O Serviço de Estatística do
Canadá publicou, em janeiro de 2016, dados que vieram destronar alguns mitos sobre a
violência doméstica. Contrariando
a crença popular, a Pesquisa Social Geral de 2014 sobre vitimização nos diz que
os homens são tão vítimas de violência conjugal quanto as mulheres (link para o estudo ao final deste texto).
Duas surpresas se destacaram no estudo: a queda quase pela metade da violência doméstica de
um modo geral, no Canadá, e a extensão da violência contra os homens.
Segundo a pesquisa,
em 2014, cerca
de 4% dos canadenses
relataram ter
sofrido violência física ou sexual, ou ambos, de seu parceiro, nos últimos cinco
anos. E a proporção de
4%
foi
idêntica para homens e mulheres.
A boa notícia é que esta proporção
é bem menor do que os 7% registrados 10 anos antes, em 2004, uma queda cuja
magnitude surpreendeu o especialista em violência doméstica Stéphane
Guay, da Universidade de Montreal.
"Que haja um declínio é normal,
era o esperado, porque este é um problema que tem sido levado muito a sério e
houve muitas medidas tomadas nesse sentido. Mas uma diferença de 3%? É um decréscimo
de quase 50%", disse ele em uma entrevista à imprensa canadense.
Entre as vítimas de violência
doméstica, as mulheres foram duas vezes mais numerosas em casos de violências mais
graves (34% contra 16% para os homens), ou seja, sofreram agressões sexuais,
espancamento, tentativas de estrangulamento ou ameaças com armas de fogo ou facas.
Por outro lado, os homens foram
três vezes e meia mais numerosos (35% contra 10%) como vítimas de vias de fato na
forma de chutes, mordidas, socos e golpes com objetos contundentes.
Para o público em geral,
a violência doméstica contra as mulheres é
um fenômeno
bem conhecido. Isto é explicado em grande parte
pelo fato de
que as mulheres relatam com mais frequência os abusos sofridos,
em primeiro lugar, porque são em geral
mais graves,
mas também porque os homens
declaram menos
frequentemente o que sofrem, por razões culturais, mesmo quando a violência é
grave. Eles dizem que a polícia iria rir
deles.
O Professor Stéphane Guay
diz que as metodologias de pesquisa podem, às vezes, levar a falsas
interpretações, quando não se conhece o contexto.
Segundo a pesquisa, 70% dos incidentes
de violência conjugal não são relatados à polícia. Os dados da polícia
indicam que 68% das vítimas de violência doméstica (dados que incluem gestos
violentos por qualquer membro de uma família contra qualquer outro membro da
família), são mulheres e meninas, e a metade dos casos são de dossiês de
violência conjugal.
A pesquisa traz à tona
vários outros dados interessantes, e eu os convido a ler o artigo fonte que consultei, para maiores detalhes (link ao final deste texto: Les hommes victimes autant que les femmes).
Achei esses dados muito
úteis para se ter uma ideia geral. E ficou bem claro que as medidas tomadas
contra a violência doméstica surtiram efeito significativo.
Isso deixa uma esperança de que o mesmo possa ocorrer em outros países, embora
não possamos extrapolar, pois há diferenças culturais que podem dificultar as
ações.
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La violence familiale au Canada (opção para inglês na página)
Les hommes victimes autant que les femmes
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La violence familiale au Canada (opção para inglês na página)
Les hommes victimes autant que les femmes
Muito interessante!!!
ResponderExcluirO que a cultura (não) faz, né?