Tínhamos várias razões para ir a Cuba:
1 – É claro que o motivo principal
era dar uma pausa no rigoroso inverno canadense; mesmo uma curta pausa faz grande efeito ;-)
2 – Não é muito longe daqui (pelo menos,
em comparação com o meu amado Brasil)
3 – Há um monte de propagandas
sobre Cuba nas agências de
viagens. Eles nos convenceram
também por causa dos preços – não é muito caro.
4 – Não é necessário tomar precauções drásticas. Por exemplo, não são
necessárias vacinas.
5 – É um dos destinos de
sol preferidos dos canadenses.
Todo mundo já ouviu coisas boas sobre férias em Cuba.
Lá fomos nós, em feveiro de 2010! Meu marido e eu.
Foi a primeira vez que eu me
permiti viajar para fora do Canadá, que não fosse para ir ao
Brasil.
Ficamos hospedados numa daquelas pequenas ilhas a nordeste de
Cuba, chamada “Cayo Coco”, num resort chamado “Tryp Cayo Coco”.
O nome “cayo” refere-se a pequenas ilhas de areia, de baixa altitude,
formadas na superfície de recifes de
coral. O nome “Coco” não é por causa do fruto do coqueiro, é
por causa de um pássaro chamado
“Coco”.
$$$ Taxa de câmbio no dia em
que chegamos:
1,00 Dólar canadense = 0,85
Pesos
Observação: há dois “pesos”
em Cuba, um para o povo cubano e outro para o turista (vai bem com aquele famoso ditado :-) )
Impressionante a quantidade
de Quebequenses, parecia uma festa no Québec.
Os veículos no estacionamento do hotel chamaram
minha atenção! Novíssimos! E não pertenciam aos turistas, eram dos diretores do
resort e outros para levarem os turistas a passeio na pequena ilha. Onde estavam
os famosos carros antigos, que tanto vemos em fotos de Cuba? Eu não entendi e
fiquei até um pouco desapontada.
"Vamos a la playa", o sol e o mar estavam esperando por nós... nós tivemos sorte, tivemos bom tempo durante toda a semana em que estivemos lá.
A areia branca e fina... O mar azul-turquesa intenso! Lindo!
E a internet?
Sim, tinha internet, muito lenta e cara. Mas não estávamos lá para ficar no
computador, queríamos mesmo era curtir o sol.
Como em
todo resort, também não faltaram atividades e animadores para divertir os
hóspedes. Shows, cursos de dança, ginástica etc etc.
Toda a equipe do hotel que anima os shows e
competições tem um jeito engraçado de dizer adeus à pessoa que perde nos
jogos; eles dizem: "Ciao, ciao, Mickey Mouse" ... Eu não sei por que eles
dizem isso. Alguém saberia me explicar? Tenho a impressão de que isso tem cara
de Fidel Castro, não?
De acordo
com o nosso
guia de turismo, o investimento nestes hotéis é uma experiência que o governo cubano está fazendo, com 50% pagos pelo Estado e 50% privado (de um outro país que ele não revelou). Ele também disse que existe um
contrato estabelecendo datas – depois de alguns anos eles vão decidir o que
fazer – nacionalizar tudo, privatizar ou mantê-lo da mesma maneira.
Eu estava muito interessada em reservar uma excursão para as cidades
localizadas na ilha maior,
para conhecer a "verdadeira Cuba" (nas palavras do próprio guia cubano). Havia várias opções de
excursão, eu escolhi uma que oferecia mais chances de conhecer as pessoas e
suas tradições... 75 Pesos
por adulto.
No dia da
excursão, fui trocar uns dólares:
$$$
Taxa de câmbio:
1,00
Dólar canadense = 0,75 Pesos
O guia turístico nos avisou para não esquecermos
os nossos passaportes, porque iríamos tomar o único caminho para sair da pequena
ilha, para ir para a maior, onde os cubanos vivem. O hotel onde ficamos é parte
de um complexo hoteleiro situado nas pequenas ilhas da região nordeste de Cuba.
Não há população residente nestas ilhas, apenas hotéis. A maioria das pessoas
que trabalha nesses hotéis vive na cidade de Morón. Para atravessar o mar e estabelecer
a comunicação entre as pequenas ilhas e a llha maior, uma estrada foi
construída com rochas dispostas nas partes mais rasas do oceano. É uma estrada muito
sólida que tem resistido a muitos furacões, segundo o guia. A viagem dura uma
hora e meia. Então, o pessoal que trabalha no hotel gasta três horas na estrada
todos os dias. A estrada é rigorosamente vigiada para impedir a passagem de
pessoas não autorizadas. Os cubanos não têm direito de ir a estas ilhas, a não
ser que trabalhem lá.
Nas
cidades, finalmente, vi os velhos carros
americanos ainda em uso. Bicicletas são muito usadas. Trishaws (rickshaws) são
frequentes como taxi. Visitamos uma fábrica de charutos. As mulheres
desempenham um papel importante na produção de charutos, havia apenas mulheres nesta
fábrica.
Um detalhe: nenhum sorriso. Achei a passagem por esta fábrica constrangedora.
Tive
a impressão de muita pobreza em todos os lugares que visitamos. Pudemos
constatar que consumismo realmente não é o forte lá. As lojas são lamentáveis,
bem diferente do que estamos acostumados a ver. O contraste entre os resorts e o
modo de vida dos cubanos é ultrajante. Eu acho que um dia, isso vai fazer algum
efeito na mente dos cubanos. Não sei...
Nas
praças e nas ruas, vi muita gente sem fazer nada – jovens e menos jovens; eles
não pareciam estar trabalhando. Talvez em férias? Fiquei em dúvida sobre o que
o nosso guia tinha dito sobre a ausência de desemprego em Cuba...
Essas
pessoas nos abordavam, por vezes, com muita insistência, pedindo nossos bonés ou
nos oferecendo alguma coisa... E ficavam esperando... o pagamento.
Visitamos também uma
refinaria de açúcar – maquinaria do tempo de antes da Revolução. Fomos avisados
que, se tivéssemos sorte, veríamos a refinaria em atividade. Mas não tivemos.
Quando lá chegamos, tudo estava parado, não entendi muito bem por que razão.
Para terminar, vou
contar-lhes algo interessante.
Um dos turistas do nosso
grupo fez uma boa observação e perguntou ao guia turístico:
- Por que há tantas fotos de Che Guevara, em todos os lugares em Cuba, e tão poucas de Fidel Castro?
- Por que há tantas fotos de Che Guevara, em todos os lugares em Cuba, e tão poucas de Fidel Castro?
E o guia respondeu sem
hesitação:
- É normal; é porque Che Guevara já morreu. Quando Fidel Castro morrer, teremos mais fotos dele também.
Fiquei pensando: Será isso
mesmo?
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