Outro dia, em uma conversa
informal, lamentando o estado em que o Brasil se encontra, com crimes poluindo
o ar que se respira, culpei o governo e os políticos, mais uma vez – coisa que,
por força das circunstâncias, sabemos fazer muito bem. Meu interlocutor, que
não é brasileiro, foi logo dizendo: - não,
a culpa é do povo que os elegeu.
É verdade, infelizmente. E
somos reincidentes. Candidatos comprovadamente bandidos se candidatam e se
reelegem. Temos visto isso se repetir indefinidamente, pelos mesmos e por
hereditariedade – os filhos dos políticos entram no “negócio” – business mesmo – e vão acumulando seus
ricos haveres, às nossas expensas.
Quando a hipótese de um candidato
fora da área política é aventada, há quem diga que ele não tem experiência político-administrativa
para se candidatar. Será que é a experiência que temos visto na história do
Brasil que queremos?
Neste ano de 2018, estamos
diante de um déjà-vu inaceitável (texto de Vânia Gomes explica isso melhor que eu - link #1 abaixo). Pré-candidatos
já manjados por incompetência – no mínimo – e corrupção estão se apresentando
com a cara mais deslavada e, pior, obtendo pontos nas pesquisas. Essas
pré-candidaturas deveriam ser repudiadas com mais eficiência, com alguma medida
amparada por lei. É inadmissível e chocante que isso seja permitido.
O texto de Tatiana Rezende –
link #2 – mostra o quadro patético que se apresenta no Brasil, com uma “pá
de cal” assustadora, para acabar de enterrar o país: a pré-candidatura do
Collor! E que pá de cal! A escolha da expressão pela autora foi boa. Essa pá
tilintou como uma traulitada na cabeça do brasileiro, soando como sirene de
alerta no último grau de advertência, realmente. Só surdos ou já comatosos não
ouvem.
Tem uma coisa que me
preocupa. Tal foi o desgaste que o caso Collor provocou na época em que foi
presidente que, após o impeachment, não se falou muito mais nele, todo mundo
estava saturado e preferindo se alegrar com as melhorias implantadas nos
governos imediatemente seguintes. Então, existe uma faixa etária, atualmente, que não sentiu
o impacto dos desvarios criminosos do Collor. Ele foi destituído ("renunciado") em 1992 –
fácil fazer os cálculos –, é muita gente que nasceu ou era ainda criança depois disso e que está
com idade para votar em 2018 😟.
E só para lembrar como
estamos enrascados e parece que preferimos nos enganar, o esquecimento com que beneficiamos
esse ex-presidente custou caro: depois de muitos atrasos e engavetamentos das
denúncias contra Collor, em instâncias inferiores, quando o caso chegou na reta
final, os processos foram engavetados durante mais 5 anos... Lembram-se por
quem? Pela ministra do STF, Carmen Lúcia, então relatora do caso. Por fim, ela
o absolveu, já quase 22 anos após a denúncia do MP... nem precisava mais, os
crimes já estavam prescritos/proscritos 😠 (link #3).
Assim caminha – para trás –
o Brasil.
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