domingo, março 23, 2025

Em se plantando...

 

Leio frequentemente a carioca, que é portuguesa, Claudia Valle, cronista que aprecio muito, desde quando ainda éramos colaboradoras da finada KBR Editora e seus "Singles K". Uma pena que a KBR Editora acabou, mas as "Crônicas Cariocas" da Claudia Valle continuam fazendo sucesso.

Vários de seus textos falam sobre viagens que fez, nos dando a sensação de estarmos viajando com ela. Ela tem o lado "turista" muito mais desenvolvido que o meu. Aliás, sou uma espécie de antítese de turista, já escrevi um texto contando minhas façanhas, como, por exemplo, ir à França e não visitar sequer a Torre Eiffel, em Paris. Reconheço, foi quase imperdoável, mas aconteceu (Ir a Roma e não ver o Papa).

Viagens para ver povos, florestas e costumes diferentes, não me atraem. Penso que sei por que razão, pelo menos em parte, isso ocorre comigo. Como já dizia nosso "velho" Caminha, no Brasil "em se plantando, tudo dá", temos de tudo ou quase tudo, mesmo do que não se planta. Tipos físicos de humanos, lugares ricos e pobres, costumes e tradições, temos os mais variados. Fauna e flora são riquíssimas. O que pode parecer exótico para nós, brasileiros? Só mesmo paisagens glaciais não estão em nosso menu, mas temos até pequenas amostras no sul do país. Já vivi mais de um terço da minha vida no Canadá, suas paisagens lindas e os detalhes curiosos delas, por vezes complicados, já conheço bem.

Obviamente, sei que existem lugares lindíssimos que ainda não conheço, aqui mesmo no Canadá e no Brasil. Mas penso que realmente não sou aquilo que se pode chamar de uma turista. Gosto de ver fotos. Já fui aprendiz de fotógrafa num fórum que privilegiava a boa fotografia e o conhecimento do planeta, o finado TrekEarth, learning about the world through photography... mais um que acabou. Tudo passa...

Uma coisa que não gostava no TrekEarth eram as postagens de fotos de tipos humanos, principalmente de rostos humanos. Em geral, eram rostos de pessoas que viviam na pobreza. Sei que fazia parte do tema do website, conhecer o mundo. Mas não me agradava. Talvez, por já ter visto muita pobreza no Brasil e achar isso muito triste e incomodativo. Quando é um documentário jornalístico para alertar sobre a necessidade de melhorar a condição humana, tem sentido. Mas não aprecio a tendência que existe de usar a imagem da pobreza como atração turística.

Por falar em pobreza, tenho notado um aumento em todos os lugares do mundo. Vejo isso pelas notícias e aqui mesmo, no Canadá. Pessoas em "situação de rua" estão cada vez mais em maior número por aqui, coisa que praticamente não existia, há uns três anos, em cidades menores, como onde eu moro. A criminalidade aumentou também... Será tudo isso uma sequela da pandemia, que levou os países a uma crise econômica? Sem falar nas guerras que acabam por afetar toda a humanidade.

Por essas e por outras, penso que fazer turismo está ficando cada vez mais arriscado... e caro! Ou fui eu que empobreci.

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"Crônicas Cariocas" da Claudia Valle

Ir a Roma e não ver o Papa


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