segunda-feira, outubro 19, 2020

Perdigotos

 

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Uma regra estabelecida nesta pandemia poderia permanecer: o distanciamento de no mínimo 2 metros. As pessoas têm mania de sempre ficar perto. Se a gente está procurando algum produto na prateleira de um supermercado, a ala pode estar vazia que logo chega alguém para dar uma olhada na mesma prateleira. Como este, vários casos similares acontecem... ou aconteciam, antes da Covid.

Gostei da piada sobre os suecos [1]: « Il y a une blague qu’on fait souvent [en Suède], c’est que les Suédois ont hâte que la règle de distanciation de deux mètres soit relevée pour qu’ils puissent retrouver leurs cinq mètres d’avant. Ce n’est pas un peuple qui est super chaleureux, comme nous on peut l’être au Québec »… em tradução livre (com o inevitável distanciamento) : “os suecos estão ansiosos para que a regra dos dois metros acabe, para que possam retomar os cinco metros de antes. Não é um povo super afetuoso como a gente pode ser no Quebec”.

Discordo disso. Para ser afetuoso não precisa ser pegajoso! E os quebequenses não são pegajosos.

Desde a tenra infância, aprendemos o que eram perdigotos [2]. Nossa saudosa tia Conceição tampava a caneca com a mão, quando nos aproximávamos. Claro que perguntamos a nossos pais a razão do gesto. A curiosidade impiedosa das crianças é infalível e a explicação era: “É por causa dos perdigotos”. Com ótima didática, foi-nos provado por A+B, mostrando, na contraluz, as gotículas saindo da boca das pessoas, ao falar. Alguns nem precisam de contraluz para nos dar provas do fenômeno. A coisa ficou internalizada. Eu, pelo menos, passei a manter um certo distanciamento social, bem prático hoje em dia, com a pandemia. Compreendo os suecos. Será que eles tiveram tias Conceição?

Viva tia Conceição!

Tampouco dispenso um guardanapo sobre a minha caneca, por causa de algum inseto que porventura goste de café, mesmo que não tenha inseto algum voando dentro de casa. Vale também para os perdigotos. 😆 Este hábito vem de minha mãe, dos tempos em que o nosso bairro ainda era praticamente em zona rural, por assim dizer, antes das telas em todas as janelas e portas. As panelas ficavam tampadas e, quando uma pessoa se distanciava do prato de comida, ela ficava abanando o prato com a mão, ou dizia para o vizinho de mesa do ausente: “Abana o prato dela!

Outra recomendação de que me lembrei e passei a seguir, nestes tempos de pandemia, sempre que possível, é a brincadeira que um primo do meu pai fazia com ele, contando que ele evitava tocar no lugar onde todo mundo pegava, em sanatórios e hospitais onde trabalhava. Para empurrar uma porta dessas que abrem sem maçaneta, como as portas de vaivém ou as de correr, dizia ele que meu pai pegava bem no alto. Mas bom mesmo é lavar as mãos, SEMPRE! Minha mãe e meu pai eram imbatíveis neste quesito 😉

Aproveito para martelar: não esquecer da MÁSCARA!😷

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Links relacionados:

[1] Au pays où le masque est en option

[2] Image URL


2 comentários:

  1. Saudades, tia Du! Dei risadas com o "abana o prato dela!" Hahaha! Beijocas com muita saudade (até repeti...)! Clá

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