https://cronicasdakbr.kbrinternational.org/2015/09/12/crise-2/
http://www.kbrdigital.com.br/blog/crise-2/
e
https://www.cronicasdakbr.com/2015/09/12/crise-2/
A palavra mais usada no
momento atual e em todas as línguas é "crise". Mais uma se juntou, neste mundo já
tão desvairado: a mais notória agora é a migratória, verdadeira comoção geral, retratada
e amplamente divulgada. A imagem que percorreu o mundo, daquela criancinha
morta, deixada na praia pelas ondas do mar, exorta à hombridade. O coração da
humanidade foi tocado, fustigado. Todo mundo está à beira de uma crise
existencial.
Para ser sincera, ando muito
desiludida com os rumos que o ser humano vem tomando e fiquei admirada com o
fato de que as pessoas ainda se comovam ao verem crianças mortas. O afogamento
deste pequerrucho me causou enorme tristeza mas, por outro lado, fiquei
aliviada com a reação do mundo, comovido com o que aconteceu.
Este episódio me fez lembrar
de um caso, entre outros, de um menininho de dois anos que morreu afogado aqui
no Canadá, há pouco tempo, em águas pluviais – imaginem! – na vala de drenagem
que existe à beira das ruas e estradas. Um instante de distração dos pais – será?
– e a criança desapareceu. Mais tarde foi encontrada afogada. Eu não vi a cena,
não houve divulgação de fotos. Mas quando soube do caso, tive um aperto tão
forte no peito, que pensei que estava com angina. Não vi muita gente comovida.
Será que a maioria das pessoas precisa ver para se comover?
E já que o assunto é crise e
criança, seria uma grave omissão de minha parte não mencionar as crianças do
Brasil que não têm uma vida minimamente normal, condenadas ao cárcere
domiciliar sem serem criminosas; as crianças do Brasil que morrem todos os
dias, vítimas da violência de crimes de toda sorte; as crianças do Brasil que
são irremediavelmente transformadas em monstros criminosos – esse é o pior
escândalo, transformar crianças em criminosos é muito pior do que causar sua
morte.
Voltando à crise migratória,
a questão é onde encaixar toda essa população que se evade, deixando tudo para
trás, em busca de paz. Pelo que li nos noticiários, estas últimas levas de
migrantes que estão chegando à Europa são de sírios que estavam em acampamentos
de países vizinhos ao deles. Apesar de não estarem em zonas de bombardeio e
perigo iminente, são famílias que sonham com uma vida melhor do que
simplesmente sobreviver.
Aqui no Canadá, em pleno
período de campanha eleitoral, cada candidato quer se mostrar mais receptivo
aos refugiados, exigindo rapidez nos processos de aceitação. O Premier Stephen
Harper, que também está na corrida eleitoral, está tendo que “rebolar” para
satisfazer a opinião pública, ao mesmo tempo que tenta manter os critérios de
avaliação de imigrantes, para evitar o risco de entrarem terroristas
infiltrados na leva de refugiados.
Além de enviar importantes
somas de dinheiro aos países necessitados de ajuda, que já acolhem os fugitivos,
o Canadá está tomando medidas concretas para acelerar o processo de entrada desses
imigrantes, mas sem negligenciar a segurança dos cidadãos canadenses. Já existe
um grande contingente de refugiados no Canadá, que é um país acolhedor. Mas uma
invasão em massa pode desestruturar qualquer um, por mais que haja
infraestrutura. E um país desestruturado não poderá oferecer as melhores
condições de vida desejadas.
Acho boa a ideia de ajudar
os países onde os fugitivos já se encontram em acampamentos, para que possam
ter uma vida mais normal. Ou, quem sabe, a ideia do milionário egípcio, citada
por Ângela Dutra de Menezes[1],
de comprar uma ilha e fundar um país para os que fogem da violência do Oriente
Médio.
O mundo está conturbado
demais. Não sei o que será das gerações futuras. Mais um motivo para darmos
melhores possibilidades às crianças de hoje. Quem sabe, assim, elas encontrarão
soluções mais promissoras.
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