terça-feira, julho 04, 2017

Golpe de fé



Só o grito do miserável é ouvido por Deus.
Deparei-me com esta frase num artigo do filósofo Luiz Felipe Pondé (link abaixo), provavelmente inspirada no Salmo 34:6 (33:7 em algumas versões), que brandiu não só o conteúdo todo do texto, mas também o meu conteúdo, antes de desferir o golpe de fé, fenômeno que ele sequer menciona, mas que reflete um brilho colossal que irrompe misericordioso aos olhos do leitor, talvez independente da vontade do autor, não sei. Provavelmente, pois ele se diz ateu.
Todo o texto é muito bom, com sua marca indelével, a de quebrar o gelo da profundidade do assunto, com uma linguagem quase coloquial.
Sim, este texto me fala da fé. Conseguir o insight da nossa miserabilidade conjugado à aceitação plena da Misericórdia – compreende-se, pelo raciocínio. Difícil é sentir isso pelo coração. Alcançar esta proeza em estado de percepção, visceralmente, é colocar-se na frequência de onda, no canal por onde se chega a Deus. É o verdadeiro sentir-se miserável, vazio, completamente despojado, com o coração aberto e entregue à Graça Divina.
Imagino que deva ser essa a capacidade que os profetas e os santos têm, ou desenvolvem, de maneira mais contínua, e que conseguem imprimir, mesmo que por instantes, nas pessoas sensíveis que deles se "aproximam", operando prodígios.
Se acreditamos em Deus em grandeza infinita e incalculável, não podemos avaliar (muito menos julgar) Sua bondade e Seus sentimentos, baseados na nossa capacidade de sermos bons ou de sentir. Deve ser outra coisa, muito diversa, tal a defasagem que nos separa... e une. 

O artigo do Pondé, na minha opinião, deixa escapar, subliminarmente, a explicação do fenômeno da fé. Leiam, o artigo dele é ótimo para refletir... lendo e relendo.
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