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“Todos os que
abraçavam a fé viviam unidos e colocavam tudo em comum; vendiam suas
propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a
necessidade de cada um.”
(At 2,44-45)
(At 2,44-45)
Nestes tempos de pandemia COVID-19,
estou levando a vida “un jour à la fois”,
preocupando-me em fazer o melhor que posso, dentro das limitadas possibilidades.
Estou tentando me programar para deixar meu lado científico – já aposentado,
sim, mas ainda não totalmente inutilizado – sobrepujar o lado
melancólico-poético. Ou seja, estou procurando ser mais realista.
Para quem não está no front da batalha, nem nos serviços essenciais,
resta o confinamento e o distanciamento social, sem previsão certa para acabar.
Essa limitação provoca, inevitavelmente, uma sensação de impotência e angústia.
Muitas pessoas chegam a se desesperar. Dá a impressão de que não estamos
fazendo nada. Mas esta contenção é muita coisa,
é o melhor que podemos fazer, por enquanto, até que as vacinas em estudo possam ser usadas.
Para os idosos que têm
internet e renda garantida, as circunstâncias parecem mais favoráveis. Podem-se
comunicar facilmente e não lhes faltam víveres – pelo menos, nesses primeiros
tempos de pandemia. Mas, na realidade, a situação não é das melhores, pois estão
no grupo de risco, pelo fato de sua faixa etária ser especialmente mais vulnerável a
este vírus. Não podem vacilar, precisam seguir rigorosamente as diretrizes de
confinamento e distanciamento social.
Tem-se que cooperar não só em
causa própria, mas também para não sobrecarregar os hospitais e os
profissionais de saúde, como já aconteceu em muitos lugares, onde nem havia
mais lugar para tanta gente necessitando atendimento, com mortes que,
provavelmente, poderiam ter sido evitadas.
Não podemos nos esquecer dos
desempregados de antes e de agora, dos pequenos e médios empresários que podem
falir com tudo parado... A situação é também tétrica nesse aspecto. Como viver
sem ter dinheiro para comprar alimento? Por mais que haja voluntários
fornecendo comida, não vai ser suficiente quando a quantidade de necessitados
for muito grande.
Minha sugestão vem da
primeira leitura da missa deste domingo, dos Atos dos Apóstolos, no trecho que
destaquei em epígrafe: “Todos os que
abraçavam a fé viviam unidos e colocavam tudo em comum; vendiam suas
propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a
necessidade de cada um.” (At 2,44-45) À primeira vista, é uma proposta que jamais
será aceita... Será? Por que não? Se todos os ricaços do mundo decidissem, de
bom grado, partilhar pelo menos uma parte do que têm com os necessitados, como
faziam os primeiros cristãos, ao menos enquanto precisa durar o confinamento,
que maravilha que seria!
É preciso
que seja decisão de cada um, nada de governos estabelecendo critérios, para que não se transforme em autoritarismo e tirania. Sei que
muitos indivíduos bem aquinhoados já fizeram doações, mas seria necessário que
velassem para que todos os seres humanos estivessem assistidos em suas
necessidades. Quem sabe se algum desses ricaços propusesse um mutirão?
Quero
crer que, mesmo após passado o risco de contágio, o mundo seria outro, tudo e
todos se transformariam.O exercício do desapego é terapêutico, faz muito bem também a quem se desapega.
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