Os acufenos do silêncio não me pertencem
Nem me possuem
Eles estão lá fora, entorpecidos
Em alguma usina longínqua, talvez
A se perder em dar ouvidos
Pela minha vidraça
Passa, lívido, um fragmento de horizonte
Entre as folhagens outonais
Tênue luz insone, como eu
Sofro
de pálidas auroras boreais
Verdes esperanças no meio da noite
Sem tropeço nas latitudes planas
A perder de vista
Mas sem sossego
O vento por açoite
Assustado
Verde-espanto nos olhos do gato
Ao meu lado, desamparado
Tanto quanto eu
Em pleno exercício do anonimato
Em comunhão nessa caminhada
Num diálogo mudo entre nós
A esperar pelo dia da grande refeição
Não estamos sós
Submersos nessa surda marinada
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