domingo, fevereiro 28, 2016

Estatística de violência doméstica no Canadá

O Serviço de Estatística do Canadá publicou, em janeiro de 2016, dados que vieram destronar alguns mitos sobre a violência doméstica. Contrariando a crença popular, a Pesquisa Social Geral de 2014 sobre vitimização nos diz que os homens são tão vítimas de violência conjugal quanto as mulheres (link para o estudo ao final deste texto).
Duas surpresas se destacaram no estudo: a queda quase pela metade da violência doméstica de um modo geral, no Canadá, e a extensão da violência contra os homens.
Segundo a pesquisa, em 2014, cerca de 4% dos canadenses relataram ter sofrido violência física ou sexual, ou ambos, de seu parceiro, nos últimos cinco anos. E a proporção de 4% foi idêntica para homens e mulheres.
A boa notícia é que esta proporção é bem menor do que os 7% registrados 10 anos antes, em 2004, uma queda cuja magnitude surpreendeu o especialista em violência doméstica Stéphane Guay, da Universidade de Montreal.
"Que haja um declínio é normal, era o esperado, porque este é um problema que tem sido levado muito a sério e houve muitas medidas tomadas nesse sentido. Mas uma diferença de 3%? É um decréscimo de quase 50%", disse ele em uma entrevista à imprensa canadense.
Entre as vítimas de violência doméstica, as mulheres foram duas vezes mais numerosas em casos de violências mais graves (34% contra 16% para os homens), ou seja, sofreram agressões sexuais, espancamento, tentativas de estrangulamento ou ameaças com armas de fogo ou facas.
Por outro lado, os homens foram três vezes e meia mais numerosos (35% contra 10%) como vítimas de vias de fato na forma de chutes, mordidas, socos e golpes com objetos contundentes.
Para o público em geral, a violência doméstica contra as mulheres é um fenômeno bem conhecido. Isto é explicado em grande parte pelo fato de que as mulheres relatam com mais frequência os abusos sofridos, em primeiro lugar, porque são em geral mais graves, mas também porque os homens declaram menos frequentemente o que sofrem, por razões culturais, mesmo quando a violência é grave. Eles dizem que a polícia iria rir deles.
O Professor Stéphane Guay diz que as metodologias de pesquisa podem, às vezes, levar a falsas interpretações, quando não se conhece o contexto.
Segundo a pesquisa, 70% dos incidentes de violência conjugal não são relatados à polícia. Os dados da polícia indicam que 68% das vítimas de violência doméstica (dados que incluem gestos violentos por qualquer membro de uma família contra qualquer outro membro da família), são mulheres e meninas, e a metade dos casos são de dossiês de violência conjugal.
A pesquisa traz à tona vários outros dados interessantes, e eu os convido a ler o artigo fonte que consultei, para maiores detalhes (link ao final deste texto: Les hommes victimes autant que les femmes).
Achei esses dados muito úteis para se ter uma ideia geral. E ficou bem claro que as medidas tomadas contra a violência doméstica surtiram efeito significativo. Isso deixa uma esperança de que o mesmo possa ocorrer em outros países, embora não possamos extrapolar, pois há diferenças culturais que podem dificultar as ações.

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La violence familiale au Canada (opção para inglês na página)

Les hommes victimes autant que les femmes


 

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