quarta-feira, outubro 29, 2014

Viagem a Cuba



Tínhamos várias razões para ir a Cuba:

1 – É claro que o motivo principal era dar uma pausa no rigoroso inverno canadense; mesmo uma curta pausa faz grande efeito ;-)

2 – Não é muito longe daqui (pelo menos, em comparação com o meu amado Brasil)

3 – Há um monte de propagandas sobre Cuba nas agências de viagens. Eles nos convenceram também por causa dos preços – não é muito caro.

4 – Não é necessário tomar precauções drásticas. Por exemplo, não são necessárias vacinas.

5 – É um dos destinos de sol preferidos dos canadenses. Todo mundo já ouviu coisas boas sobre férias em Cuba.

Lá fomos nós, em feveiro de 2010! Meu marido e eu. Foi a primeira vez que eu me permiti viajar para fora do Canadá, que não fosse para ir ao Brasil.

Ficamos hospedados numa daquelas pequenas ilhas a nordeste de Cuba, chamada “Cayo Coco”, num resort chamado “Tryp Cayo Coco”.
O nome “cayo” refere-se a pequenas ilhas de areia, de baixa altitude, formadas na superfície de recifes de coral. O nome “Coco” não é por causa do fruto do coqueiro, é por causa de um pássaro chamadoCoco”.

$$$ Taxa de câmbio no dia em que chegamos:
1,00 Dólar canadense = 0,85 Pesos

Observação: há dois “pesos” em Cuba, um para o povo cubano e outro para o turista (vai bem com aquele famoso ditado :-) )

Impressionante a quantidade de Quebequenses, parecia uma festa no Québec.

Os veículos no estacionamento do hotel chamaram minha atenção! Novíssimos! E não pertenciam aos turistas, eram dos diretores do resort e outros para levarem os turistas a passeio na pequena ilha. Onde estavam os famosos carros antigos, que tanto vemos em fotos de Cuba? Eu não entendi e fiquei até um pouco desapontada.
 
"Vamos a la playa", o sol e o mar estavam esperando por nós... nós tivemos sorte, tivemos bom tempo durante toda a semana em que estivemos lá.
A areia branca e fina... O mar azul-turquesa intenso! Lindo!

E a internet? Sim, tinha internet, muito lenta e cara. Mas não estávamos lá para ficar no computador, queríamos mesmo era curtir o sol.

Como em todo resort, também não faltaram atividades e animadores para divertir os hóspedes. Shows, cursos de dança, ginástica etc etc.
Toda a equipe do hotel que anima os shows e competições tem um jeito engraçado de dizer adeus à pessoa que perde nos jogos; eles dizem: "Ciao, ciao, Mickey Mouse" ... Eu não sei por que eles dizem isso. Alguém saberia me explicar? Tenho a impressão de que isso tem cara de Fidel Castro, não?

De acordo com o nosso guia de turismo, o investimento nestes hotéis é uma experiência que o governo cubano está fazendo, com 50% pagos pelo Estado e 50% privado (de um outro país que ele não revelou). Ele também disse que existe um contrato estabelecendo datas – depois de alguns anos eles vão decidir o que fazer – nacionalizar tudo, privatizar ou mantê-lo da mesma maneira.

Eu estava muito interessada em reservar uma excursão para as cidades localizadas na ilha maior, para conhecer a "verdadeira Cuba" (nas palavras do próprio guia cubano). Havia várias opções de excursão, eu escolhi uma que oferecia mais chances de conhecer as pessoas e suas tradições... 75 Pesos por adulto.

No dia da excursão, fui trocar uns dólares:
$$$ Taxa de câmbio:
1,00 Dólar canadense = 0,75 Pesos

O guia turístico nos avisou para não esquecermos os nossos passaportes, porque iríamos tomar o único caminho para sair da pequena ilha, para ir para a maior, onde os cubanos vivem. O hotel onde ficamos é parte de um complexo hoteleiro situado nas pequenas ilhas da região nordeste de Cuba. Não há população residente nestas ilhas, apenas hotéis. A maioria das pessoas que trabalha nesses hotéis vive na cidade de Morón. Para atravessar o mar e estabelecer a comunicação entre as pequenas ilhas e a llha maior, uma estrada foi construída com rochas dispostas nas partes mais rasas do oceano. É uma estrada muito sólida que tem resistido a muitos furacões, segundo o guia. A viagem dura uma hora e meia. Então, o pessoal que trabalha no hotel gasta três horas na estrada todos os dias. A estrada é rigorosamente vigiada para impedir a passagem de pessoas não autorizadas. Os cubanos não têm direito de ir a estas ilhas, a não ser que trabalhem lá.

Nas cidades,  finalmente, vi os velhos carros americanos ainda em uso. Bicicletas são muito usadas. Trishaws (rickshaws) são frequentes como taxi. Visitamos uma fábrica de charutos. As mulheres desempenham um papel importante na produção de charutos, havia apenas mulheres nesta fábrica.

Um detalhe: nenhum sorriso. Achei a passagem por esta fábrica constrangedora.


Tive a impressão de muita pobreza em todos os lugares que visitamos. Pudemos constatar que consumismo realmente não é o forte lá. As lojas são lamentáveis​​, bem diferente do que estamos acostumados a ver. O contraste entre os resorts e o modo de vida dos cubanos é ultrajante. Eu acho que um dia, isso vai fazer algum efeito na mente dos cubanos. Não sei...

Nas praças e nas ruas, vi muita gente sem fazer nada – jovens e menos jovens; eles não pareciam estar trabalhando. Talvez em férias? Fiquei em dúvida sobre o que o nosso guia tinha dito sobre a ausência de desemprego em Cuba...
Essas pessoas nos abordavam, por vezes, com muita insistência, pedindo nossos bonés ou nos oferecendo alguma coisa... E ficavam esperando... o pagamento.

Visitamos também uma refinaria de açúcar – maquinaria do tempo de antes da Revolução. Fomos avisados que, se tivéssemos sorte, veríamos a refinaria em atividade. Mas não tivemos. Quando lá chegamos, tudo estava parado, não entendi muito bem por que razão.

Para terminar, vou contar-lhes algo interessante.
Um dos turistas do nosso grupo fez uma boa observação e perguntou ao guia turístico:
- Por que há tantas fotos de Che Guevara, em todos os lugares em Cuba, e tão poucas de Fidel Castro?
E o guia respondeu sem hesitação:
- É normal; é porque Che Guevara já morreu. Quando Fidel Castro morrer, teremos mais fotos dele também.
Fiquei pensando: Será isso mesmo?

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