindo a porta do nosso coração a Deus.

Para quem pensa que crer em Deus é como acreditar em “amigos imaginários” e que acreditar em graças recebidas é “pensamento mágico”, seria absurdo falar em oração (seria?). Não tenho essa pretensão nem argumentos além dos que já foram histórica e exaustivamente propagados. Tampouco estou ousando dirigir estas minhas palavras a pessoas completamente descrentes, com suas extensas bagagens culturais e científicas que, do seu ponto de vista, são incompatíveis com a fé. Penso que nosso “ângulo de visão” é muito diferente. Somos chamados a rezar também por elas.

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Links relacionados:

[1] Fatima: un cliché qui fait penser

[2] Sofrimento


 

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