Li um texto interessante mencionando abusos cometidos
contra a infância, na vida real e até mesmo na arte, revelados na mídia
nas últimas semanas, justamente ao se aproximar a comemoração do Dia das
Crianças no Brasil.
Não
é novidade, sabemos que as crianças brasileiras sofrem muito e de várias formas, submetidas a todo
tipo de loucura dos adultos, como o descaso com sua educação e saúde, a
sujeição a projetos de desestabilização moral e desconstrução ética, até a
transformação de crianças em criminosos, passando por vários tipos de abusos. Mas
nestes últimos dias, tivemos uma overdose de insanidade.
Um
dos assuntos em pauta, em que ainda não se esgotaram todas as possibilidades de
debate, foi o caso do MAM de São Paulo.
Não sei por que as pessoas se impressionaram tanto com a exposição da nudez a
uma criança. As crianças estão cansadas de ver pessoas nuas, hoje em dia. Nu ou não, o bizarro
foi coagi-la a palpar um homem, supostamente desconhecido. O
"teatrinho" sugeria isso, uma criança da assistência chamada a tatear
o objeto de arte "vivificado".
Na verdade, penso que as pessoas que se revoltaram não
estão sabendo localizar onde o calo dói. A nudez, no
caso do museu, serviu para desviar a atenção do mais grave, que foi a banalização da permissividade. A gente
tem que ficar muito atenta aos disfarces que nos são apresentados para encobrir
a mensagem que está sendo passada. Nesse caso, o ator estava
"vestido" de nudez, o disfarce era esse.
E
tem mais, também nefasta é a banalização
da promiscuidade. Se fosse aqui no Canadá, além de a sala onde ocorreu a
performance estar devidamente sinalizada sobre o teor da apresentação, haveria,
na entrada, dispensers de sabão antimicrobiano, para uso obrigatório na entrada e
na saída, visando a proteção de ambos, artista e público. Em alguns lugares, onde há a possibilidade de contato físico, até
luvas são fornecidas.
Para culminar a onda herodiana que se apoderou do
Brasil, veio o massacre da creche de Janaúba, onde o vigia –
o vigia! –, completamente surtado, ateou fogo em si e em várias crianças que estavam no estabelecimento. O episódio toma a configuração de um ícone cruelmente incandescente que representa o que acontece com as crianças brasileiras. Ainda estão sendo contadas as mortes,
vários ainda hospitalizados em estado grave.
Sem
mais o que dizer 😢
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