sexta-feira, janeiro 15, 2016

Trânsito caótico na capital mineira



Foto do Colégio Arnaldo por Léo Montfils 2003
17/07/1962 - Jornal da Memória 😊
    Ocorreu ontem um acidente, na interseção da Avenida Carandaí com Rua Ceará, envolvendo dois veículos. Por sorte, só circulavam estes dois carros no momento da ocorrência. Um táxi (Buick) seguia no sentido Centro, quando foi abalroado por uma Rural Willys que descia a Rua Ceará. 
(as imagens dos carros são para dar uma ideia de como eram)

Buick 
Image URL

Rural Willys
        (Willys Overland)

    Ao que tudo indica, o veículo utilitário estava em alta velocidade e não conseguiu frear a tempo de evitar a colisão. O táxi perdeu o controle da direção, atravessou o canteiro do meio, passando entre os troncos das árvores, mas não conseguiu evitar uma árvore do passeio, arrancando-lhe parte da casca, indo terminar sua trajetória no muro do Colégio Arnaldo, onde deixou a marca do violento impacto.
    Felizmente, ninguém se machucou gravemente. Os passageiros do táxi, um casal e três crianças, bem como o motorista, foram socorridos prontamente pela vizinhança local e pelos empregados do posto de gasolina da esquina próxima, mas não foram necessários maiores cuidados que prestimosos copos d’água com açúcar, para acalmar o susto. 
    O pai das crianças, sendo médico, assumiu o controle da situação, não encontrando motivos para procedimentos de urgência; apenas o menino pequeno, de aproximadamente 4 anos, apresentava leve escoriação na fronte, sendo o ferimento submetido a limpeza e curativo. A família estava apressada para não perder a hora em evento religioso, para o qual uma das meninas estava devidamente paramentada, e seguiram em outro táxi, sem mais delongas.
    Soube-se, depois, que celebrava-se uma missa na Capela do Colégio Arnaldo e, no momento da batida, o sacerdote fazia a Consagração. Os fiéis presentes à celebração contaram posteriormente que o padre, ouvindo os estrondos do lado de fora, fez uma pequena pausa e rezou em intenção das pessoas envolvidas no acidente.
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    Aquela menina paramentada era eu, que estava indo para a minha Primeira-Comunhão, na Igreja do Carmo, situada na BR-3, como ainda chamávamos a Avenida Nossa Senhora do Carmo, naquela época. 
    Curiosa coincidência, caí de joelhos dentro do táxi, com o impacto da batida, no momento em que o padre fazia a Consagração, na Capela do Colégio Arnaldo... Mas, deixando de lado essas considerações que estão além do nosso entendimento e já um tanto démodées para muitos, lá fui eu para aquela importante mudança na minha vida, humilhada, com a roupa suja por ter caído no chão do carro. Mas o fervor infantil e as ponderações de minha mãe, dizendo que aquilo não tinha importância nenhuma, superaram tudo.
    Só não superei, por algum tempo, o trauma psicológico que o acidente me deixou. Não havia meios de me fazer entrar em um automóvel. O único veículo que me inspirava segurança era o tróleibus. Incontáveis foram as vezes em que subi a Rua do Ouro de tróleibus, para ir à missa nos Dominicanos, lá no alto da Serra.
    Como os tempos mudaram... Minhas lembranças são coisas mesmo do século passado. 
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Mais registros do jornal da memória 😉 :
    Foi no dia 16 de julho - Dia de Nossa Senhora do Carmo -, em 1962, na Igreja do Carmo que, coincidentemente, receberam a Primeira Eucaristia os filhinhos da Sra. Elenir Ferreira Péret e do Dr. Paulo Péret - Paulinho e Alexandre - e a filha da Sra. Esther Maria Tamm de Lima Vieira e do Dr. Yvon Rodrigues Vieira (tio do Dr. Paulo Péret) - a pequena Maria do Carmo, que havia completado seus 7 anos de idade há poucos dias.
    Após a cerimônia, a família de Maria do Carmo seguiu para a casa de seus tios, Sra. Maria de Lourdes Tamm de Lima Pereira e Dr. Carlos Horta Pereira, na rua Pascal, 70. Os tios organizaram uma reunião, com a presença de vários familiares, e ofereceram lauto lanche aos presentes.
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7 comentários:

  1. Suas lembranças nos inspiram, tia Du!!! =) Amo viajar no tempo com elas!

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  2. Que texto lindo, tia Du! Nossa, não sabia desse acidente, gente! Ou não lembrava... Que coisa, hein? Já naquela época os taxistas estavam imprudentes, quel horreur!!! Rs! Beijim, saudades!

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    1. Esqueci de um detalhe: naquele tempo a Carandaí não era fechada, era uma via preferida por muitos, para vários destinos. Mas, mesmo assim, ainda não havia muito trânsito :-)
      Beijocas... Saudades também S2

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  3. E quase não havia trânsito, naquela época! Impressionante como conseguiram fazer o acidente... hehehe
    Bisões...oops... bisous :-)

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  4. A narrativa do acidente é sua ou foi matéria de jornal? É tão perfeita que a gente se transfere para o local. Sem contar a saudade do colégio (e região). Um abraço. Bamba

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