https://cronicasdakbr.kbrinternational.org/2016/03/22/paradoxo-e-dissonancia-cognitiva/
http://www.kbrdigital.com.br/blog/paradoxo-e-dissonancia-cognitiva/
e
https://www.cronicasdakbr.com/2016/03/22/paradoxo-e-dissonancia-cognitiva/
(Leon Festinger, psicólogo norte-americano (1919-1989) tornou-se Bacharel em Ciência pelo City College de Nova Iorque e desenvolveu a Teoria da Dissonância Cognitiva)
Escrevi este texto no intuito de tentar contribuir de
alguma forma para diminuir um pouco os conflitos que estão dividindo a
população brasileira; tentando entender a tolerância de alguns com relação à corrupção
monstruosa institucionalizada pelo PT. São pessoas que, como várias conhecidas
minhas e estimadas (alguns médicos, portanto instruídos), ainda defendem esse
partido. É um fenômeno que me intriga, pois não duvido da honestidade dessas
pessoas que conheço, muito pelo contrário.
Em conversa com um médico, amigo meu, acabamos chegando
a uma hipótese que julgamos plausível, mas que merece ainda muita reflexão, e a
uma conclusão.
Concluímos que é muito
importante não ofender esses petistas "bem intencionados", como temos
visto acontecer tão frequentemente, pois não resolve nada, só piora, porque
eles se sentem extremamente honestos. Nesses casos, dos petistas instruídos e honestos
(excluindo-se os que levam vantagens e os que estão diretamente implicados nos
meandros do Foro de São Paulo), parece que caíram na chamada Dissonância
Cognitiva.
Segundo essa teoria, todos
nós usamos este mecanismo de defesa psicológico, automaticamente, conforme fui
informada (não sou especialista), em maior ou menor grau de complexidade, para
não nos contrariarmos. O perigo é nos auto-enganarmos. Um exemplo bem simples,
do meu cotidiano: sei que preciso fazer uma caminhada todos os dias. Um dia,
não vou. Aí passa pela minha cabeça que foi até bom não ter ido porque estava
muito frio, poderia pegar um resfriado. É o meu cérebro tentando conciliar a
minha atitude com a minha convicção, com a minha consciência. É um exemplo
simplista, mas dá para ter uma ideia.
Por favor, leiam a sequência
abaixo, supostamente com relação a essas pessoas que apoiam o PT e me digam se
concordam.
1. Tiveram boa noção de
honestidade em sua formação.
2. Foram bem educados de
modo a querer a igualdade entre os seres humanos ou se chocaram ao presenciar
situações graves de desigualdade.
3. Foram bem motivados a
rejeitarem atitudes contrárias a 1 e 2.
Os 3 primeiros itens são
sólidos em seu caráter, o que é bastante louvável.
4. Acreditaram muito no PT
como portadores e realizadores desta nova ordem de coisas.
5. Investiram muito
psicologicamente (muitas vezes até financeiramente) para chegarem próximos à
realização de uma utopia.
6. Tiveram uma sensação de
grande felicidade em contribuir para o bem da humanidade (pelo voto e outras
contribuições).
Os itens 4, 5 e 6
representam um engajamento de corpo e alma, uma crença em que apostaram com
fé... como numa religião.
7. Vieram as acusações e
provas de desonestidade e populismo por parte do executor da utopia (PT).
8. Estas pessoas sofreram um
aviltamento terrível em suas convicções.
9. Encontram dificuldades em
aceitar a perda de tudo aquilo em que acreditavam e depositaram em confiança ao
PT (dissonância cognitiva).
10. Tentam achar a culpa em
outras entidades, fora do PT (tentativa de resolver o conflito interior).
11. Tentam minimizar a culpa
do PT, em prol da realização da utopia, incapazes de aceitarem o fracasso
daquilo em que acreditavam (tentativa de resolver o conflito interior). Tentam
minimizar a culpa também pelo processo de encontrar culpa em outros.
Ora, quanto mais são acuados
e pressionados por seus opositores, mais se sentem conflituados. Além do mais,
as cobranças “dos dois lados” ativam reações de defesa sob a forma de ataque. E
os conflitos se perpetuam, deixando a nação dividida, em frangalhos.
Muito mais simples seria
para todos o fato de compreenderem que a intensificação no combate à corrupção
não tem sua origem em nenhuma disputa interna do nosso país. Essas
investigações e punições vêm sendo fortemente recomendadas pela Organização das
Nações Unidas.
Já ficou devidamente esclarecido que a situação de miserabilidade em que
se encontram dois terços da humanidade se deve, em grande parte, à corrupção
que grassa no planeta, principalmente nos países do terceiro-mundo, onde a
população ignorante não é capaz de exigir seus direitos, sequer de ter
conhecimento deles. A determinação feita pela organização é para que máximos
esforços se façam para combater a corrupção.
Para tal, existem modelos de estrutura policial e judiciária que são
recomendáveis, e estão sendo usados em vários países, para que as ações de
investigação e punição não possam ser coibidas por interesses escusos nem
sujeitas a embaraços. Assim tem agido a UPAC (Unité Permanente Anticorruption)
no Quebec, bem como em todo o Canadá.
Recentemente, uma ex-vice Premier do PLQ (Partido Liberal do Quebec),
entre outros, foi presa, situação rara por aqui, e o Ministro da Segurança
Pública disse que "é importante lembrar que não há absolutamente ninguém
acima da lei, e que a UPAC deve fazer e faz seu trabalho de forma
independente."
O atual Premier, que é do mesmo partido, está com as barbas de molho, as
investigações ainda não terminaram. Leiam o artigo sobre o assunto[1],
é interessante; há semelhanças e diferenças com os casos do Brasil.
Entre as semelhanças, está o fato de haver uma equipe que funciona de
modo bastante parecido com o da equipe do Juiz Sérgio Moro, no Brasil, da qual
tenho podido me orgulhar e, quando alguém aqui no Canadá me questiona sobre o
que está-se passando no meu país de origem, posso responder de cabeça erguida
que temos uma “UPAC” lá também.
Entre as diferenças está o fato de o povo todo aqui estar querendo a
punição aos corruptos, e não são necessárias manifestações para isso, a punição
vem. Não há ninguém da população, mesmo os partidários do PLQ, ninguém a favor
dos corruptos. Todos querem limpar esta mancha imediatamente.
Quando se tenta levantar do berço esplêndido
um Brasil adormecido, quando alguém tenta agir conforme as tendências mundiais
anticorrupção, padrão primeiro-mundo, vêm as críticas um tanto paradoxais... na
verdade, tento compreender esse tipo de reação, mas não consigo. Como assim?
Isso é um desejo de que o Brasil fique eternamente fadado a ser um país do
terceiro-mundo? É isso mesmo que querem?
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