"É por isso que o Brasil não
vai pra frente."
Em vez de lançar um olhar de compaixão sobre a história dos bandidos que
ficaram famosos no Brasil, compreendendo suas circunstâncias e limites temporais,
porém sem subir no patamar do julgamento, a sociedade brasileira insiste em
continuar cultivando esses criminosos como heróis.
Exemplo disso são os ensinamentos até hoje presentes nas escolas, que
pintam a imagem de Lampião e Maria Bonita como heroica, inspiração para “a estética da
resistência”, como vi numa das questões do Enem 2017, que me pareceu
emblemática. Não vi todas as questões. Da pequena amostra a que tive acesso,
constatei que a linguagem do nosso “ensino” não mudou nada, desde os meus
velhos tempos de Universidade... e já se vai quase meio século desde que passei
no “Vestibular”. Obviamente, se o ensino não muda, fica difícil evoluir,
mantém-se o status quo.
Os “coronéis” que oprimiam o povo na época de Lampião não eram santos.
Os cangaceiros também não e, na maioria dos casos, seguiam ordens de uns
coronéis para massacrarem outros e quem estivesse do lado deles.
Tudo leva a crer que o grupo de Lampião era independente, mas reproduzia
as atitudes criminosas da classe dominante, com gana de poder e vingança. Conta
a sua história que ele próprio entrou para o cangaço para se vingar de quem
estava envolvido na morte de seu pai, que fora assassinado num confronto com a polícia,
em decorrência de disputas armadas que sua família travava contra outras famílias, por limites territoriais.
Não é preciso ser grande filósofo para concluir que sede de poder e
vingança são motivações que não levam a resultados construtivos, só fazem
corroborar e perpetuar o banditismo, com a mesma disposição de oprimir o
semelhante, seja ele quem for.
E é exatamente isso que constatamos no cotidiano brasileiro atual, não
só da parte dos que detêm o poder, como também da parte dos novos cangaceiros (que não são grupos de nordestinos, isso é uma analogia), esses
que assaltam, roubam, matam, invadem lares para cometer seus crimes, no Brasil inteiro. E não
faltam defensores seletivos de direitos humanos para os vitimizarem, oprimindo
sempre o cidadão honesto. Estes, não há quem os defenda.
Afinal, quem são os heróis nessa história toda?
Precisamos mudar tudo no Brasil, principalmente a nossa autoanálise.
Nenhum comentário:
Postar um comentário